E a vida de Sara foi de cento e vinte e sete anos, os anos da vida de Sara.(Bereshit 23:1)
A vida de Sara não foi calma ou sem sofrimento. Seus anos foram marcados pelo doloroso anseio por um filho e também pela alegria do milagroso nascimento de Yitzchac.
Durante a primeira metade de sua vida ela morou fora da Terra de Israel; mudou-se para lá com a idade de 65 anos. Foi duas vezes aprisionada pelos reis poderosos que desejavam desposá-la contra sua vontade. Mas quando o versículo conta os anos de Sara, dizendo: “E a vida de Sara foi de cento e vinte e sete anos, os anos da vida de Sara,” Rashi comenta sobre esses anos, dizendo: “Eles foram todos igualmente bons.”
A resposta a isso está na fraseologia incomum do versículo relatando os anos de Sara. Geralmente, a frase da Torá ao relatar quanto tempo alguém viveu é “Todos os dias dele foram” (Veja Bereshit 9:29.) ou como é dito sobre Avraham (25:7), “Esses são os dias dos anos da vida de Avraham.” Mas a Torá se refere à duração do tempo que Sara viveu como “a vida de Sara”, não “os anos de Sara”.
Esta expressão destaca que a Torá não está apenas relatando quantos anos Sara viveu, mas que todos os cento e vinte e sete anos foram a vida de Sara: preenchida perfeita e igualmente com o significado e propósito pelo qual ela definia sua vida.
Para Sara, viver significava estar num vibrante relacionamento com D'us, antes de mais nada, através das mitsvot que são especialmente legadas à mulher judia. Como dizem nossos Sábios, uma nuvem representando a Divina Presença pairava constantemente sobre a tenda de nossa primeira matriarca pelo mérito da sua observância das leis da pureza familiar, a massa que ela preparava era particularmente abençoada pelo mérito de sua separação da chalá, e as velas do Shabat que ela acendia ardiam milagrosamente durante toda a semana seguinte.
Os desgostos físicos e emocionais que ela passou certamente lhe causaram sofrimento, mas conforto ou desconforto físico não tornava a vida de Sara melhor ou pior. A “vida de Sara”, as paixões espirituais e os esforços pelos quais ela viveu, foi perfeita e boa durante todos os seus cento e vinte e sete anos.
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