Ódio Infundado
Duas porções atrás, ao final da Parashá Balac, uma praga terrível e destruidora assolou os filhos de Israel, devido aos pecados instigados por nossos inimigos, os Moavitas e Medianitas.
Na mesma porção, toda nossa existência foi também perigosamente ameaçada por um hábil e poderoso feiticeiro não-judeu, Bilam, que foi contratado pelas forças conjuntas de Median e Moav para amaldiçoar o povo judeu, esperando torná-lo uma vítima indefesa para seus selvagens inimigos. Mesmo assim, na porção desta semana, quando D'us decide que chegou a hora de vingar a honra de Israel e destruir seus inimigos, Ele ordena a Moshê que destrua apenas os medianitas, permitindo que os moavitas escapem ilesos.
Por que os medianitas foram escolhidos para a destruição, enquanto que os moavitas, que lideraram a extrema intrusão, foram poupados?
Para responder esta questão, Rashi explica que os moavitas agiram puramente por razões de auto-defesa contra um inimigo avultado e potente em suas fronteiras, enquanto que os medianitas haviam se engajado em uma disputa que não lhes dizia respeito, pois não foram ameaçados pelos judeus por viverem longe da rota para a Terra de Israel. Foi pela ação de ódio infundado dos medianitas que D'us quis vingança.
Rashi explica que tal ódio e envolvimento nas disputas de outro povo é especialmente perigosa espiritualmente porque mesmo quando as partes chegam a um acordo, o ódio daquele que está de fora da disputa conservará seu vigor pois, afinal, não era baseado em coisa alguma.
Esta mensagem é especialmente fundamental para nossa geração, para quem ódio infundado é um de nossos maiores erros e desafios. O Talmud (Tratado Yoma 9b) exorta-nos que no caso do insuportável pecado de ódio fútil e infundado para com um irmão judeu, a esposa e o filho de quem odeia morrerá, D'us não o permita. Rashi explica que esta punição é midá k'neged midá, pois assim como a pessoa falhou em amar o próximo, aqueles que ama serão tirados de seu convívio. Portanto, devemos enxergar este pecado de ódio injustificado como um assassino impiedoso, e combatê-lo com fervor.
Rabi Yechiel Weinberg relata uma conversa que teve com o Alter de Slabodka. Certo dia, o Alter estava falando sobre as "Três Semanas", o período de luto pela destruição dos Templos. Resumindo, ele explicou que a razão para a instituição deste período de luto foi despertar-nos de nossa rotina de pecado e incitar-nos ao arrependimento, para que possamos nos tornar merecedores da reconstrução do Templo. A destruição do Primeiro Templo foi devida ao envolvimento do povo judeu em assassinato, idolatria e relacionamentos imorais, e mesmo assim o exílio durou apenas setenta anos. O Segundo Templo, por outro lado, apesar do envolvimento dos judeus na Torá e boas ações, foi arrasado principalmente por causa do pecado ameaçador do ódio infundado, e infelizmente ainda não merecemos vê-lo reconstruído.
"Fique atento," ordena o Alter, "esta influência sinistra ainda espreita entre nós, e infelizmente não temos o nível de boas ações e Torá que envolveu nossos antepassados." " Honestamente," pergunta ele, "quantos de nós, ao ver um colega elevado a uma posição de honra que acreditamos ser nossa por merecimento, não fervemos face a tão horrível insulto, e imaginamos porque nossos amigos não correram a defender nossa honra? E mesmo assim, quantos de nós simplesmente passam pelos impulsos e leis deste período sem agir sobre sua mensagem essencial – erradicar o ódio injustificado de nosso coração?"
Devemos instilar esta mensagem dentro de nós, arrepender-nos de nossos pecados cometidos, e aprendermos a praticar o amor injustificado.
Quando conseguirmos isso, e com a ajuda de D'us, o Templo será reconstruído.
Que seja brevemente em nossos dias.
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