O final de Parashat Chaye Sara relata o falecimento de Avraham, e a ordem de sucessão de seus descendentes: “E Avraham deu tudo o que possuía a Yitschac.” Yitschac, o único filho de Avraham com sua amada esposa, Sara, foi escolhido para continuar o novo caminho de Serviço Divino, que ele tinha forjado. Os filhos da concubina de Avraham, porém, receberam apenas um presente simbólico da riqueza do pai: “Mas aos filhos da concubina... Avraham deu presentes e os mandou para longe de Yitschac, seu filho.” Yitschac foi nomeado herdeiro de seu pai, apesar de ser mais jovem que Yishmael.


A Haftará desta semana contém um incidente semelhante, que aconteceu no final da vida do Rei David. Quando Adoniyáhu, filho mais velho de David, tentou usurpar o trono do pai, Batsheva lembrou a David o juramento que ele tinha feito de que Shlomo [Salomão] o filho mais jovem, reinaria. O Rei David concordou em honrar o juramento e Batsheva declarou: “Viva meu senhor, o Rei David, para sempre!”

Qual o significado dessas duas escolhas? Quando Avraham nomeou Yitschac seu herdeiro, deu-lhe o relacionamento especial que tinha com D’us, a “proximidade” essencial que ele transmitiria para seus filhos como herança. O fato de Avraham ter escolhido Yitschac possibilitou a todo judeu adquirir o mesmo laço eterno com D’us, como direito inato, uma ligação imutável que jamais pode ser cortada. 


De modo semelhante, a declaração de Batsheva: “Viva meu senhor, o Rei David, para sempre!” é uma expressão da promessa de D’us de que “o reinado jamais será retirado da descendência de David”. A soberania sobre o povo judeu pertence, única e exclusivamente, aos descendentes do Rei David, através de seu filho, Shlomo, de quem o Rei Mashiach será descendente.


O que há de comum entre esses dois incidentes é o princípio subjacente de que os atos de um D’us imutável são eternos e inalteráveis. Tal qual o próprio D’us, que jamais se modifica, Suas escolhas também são fixas e permanentes. A declaração de Batsheva: “Viva meu senhor, o Rei David, para sempre!” Terá sua realização suprema quando o Rei Mashiach, descendente de David, surgir e trouxer a Redenção Final.  


De fato, vemos que a integridade do povo judeu está ligada ao conceito de monarquia, pois foi só após a escolha dos descendentes do Rei David para governar que o povo judeu teve paz, o Bet Hamicdash (Templo Sagrado) foi construído em Jerusalém e a Divina Presença habitou no Templo Sagrado. A Redenção Final também só terá início quando o derradeiro rei da dinastia de David ascender, para iniciar a reunião dos exilados e construir o final e indestrutível Terceiro Bet Hamicdash, rapidamente em nossos dias.

NOTA:

Adaptado das obras do Rebe de Lubavitch.<(Traduzido de “L’Chaim Weekly”, www.lchaimweekly.org )

Mashiach e Gueulá

O Talmud afirma, “O único motivo de D’us haver exilado o povo judeu entre os povos do mundo foi para que os convertidos se juntassem a ele.” Mas será que houve, mesmo, tantos convertidos durante o exílio? Nossos Sábios, de fato, aludiam a uma outra tarefa – a tarefa de peneirar e refinar a materialidade deste mundo, e elevar as centelhas de santidade nele encontradas. Um convertido é alguém que, inicialmente, encontrava-se afastado e posteriormente aproximou-se; o mesmo ocorre com essas centelhas, inicialmente estavam sob o domínio impuro da klipá, e através dos esforços espirituais do homem, de refinar e purificar a matéria, foram trazidas para mais perto da santidade.

Sêfer Hamaamarim 5702