Uma vez dei uma palestra num curso em que um dos estudantes me disse no final: “Todos os professores nos dizem para pensar fora da caixa. Acho que o mais original é pensar dentro da caixa!”

Ele tocou em algo muito importante. É bom termos uma aspiração constante de inovar, mas às vezes parece que estamos numa era em que temos que reinventar tudo o tempo todo, formatar do zero, renovar. E se simplesmente fizermos o que precisa ser feito, sem querer tentar ser esperto demais?

Na parashá da semana, Aharon, o Cohen, recebe a ordem: acender a menorá no Mishcan (Tabernáculo). A Torá dedica três palavras só para dizer que ele simplesmente fez o que lhe foi mandado: “וַיַּעַשׂ כֵּן אַהֲרֹן” — “E Aharon fez assim.”

Rashi explica por que essas palavras foram escritas: “Para elogiar Aharon, que não mudou nada.” Isso não é algo óbvio, é algo que merece louvor: Aharon não acrescentou nem retirou nada, não inventou sua própria interpretação criativa nem tentou fazer diferente. “E Aharon fez assim.” Com simplicidade, com sinceridade, com dedicação, com obediência.

Reparem que o primeiro pecado no Gan Eden, ao comer do fruto proibido, aconteceu pela falta de precisão e incapacidade de obedecer às instruções claras que recebemos.

Será que fazer o que é comum pode as vezes se tratar da inovação mais profunda? Será que cumprir uma mitsvá com consistência é um verdadeiro desafio espiritual? E quantas tarefas assim nos esperam na vida, que simplesmente precisamos realizar do modo correto?

Sintam-se à vontade para pensar quem ao redor de vocês deve ser admirado por simplesmente não ter mudado nada.