Muitos têm o costume de decorar a sinagoga e a casa com folhagens e flores em homenagem a festa de Shavuot..
A primeira menção desse costume é do rabino Yaakov ben Moshe Halevi Moelin, conhecido como Maharil (Alemanha, 1365–1427), que escreve que era costume espalhar grama e flores perfumadas no chão da sinagoga em homenagem à “alegria da festa de Shavuot”.1 No entanto, o costume pode remontar ao exílio babilônico: o rabino Chaim Yosef David Azulai, conhecido como Chida (Jerusalém, 1724-1806), cita um antigo Midrash que faz alusão a esse costume sendo praticado na época da História de Purim.2
Embora o rabino Moelin mencione apenas a sinagoga, outros acrescentam que era costume decorar também a casa.3
Como essas fontes anteriores não elaboram a conexão entre vegetação e Shavuot, comentaristas subsequentes ofereceram muitas razões, embora diferentes explicações se apliquem à grama, às árvores, às flores e às plantas em geral.
Antes de discutir as razões, deve-se notar que alguns, principalmente o Rabino Eliyahu de Vilnius, conhecido como Gaon de Vilna (1720-1797), defenderam a abolição do costume de colocar vegetação como decoração em homenagem a festa de Shavuot, devido ao fato de ter se tornado prática entre não judeus homenagear seus próprios feriados decorando-os com vegetação e árvores.4 Assim, há muitas comunidades que, apesar das explicações citadas abaixo, se abstêm de decorar as sinagogas com vegetação no Shavuot.]
1. Pastagens Verdes no deserto

Talvez a razão mais famosa dada seja que D’us advertiu os judeus no Sinai de que “as ovelhas e o gado não pastarão de frente para aquela montanha [Sinai]5 ora, a Torá foi entregue num deserto. Isso indica que um milagre ocorreu, transformando temporariamente aquela área em terra fértil e abundante em vegetação. Em comemoração a esse milagre, tornou-se costume celebrar Shavuot com vegetação.6
2. Discurso Perfumado

Explorando o versículo “Suas bochechas são como um leito de especiarias, como bancos de ervas doces; seus lábios são lírios que gotejam mirra”,”7 o Talmud explica que “de cada pronunciamento [dos Dez Mandamentos] que emergiu da boca do Santo, Bendito seja Ele, o mundo inteiro se encheu de especiarias perfumadas”.8 Assim, em Shavuot, nos decoramos com flores perfumadas e folhagens.9
3. Julgamento das Árvores

A Mishná afirma que no feriado de Shavuot, D'us julga a terra e determina a abundância dos frutos das árvores para o ano seguinte.10 Portanto, as árvores são colocadas na sinagoga para nos lembrar de orar pelas árvores e seus frutos.11
4. Cesta do Bebê Moshe

Moshe nasceu no 7º dia do mês de Adar. Três meses depois, quando sua mãe não conseguiu mais escondê-lo dos egípcios, ela o colocou em uma cesta e a colocou entre os juncos do rio, onde ele foi encontrado por Batia, filha do Faraó, e milagrosamente salvo. Três meses após o 7º dia de Adar, é o 7º dia de Sivan, o segundo dia de Shavuot. Em comemoração a esse milagre, decoramos a festa com grama e juncos.12
5. “Uma Rosa Entre os Espinhos”

O rabino Zvi Elimelech Spira de Dynów, conhecido como Bnei Yissaschar (1783–1841), explica o costume de embelezar a festa de Shavuot com flores, bem como o costume de adornar o rolo da Torá com flores, da seguinte forma:13
Elaborando o verso “Como uma rosa entre os espinhos, assim é a minha amada entre as filhas”, 14 o Midrash conta a história de um rei que tinha um pomar com belas árvores. Ele o confiou a um arrendatário e foi embora. Depois de algum tempo, o rei retornou e o encontrou cheio de espinhos, então trouxe lenhadores para cortar tudo. No entanto, olhando atentamente para os espinhos, notou entre eles uma única rosa. Ele a cheirou e seu ânimo se acalmou. O rei disse: “Todo o pomar será salvo por causa desta flor.”
De maneira semelhante, o mundo inteiro foi criado apenas por causa da Torá. Após 26 gerações, o Santo, Bendito seja, olhou atentamente para o Seu mundo para verificar o que ele havia produzido e achou que algo faltava. Olhando atentamente, Ele viu uma única rosa — a nação judaica. E quando Ele lhes deu os Dez Mandamentos, e o povo judeu proclamou: "Faremos e ouviremos” 15 Então, D’us, Bendito seja, disse: "O pomar será salvo por causa desta flor. Por causa da Torá e de Israel, o mundo será salvo." 16
6. Colheita e os Primeiros Frutos

Alguns explicam que esse costume se baseia no fato de Shavuot ser chamado de "Festa da colheita".17
Além disso, Shavuot marcava o início da estação de trazer bikurim, os primeiros frutos, ao Templo Sagrado. Decoramos com folhagens e flores em memória do costume de adornar as cestas de bikurim com flores e folhagens. 18
7. Yissachar é Concebido

A Torá descreve como Reuven nos "dias da colheita do trigo" trouxe dudaim (flores Mandrágoras) para sua mãe Lea. Desejando as flores, Raquel disse à sua irmã Lea: "Por favor, me dê algumas flores do teu filho".
Ressentida com a posição de Raquel como esposa favorita, Lea respondeu: "Já não basta que tenhas tomado o meu marido, e deseja também tomar as flores do meu filho?" Então Raquel disse: "Portanto, ele dormirá contigo esta noite como pagamento pelas dudaim do teu filho". A Torá continua dizendo que da união daquela noite entre Yaacov e Lea, nasceu o quinto filho de Yaacov, Yissachar. 19
O rabino Moshe Alshich (1508-1593) explica que este incidente ocorreu na véspera de Shavuot. Assim, Yissachar, que foi concebido em Shavuot, foi especialmente abençoado, pois seus descendentes seriam estudiosos da Torá e fariam parte do Sanhedrin.20 O Midrash Talpiot explica que, com base nas flores que Reuven trouxe para sua mãe, ficou o costume de embelezar Shavuot com flores. 21
Reflexões

É claro que o mais importante nessa festa não são as decorações floridas, mas a comemoração da entrega da Torá em si. Todos os homens e mulheres, e até mesmo crianças pequenas, são incentivados a ir à sinagoga para escutar a leitura dos Dez Mandamentos em Shavuot.
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