A concepção comum é que Echá, o livro de Lamentações, que lamenta a destruição do primeiro Templo Sagrado e o consequente exílio da nação judaica, foi escrito em reação a esses trágicos eventos. Muitas pinturas retratam o profeta Yermiyahu, o autor de Lamentações, escrevendo a obra enquanto ao fundo Jerusalém e o Templo estavam em chamas.
Na verdade, a visão judaica amplamente aceita é que Lamentações (ou pelo menos a maior parte dela) foi escrita anos antes dos eventos calamitosos reais que o texto descreve.
O primeiro Templo foi destruído no ano 423 AC. Dezessete anos antes, D'us instruiu Yermiyahu: “Pegue para você um pergaminho e escreva sobre ele todas as palavras que Eu falei a você sobre Israel e sobre Judá. . . Talvez a casa de Judá ouça todo o mal que pretendo fazer-lhes, para que se arrependam, cada homem do seu mau caminho, e Eu perdoarei a sua iniquidade e o seu pecado”.
Yermiyahu, que estava preso na época (aparentemente porque o rei Jehoiaquim estava cansado de ouvir as profecias de Yermiyahu predizendo a queda de Jerusalém), ditou a seu dedicado aluno Baruch ben Neriá três capítulos, cada capítulo consistindo de 22 versículos, cada versículo começando com uma letra diferente, seguindo a ordem do alfabeto hebraico. Esses capítulos descrevem de forma vívida e comovente as tragédias e calamidades que aconteceriam a Judá. Os capítulos falam no pretérito, lamentando esses eventos como se já tivessem ocorrido.
Baruch escreveu esses capítulos em um pergaminho e, por instrução do profeta, leu-os para o povo reunido no Templo. Por fim, o documento foi lido perante o rei Jehoiaquim, que ao ouvir apenas os primeiros versículos insensivelmente jogou o pergaminho na lareira.
D’us então instruiu Yermiyahu a reescrever as profecias. Yermiyahu ditou novamente as profecias para seu aluno, desta vez colocando um capítulo adicional que continha 66 versículos, os três primeiros começando com a letra alef, os três seguintes com um beit e assim por diante.1
Os três primeiros capítulos que Yermiyahu escreveu constituem os capítulos 1, 2 e 4 de Echá, o livro de Lamentações. O capítulo de 66 versículos que ele acrescentou é o capítulo 3. O capítulo 5 — o único capítulo que não é um acróstico alfabético, embora também contenha 22 versículos — foi acrescentado por Yermiyahu posteriormente.
(O capítulo 4 foi originalmente composto como um elogio ao rei Yoshiyahu (Josias), pai de Jehoiaquim.2 Ao contrário de Jehoiaquim, Yoshiyahu era um indivíduo verdadeiramente santo, como testifica a Torá ( II Melachim 23:25): “Antes dele não houve rei como aquele que voltou a D'us com todo o seu coração e com toda a sua alma e com toda a sua força, de acordo com toda a Torá de Moshê, e depois dele ninguém surgiu.” [de sua estatura]3
E, de fato, dezessete anos depois, no dia 9 de Av no ano 3338 da criação, o Templo foi destruído e os judeus levados ao cativeiro - exatamente como Yermiyahu havia profetizado.4
Desde então, Echá, o livro de Lamentações é lido todos os anos na véspera de Tishá BeAv, dia 9 do mês judaico de Av.
Que D'us logo nos conforte e inaugure o tempo em que seremos duplamente consolados com a vinda de Mashiach e a reconstrução do Templo Sagrado.
Acesse também: Echá, O Livro de Lamentações
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