“Ele foi o amor da minha vida”, disse Hadas Loewenstern num vídeo em tributo ao seu amado marido, Elisha Loewenstern que morreu heroicamente aos 38 anos defendendo Israel em Gaza.
Elisha estava a caminho para resgatar soldados feridos em batalha quando um míssil antitanque disparado pelo Hamas o matou. Além da esposa, Elisha deixa 6 filhos – o mais novo tem 11 meses e o mais velho 12, preparando-se para seu bar mitsvá no final do ano.
O que torna esta história ainda mais extraordinária é que Elisha foi isento de servir no exército por causa de sua numerosa família. No entanto, Hadas e Elisha sentiram o dever de contribuir. Ele então se alistou para lutar e Hadas permaneceu cuidando dos filhos em casa.
Quando Hadas fala, sentimos uma enorme empatia por ela ao se expressar com um misto de humildade e convicção que tem o poder de inspirar e transformar. Numa entrevista em vídeo, o vínculo profundo que Hadas e Elisha compartilham é palpável.

O Hamas procura destruir famílias, matar inocentes e separar entes queridos fazendo reféns. Em vez de cair no desespero, temos a oportunidade de fazer exatamente o oposto – fortalecendo-nos e fortalecendo os nossos laços e relacionamentos conjugais. Hadas transmitiu consistentemente esta mensagem, e isso fez-me pensar como poderíamos imitar a união que ela e o seu marido alcançaram de forma tão eficaz.
Hadas compartilhou comigo que ambos eram, na verdade, muito diferentes. Ela é extrovertida e aberta, enquanto Elisha era tímido e de fala mansa. Suas origens também diferiam: ele nasceu em Nova York e fez Aliya com sua família aos 8 anos de idade, enquanto Hadas é israelense nata. Ele cresceu praticante da Torá, enquanto ela só tornou-se praticante aos 24 anos.
Independentemente das diferenças, Hadas reconheceu desde cedo que Elisha era a pessoa certa para ela. “Vi que ele era um homem justo. Ele era um ish emet, um “homem de verdade”. Eu o admirava e respeitava muito por isso.”
Hadas falou sobre seus atributos de caráter impecáveis; Elisha era bondoso, determinado, atento aos detalhes e um bom ouvinte. Ele também era um homem íntegro, com um compromisso inabalável com D' us. Ela continuou em nossa entrevista: “Por mais diferentes que fôssemos, nos dávamos bem. Nós dois pensamos como seria incrível ter todas essas características diferentes em nossa casa. Sentimos realmente que as nossas diferenças, mesmo não sendo fáceis, nos enriqueceram.”
No entanto, no cerne de seus valores fundamentais, Hadas e Elisha estavam em completa harmonia. O primeiro de seus valores profundamente compartilhados foi o zelo na criação de um lar onde a Torá fosse o principal ponto de foco de sua família.
Elisha, um engenheiro de software de sucesso, também era rabino e um estudioso avançado de Torá. Ele estava empenhado em aprender o Rambam Diário e era conhecido como um pilar da comunidade em Harish, onde ensinava extensivamente. Ele internalizou seu estudo da Torá, desenvolvendo não apenas seu conhecimento, mas também seu caráter. Ele também priorizou ter mentores mais velhos e mais sábios com quem pudesse aprender e imitar. Hadas mencionou que Rav Eliyahu Blumenzweig, o Rosh Yeshiva de Yerucham, influenciou profundamente Elisha e desempenhou um papel significativo em seu crescimento e aprimoramento espiritual.
Assim como seu marido, Hadas busca a verdade. Numa entrevista em vídeo, Hadas mencionou que enquanto servia nas Forças de Defesa de Israel, ela teve um encontro determinante com um soldado que era judeu religioso. Ela se viu compelida a fazer perguntas sérias a si mesma, como: “Quem sou eu? Por que moro em Israel? Por que nossos inimigos nos odeiam tanto? O que há de tão singular na nação judaica? Por que somos diferentes de todas as outras nações?”
As respostas que ela descobriu foram tão impactantes que ela sentiu uma necessidade enorme de aprender mais e se dedicar a uma vida de Torá.

Uma onda de emoção ocasionalmente tomou conta de Hadas enquanto ela falava sobre Elisha. “Eu sabia desde o início o quão especial ele era e sempre soube disso durante todo o nosso casamento”, refletiu. Estas palavras de apreço enfatizam outro valor fundamental partilhado por Elisha e Hadas: um sentimento de gratidão profundamente arraigado. “Sou a única mulher no mundo que teve o privilégio de ter casado com Elisha”, diz Hadas.
“Todas as noites, antes de irmos para a cama, dizíamos um ao outro: 'Obrigado por se casar comigo. Eu te amo. Eu admiro você.' Pode não parecer muito, mas quando você faz isso todos os dias, torna-se muito significativo”, compartilhou Hadas. Tiveram 3 filhos em 4 anos, seguido de mais 3. “É claro que ainda enfrento desafios, mas sou muito grata pelo que tenho”, ela reconhece. “Tenho 6 Elishas.”
Seu marido gostava de mostrar seu apreço por ela. Ele tornou uma tradição comprar um presente para ela a cada Rosh Chodesh (novo mês hebraico). Esta tradição continuou mesmo após sua morte. No último Rosh Chodesh, depois que seu marido já havia falecido, Hadas recebeu a visita inesperada de um estranho que lhe entregou um colar. Hadas soube imediatamente que era um presente de Elisha, enviado direto do céu. “Quem mais manda presentes do céu para sua esposa ?!”, ela indagou..
Poderíamos pensar que Hadas se arrependeria da decisão de o marido se alistar, mas ela diz que eles não tinham dúvidas porque a decisão estava enraizada na mentalidade de que eles - como uma unidade - tinham uma missão: cada decisão era sobre "Como isso beneficiará a Nação judaica?” em vez de “Como isso nos afetará?”
Para Hadas, esta perspectiva representa o modo de vida judaico. Ela explica: “Quando um casal não-judeu se casa, eles se olham durante quase toda a cerimônia de casamento e em seguida partem para a lua de mel sozinhos.
Em contraste, quando um casal judeu está sob a chupá, eles estão juntos com Am Yisrael. Imediatamente após a cerimônia, eles são abraçados pela comunidade durante sete dias de celebração.
Quando Elisha foi autorizado a voltar brevemente para casa depois da guerra para passar o Shabat com sua família, ambos se sentiram compelidos a convidar pessoas para o Shabat em vez de preferirem passar um tempo sozinhos com a família. Para a família Loewenstern, “Ser normal é estar do lado de se doar".
Embora Elisha não esteja mais com eles, Hadas deseja que ela e os filhos continuem sendo uma família feliz e generosa. Ela reconhece a sua vulnerabilidade sem seu marido e reconhece a sua necessidade atual de apoio de outras pessoas. Mesmo assim, ela está determinada a fazer com que sua família não seja vista como carente e continue sempre pensando nos outros.

No final da nossa entrevista, perguntei a Hadas qual mensagem final que ela gostaria de transmitir à nação judaica. Sua resposta:
“Só para saber que, mesmo com todas as dificuldades desta geração, somos imensamente privilegiados por viver nesta era – aquela que, se D’us quiser testemunhará a vinda de Mashiach. Isso é algo pelo qual devemos ser muito gratos.”
Ao ouvir Hadas, fica claro que a força diante da adversidade provém da concretização de nossa missão e propósito únicos, ao mesmo tempo em que cultivamos um profundo sentimento de gratidão por tudo o que temos. É assim que podemos cultivar a confiança em D'us, sabendo que estamos aqui por uma razão.
Como Hadas nos lembra tão eloquentemente: “Não se trata de quando você morre, mas de como viveu. E embora Elisha tenha morrido, ele viveu plenamente cada dia de sua vida.”
Nós podemos fazer o mesmo. Podemos optar por agir com convicção confiante em quem somos e no que temos para dar, forjando um legado de unidade e resiliência que não só inspira, mas transforma gerações futuras.
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