EDISON, NJ — A energia no enorme espaço de convenções transformado em salão de banquetes era palpável, quando 4.000 mulheres líderes judias de todo o mundo se reuniram no evento de gala da Conferência Internacional de emissárias Chabad ( Kinus Hashluchot). O evento único, que acontece todos os anos desde 1991, reúne as mulheres por trás da rede mundial de emissários Chabad, da China ao Caribe, e das planícies de Illinois a Israel.
“Todos os anos eu volto e vejo mais e mais mulheres que conheci no Kinus, você conhece velhas e novas amigas”, disse Devorah Wilhelm, codiretora, com seu marido, Rabino Moshe Wilhelm, do Chabadde Oregon desde 1983.
Wilhelm participou da primeira conferência em 1991, quando o conceito era novo e único. A reunião foi programada para ocorrer sempre em torno do aniversário do falecimento da Rebetsin Chaya Mushka, esposa do Rebe, Rabino Menachem M. Schneerson, de abençoada memória. Alguns podem ter se perguntado: Seria uma imitação da reunião de homens, realizada no início do ano?
Quaisquer perguntas que alguém pudesse ter foram respondidas naquele primeiro fim de semana memorável, quando se soube que o Rebe falaria na reunião de mulheres naquele domingo. “A atmosfera era eletrizante, foi incrível”, lembrou Wilhelm. “Foi a validação definitiva que desejávamos obter. Nosso trabalho foi importante? O Rebe deixou claro que sim.”
Enquanto Wilhelm falava em meio às luzes e mesas espalhadas pelo salão, uma velha amiga, Chavi Epstein, parou para conversar. Epstein, codiretora do Chabad da Carolina do Sul com seu marido, Rabino Hesh Epstein, desde 1987, perdeu o primeiro Kinus Hashluchot porque ela teve um bebê algumas semanas antes. Ela esteve lá no ano seguinte, porém, em 1992, quando o Rebe mais uma vez fez um discurso especial para as mulheres. Três décadas depois, Epstein ainda pode citar literalmente o discurso muito profundo e esotérico que o Rebe proferiu.
“O Rebe nos encarregou do trabalho de revelar a Divindade inerente ao mundo físico e material”, disse Epstein. “Esta é a geração em que esta força feminina especial lideraria o caminho, o espírito e o poder do Shabat. Isso é o que você sente nesta sala agora.”
Chany Scheiner, que é emissária em Boulder, Colorado, também participa do Kinus há anos. “É incrível me conectar com minha comunidade global, minhas amigas com quem comecei, tão bom vê-las e receber abraços e incentivo.”
Embora ela sempre se enriqueça com os Kinus e por estar entre outras emissárias, ou shluchot, Scheiner disse que nos últimos anos as mulheres começaram a ficar muito mais abertas sobre seus sucessos e sobre as coisas que não funcionaram tão bem quanto esperavam, disse Scheiner, acrescentando que “tornar-se mais realista tem sido muito positivo”.
“Quando você se conecta com seu próximo [shluchot], você percebe que não está sozinha. Você pode ganhar muito com um workshop ou encontrando velhas amigas”, disse Chaya Uzan, a emissária de Chabad em Abuja, na Nigéria, com seu marido, Israel.
Ela acrescentou que estar no Kinus “nos dá as ferramentas para continuar o nosso trabalho sagrado e trazê-lo para as nossas comunidades, que também precisam da energia e da inspiração que trazemos para casa”.
Um grupo de dezenas de meninas adolescentes de Israel se divertiram aproveitando todas as oportunidades que surgiram ao longo do banquete para dançar e cantar, enquanto um grupo de adolescentes um pouco mais velhas da Argentina falaram que aproveitaram muito todo o fim de semana.
“Acho que as meninas ganham uma nova perspectiva quando vêm para cá”, disse Yael Lloroff, líder de grupo Chabad do Machon Neshama, um programa para meninas pós-ensino médio em Buenos Aires. “Elas sentem que estamos todas juntas. Não importa se você é mais religiosa ou menos, se você é sefardita ou ashkenazi. Estamos todos b'yachad, juntas.”
O presente
Todos os anos, o Kinus Hashluchot reúne as mulheres líderes de Chabad durante cinco dias de workshops e sessões de estudo em Crown Heights, Brooklyn, NY.
Na quinta-feira, dia 22 do mês judaico de Shevat – data do yartzeit, falecimento, da Rebetsin Chaya Mushka – as mulheres se reuniram no Queens para rezar no local de descanso do Rebe e da Rebetsin, conhecido como Ohel.
Depois de um Shabat marcante em Crown Heights, as mulheres convergiram para o enorme salão de convenções em New Jersey para o banquete de gala de encerramento da conferência. O programa abriu com Tehilim, Salmos, recitados para a saúde e o sucesso, tanto material como espiritual, das mulheres líderes Chabad, das suas famílias e comunidades em todo o mundo. Salmos especiais para a segurança dos habitantes da Terra de Israel foram lidos direto e ao vivo do Muro das Lamentações em Jerusalém por Irit Tzipori, emissária Chabad na comunidade fronteiriça, norte de Kiryat Shemona, desde 1987.
Este ano marca 50 anos desde que o Rebe lançou a campanha de acendimento de velas no Shabat, uma das mitsvot dadas especialmente às mulheres. As circunstâncias daquela época lembravam as de hoje: Israel tinha sofrido um golpe devastador no Yom Kipur de 1973, quando os exércitos árabes circundantes lançaram um ataque à terra e ameaçaram empurrar os judeus para o mar. Após o ataque, o Rebe apelou a todas as mulheres e meninas judias para encherem o mundo com mais luz, acendendo velas de Shabat todas as sextas-feiras antes do pôr do sol.
Esther Sternberg, diretora da Campanha das Velas de Shabat, descreveu o nível de cuidado que o Rebe teve com esta campanha especial liderada por mulheres.
Menos de uma semana após o falecimento de sua esposa, o Rebe encontrou-se com Sternberg e entregou-lhe um envelope branco que incluía uma contribuição monetária para o novo fundo que a Campanha das Velas de Shabat havia estabelecido em memória da Rebetsin. “O mazal [sorte]” de todas aquelas envolvidas em compartilhar a luz das velas de Shabat com suas amigas e familiares, o Rebe disse a ela, “será iluminada”.
“Esse é o meu presente para todas vocês”, disse Sternberg. “Esta bênção especial que o Rebe deu é para cada uma de vocês.”
As mulheres se abraçaram ao entoarem melodias, incluindo Ani Maamin (“I Believe”), a música que marca a época do Holocausto e que expressa a fé inabalável do povo judeu na chegada de Mashiach. Enquanto cantavam juntas, as luzes do salão foram apagadas e elas acenderam as velas de led colocadas nas mesas iluminando o ambiente, uma alusão às velas de Shabat que atraem mais luz ao mundo.
Todas receberam calorosamente o Rabino Moshe Kotlarsky, vice-presidente do Merkos L'Inyonei Chinuch e presidente da Conferência Internacional de Emissários, desejando-lhe muitos anos de saúde e sucesso ajudando os emissários Chabad em todo o mundo. Kotlarsky anunciou novos subsídios para garantir que mais 50 mil crianças possam frequentar as escolas Chabad, participar de uma série de novos programas, além de divulgar um novo instituto de ensino avançado de Chassidut voltado especificamente para as shluchot.
Tália Voskoboynik falou sobre ter crescido em uma família judia secular na Califórnia e acidentalmente se juntar a um evento CTeen - programa para adolescentes promovido pelo Chabad de Camarillo, o que a levou a ingressar no evento anual de Shabaton CTeen em Nova York. El acabou conhecendo Manya Lazaroff, codiretora do Beit Chabad no Texas. Ela ficou tão encantada com Lazaroff que optou por se matricular na Texas A&M, onde passou quatro anos se aproximando dos emissários Chabad e de sua fé judaica. Logo, começou a guardar o Shabat, depois cashrut – e em pouco tempo sua mãe sentiu-se atraída cumprindo mitsvot ao lado dela. Ao lado de seu marido Rabino Lev Voskoboynik, ambos se uniram à equipe de emissários Chabad na Universidade de Kansas.
Após o depoimento com vídeos de Tália no programa do banquete, Michal Oshman, ex-executiva do eBay, Facebook e Tik Tok, compartilhou sua jornada. Tendo crescido em um lar secular em Israel, ela aprendeu desde cedo que a vida começa e termina no mundo físico. No entanto, com a ajuda da emissária de Chabad, Dra. Kate Loewenthal, ela descobriu a profundidade da sabedoria da Chassidut Chabad, na qual sentiu-se fortemente atraída..
Oshman disse que tinha 38 anos e sua filha, apenas 8, quando acendeu velas de Shabat pela primeira vez. “As lágrimas caíam profusamente dos meus olhos e o resto é história”, disse ela.
Chamando Chabad de “organização global de maior sucesso”, ela disse que o Rebe capacitou as mulheres para serem capazes de construir casas e famílias e liderar em nível global. “O Rebe inventou o global!” ela exclamou.
A terceira convidada da noite a trazer seu depoimento foi Chani Klein, codiretora do Chabad de Eilat, israel. Ela contou à multidão sobre as dificuldades dos 70 mil refugiados que chegaram à sua cidade natal turística no sul, após o ataque terrorista em massa do Hamas em 7 de outubro. Sozinhas, as famílias refugiadas precisavam de ajuda. Então ela começou uma pré-escola, depois um clube para adolescentes e na sequência programas para famílias inteiras – agora funcionando em 45 hotéis que abrigam as famílias.
Muitos deles, disse ela, vieram de origens seculares e nunca se envolveram com a sua herança judaica. Algo claramente mudou, no entanto. Aprendendo as palavras do Shemá, a prece e declaração fundamental do Judaísmo, acendendo as velas de Shabat, estudando Torá, os homens, mulheres e crianças se conectam com energia e força a sua herança nestes tempos tão sombrios. “Em vez de voltarem como indivíduos”, observou ela, “eles estão voltando como nação”, observa Chani.
No encerramento da noite, e como já é tradicional e sempre esperada há anos, é feita uma chamada de todos os países onde os shluchim atuam. Aparece a data, desde quando começaram, e o número de famílias e shluchim em cada localidade, no painel. Nas mesas, ao ver seu país ser chamado, as participantes vibram com energia. Na chamada oficial foram citados 50 estados dos EUA e de mais de 100 países onde Chabad tem presença permanente e seu trabalho sendo reconhecido.
Com o nome de Wyoming sendo mencionado, a locutora, Mushka Raskin da Jamaica, encerrou a chamada global, gritando: “Uma salva de palmas para o mundo inteiro!”
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