Conta-se a história de um venerável chassid da geração anterior que já teve negócios no Empire State Building, então o prédio mais alto do mundo. Após subir de elevador mais de 100 andares até o deck de observação e olhar para as pessoas e carros microscópicos abaixo, ele foi questionado: “Nu? O que você diz sobre isso, rabino? Bastante impressionante, não?”

“Sim, é realmente muito impressionante”, ele concordou, “mas me ensinou algo ainda mais importante”.

"E o que foi?"

“Isso me ensinou que se nos elevarmos um pouco mais alto, poderemos ver quão pequeno o mundo realmente é.”

“Na montanha” é o nome da porção da Torá desta semana , Behar. As linhas iniciais nos dizem que “no monte Sinai” D'us nos deu as leis de Shemitá, o ano sabático. “Seis anos você poderá semear seu campo... podar sua vinha e colher a produção, mas o sétimo ano será um ano sabático para D’us. Não haverá plantio, semeadura ou colheita.” 1

Mas qual é a ligação entre o ano sabático e o Monte Sinai? O ano sabático para o agricultor é semelhante ao Shabat para todos nós. Trabalhamos seis dias e descansamos no sétimo. Da mesma forma que o Shabat é um dia muito necessário para descansarmos depois de uma árdua semana de trabalho, o solo também precisa descansar e ficar em repouso por um tempo. Então, ele se regenerará e voltará mais forte e revigorado no futuro.

Mas o Shabat não é apenas um dia de descanso físico e relaxamento. É um dia em que podemos nos dedicar às atividades espirituais para as quais talvez não tenhamos tempo ou espaço durante a agitada semana de trabalho. Da mesma forma, o ano sabático oferece-nos a oportunidade de nos desligarmos por um período mais longo, para que também nós possamos ficar menos imersos no mundo físico e dedicar-nos a atividades mais elevadas.

Em uma carta à comunidade judaica antes de Rosh Hashaná, 5725 (1965), o Rebe escreve que reservar um tempo para focar no espiritual e no sagrado ajuda a garantir que não sejamos completamente engolidos pelo materialismo.

Refinar às nossas atividades físicas pode nos ajudar a realinhar corpo e alma. Quando o corpo está interessado apenas em satisfazer os seus desejos materiais e a alma está em uma direção completamente diferente, o ser humano está fora de sincronia – há conflito e tensão internos. O Shabat e o ano sabático nos proporcionam a oportunidade de realinhar nossa fisicalidade externa e espiritualidade interna e, assim, redescobrir um senso de saúde e de harmonia dentro de nós.

Quando corpo e alma estão em alinhamento adequado, nos tornamos seres humanos mais saudáveis. Negar um em favor do outro pode ser gratificante a curto prazo, mas causará inevitavelmente turbulência e descontentamento a longo prazo. A vida deve ser vivida de forma holística, com corpo e alma em sincronia.

É aqui que entra a montanha. Uma montanha é uma elevação de terra. As planícies, que são planas, subitamente sobem. A montanha é simplesmente a terra subindo e se elevando. Mas que lição poderosa ela oferece! Nós realmente podemos nos elevar ainda mais. Podemos nos elevar acima do mundano. Podemos elevar-nos acima do terreno e do material, muito acima da multidão enlouquecida, do barulho e do tumulto. O materialismo terreno pode ser elevado. É possível.

A montanha reflete a convicção de que não estamos presos à terra para sempre. Não somos obrigados a mergulhar no materialismo, a afundar-nos na decadência. Podemos nos elevar. Que encorajador!

Lembro-me dos meus dias de yeshivá em Montreal, Canadá, sentado em um farbrenguen com nosso respeitado professor e mentor, o falecido Rabino Zeev “Volf” Greenglass.. Ele falou de forma eloquente – e divertida – sobre a diferença entre seres humanos e animais. Embora a Torá nos avise para sermos gentis com os animais, ainda acreditamos que os seres humanos são a peça central da criação, responsáveis por cumprir a visão de D'us para o mundo.

Ele comparou a vaca no campo que fica na horizontal e, portanto, só olha para baixo, com os humanos que ficam na vertical e podem olhar facilmente para cima. A vaca passa o dia todo olhando a grama no campo. Isso é tudo que ela conhece. Como humanos, porém, podemos olhar para cima e aspirar mais alto. E quando o fazemos, percebemos quão pequeno é realmente o mundo abaixo de nós e aspiramos ainda mais alto.