Demorei algum tempo para perceber o que aconteceu comigo. E talvez ainda mais para querer admitir isso. Mas eu certamente estava deprimida.

Eu sabia que estava infeliz e tinha muitos motivos para estar, mas atingi um ponto baixo que nunca havia experimentado antes e espero nunca mais passar por isso. Foi um ano muito difícil financeira e emocionalmente. E o ano começou e terminou com a perda de duas grandes amigas, ambas deixando para trás filhos pequenos e maridos.

Comecei a perder o foco, mas pior ainda, parei de me importar. Eu me mantive o mais ocupada possível para evitar pensar ou sentir, mas não importa o quanto você tente , não consegue escapar de si mesma.

Comecei a perder o foco, mas pior ainda, parei de me importar

Mas tive sorte. Muita sorte. Eu sabia que não estava em uma situação saudável, embora ainda não reconhecesse o quão ruim era. Mas procurei algumas amigas próximas que me mantiveram estável, que me lembraram que, embora as coisas fossem terrivelmente difíceis, elas passariam e que eu superaria. E, graças a D'us eu consegui.

No entanto, compreendo como as pessoas não conseguem entender. E é assustador pensar que cheguei a um ponto em que pude me identificar com elas.

Eu realmente não me lembro o que mudou. Mas um dia percebi que a nuvem havia se dissipado. Nada específico foi diferente em minha vida, além de como eu me sentia. E quando pude ver claramente novamente, percebi que, durante cerca de um mês, eu estava vendo o mundo através de uma tela terrivelmente escura.

Recentemente, as coisas têm sido extremamente difíceis novamente para mim. Houve muitos problemas de saúde na minha família, idas repetidas ao pronto-socorro, internações hospitalares e um nível de estresse que se manifesta no fato de eu trancar as chaves do carro ou esquecer o dinheiro que acabei de retirar na máquina. Mas há uma diferença fundamental entre agora e então. Eu não estou deprimida. Estou sobrecarregada, estou preocupada, estou exausta. Mas não estou deprimida.

E desta vez, acredito no fundo do meu coração que as coisas vão mudar. Isto vai passar. Nós ficaremos bem. Isso não significa que não continuarei a ter desafios. Não creio que se possa fazer alguma coisa para escapar deles. Mas acho que podemos estar preparados para saber como lidar melhor com eles quando aparecem em nossa vida.

Eu realmente não me lembro o que mudou. Mas um dia notei que a nuvem havia se dissipado

Sou grata por ter experimentado depressão. Depressão de verdade. Porque agora conheço os sinais. Eu sei o que buscar, tanto em mim quanto nos outros . E eu sei que isso deve ser resolvido, pois ninguém deveria sofrer por viver nesse estado.

Estamos prestes a comemorar Tisha B'Av , o dia mais trágico e destrutivo para o povo judeu. E passamos o dia de luto e jejum. Não cumprimentamos os outros, sentamo-nos no chão e pranteamos. Devemos sentir a dor e experimentar a tristeza. Mas apenas por um período específico de tempo. Aí nos levantamos, reconhecemos o que suportamos e seguimos em frente. E o nosso Shabat que se segue é o de Nachamu, conforto.

Mas ainda mais, é por causa da destruição que iremos reconstruir e, quando o fizermos, não seremos destruídos novamente. Esta é uma das razões pelas quais aprendemos que Tisha B'Av é o aniversário de Mashiach , pois escondida na tragédia está a semente da redenção. Quando Mashiach vier, Tisha B'Av não irá embora; em vez disso, se tornará um dia de celebração. Porque não ignoramos o que passamos. Não se trata de negação, mas de pegar o que era e transformá-lo.

Eu vivi Tisha B'Av por mais dias do que jamais desejei, mas felizmente, por menos do que muitos. E embora eu não desejasse isso a ninguém, isso me mostrou como nunca mais quero ter esses pensamentos, esses sentimentos novamente. Hoje em dia, quando sinto alegria, ela está em um nível muito maior do que antes, pois, ao cair tão baixo, sou capaz de chegar a um nível muito mais alto.

É por causa da destruição que reconstruiremos e, quando o fizermos, não seremos destruídos novamente

Neste Tisha B'Av vamos pensar o que estamos lembrando e usar essa negatividade, essa destruição e mortes, para nos elevar a um estado de renovação e renascimento. E para aqueles que sentem que estão se afogando, procurem ajuda. Grite por um colete salva-vidas ou por alguém que nade até você.

Tisha B'Av precisa ser observado, mas dura 25 horas, um dia por ano – não deve ser a maneira de viver nossa vida cotidiana. Como o lema de uma jovem que conheço, que lutou muito ao longo da vida: “No final, tudo vai ficar bem. Se não estiver tudo bem... não é o fim!"

Que este seja um Tisha B'Av de reflexão, sentimento e cura, e que possamos experimentar a sua completa transformação à medida que se aproxima a transformação em que este será o dia de maior celebração!