Dr. Denis MacEoin

Este é um artigo que precisa ser divulgado em todas as universidades. Se você tem filhos ou netos na universidade, certifique-se de que eles publiquem esta importante carta no jornal dos alunos ou a coloquem nas plataformas do quadro de avisos da universidade.

Trata-se de uma resposta do Dr. Denis MacEoin, um professor não judeu, à moção apresentada pela Associação de Estudantes de Edimburgo para boicotar tudo o que é israelense, na qual eles afirmam que Israel está sob um regime de apartheid. Denis é especialista em assuntos do Oriente Médio e foi editor sênior do Middle East Quarterly. Veja a seguir sua carta aos estudantes:

PARA: O Comitê da Associação de Estudantes da Universidade de Edimburgo.

Posso dizer algumas palavras aos membros da EUSA? Sou formado em Edimburgo (MA 1975) e estudei história persa, árabe e islâmica em Buccleuch Place com William Montgomery Watt e Laurence Elwell Sutton, dois dos maiores especialistas britânicos em Oriente Médio em sua época. Posteriormente, fiz um doutorado em Cambridge e lecionei Estudos Árabes e Islâmicos na Universidade de Newcastle. Acabei tornando-me autor de vários livros e centenas de artigos nessa área. Digo tudo isso para mostrar que estou bem-informado sobre assuntos do Oriente Médio e que, por essa razão, estou chocado e desanimado com a moção e a votação da EUSA.

Um banco da época do Apartheid, regime de segregação racial implementado na África do Sul em 1948 e adotado por sucessivos governos até 1994.
Um banco da época do Apartheid, regime de segregação racial implementado na África do Sul em 1948 e adotado por sucessivos governos até 1994.

Estou chocado por uma razão simples: não existe e nunca existiu um sistema de apartheid em Israel.

Essa não é a minha opinião, é um fato que pode ser testado com base na realidade por qualquer estudante de Edimburgo, caso ele ou ela decida visitar Israel para ver com os próprios olhos. Vou explicar isso claramente, pois tenho a impressão de que os membros da EUSA que votaram a favor dessa moção não têm a menor noção de assuntos relacionados a Israel e que, muito provavelmente, são vítimas de propaganda extremamente tendenciosa do lobby anti-Israel.

Ser anti-Israel não é, por si só, condenável. Mas não estou falando de críticas comuns a Israel. Estou falando de um ódio que não se permite limites nas mentiras e nos mitos que ele divulga. Assim, Israel é repetidamente chamado de Estado "nazista". Em que sentido isso é verdade, mesmo como metáfora? Onde estão os campos de concentração israelenses? Os einzatsgruppen? As SS? As leis de Nuremberg? A Solução Final? Nenhuma dessas coisas nem nada remotamente parecido com elas existe em Israel, precisamente porque os judeus, mais do que qualquer um, entendem o que o nazismo representava.

Afirma-se que houve um Holocausto israelense em Gaza (ou em qualquer outro lugar). Onde? Quando? Nenhum historiador honesto trataria essa alegação com nada além do desprezo que ela merece. Mas chamar os judeus de nazistas e dizer que eles cometeram um Holocausto é uma forma tão básica de subverter os fatos históricos quanto outra que eu possa imaginar.

Da mesma forma, o apartheid. Para que o apartheid existisse, teria de haver uma situação que se assemelhasse muito a como as coisas eram na África do Sul sob o regime do apartheid. Infelizmente para aqueles que acreditam nisso, um fim de semana em qualquer parte de Israel seria suficiente para mostrar o quanto essa afirmação é ridícula.

O fato de um grupo de estudantes universitários ter realmente caído nessa e votado nela é um triste comentário sobre o estado da educação moderna. O foco mais óbvio do apartheid seria a população árabe de 20% do país. De acordo com a lei israelense, os árabes-israelenses têm exatamente os mesmos direitos que os judeus ou qualquer outra pessoa; os muçulmanos têm os mesmos direitos que os judeus ou cristãos; os Baha'is, severamente perseguidos no Irã, florescem em Israel, onde têm sua sede mundial; os muçulmanos Ahmadi, severamente perseguidos no Paquistão e em outros lugares, são mantidos em segurança por Israel; os locais sagrados de todas as religiões são protegidos por uma lei israelense específica. Os árabes formam 20% da população universitária (um eco exato de sua porcentagem na população em geral).

No Irã, os Bahai (a maior minoria religiosa) são proibidos de estudar em qualquer universidade ou de administrar suas próprias universidades: por que seus membros não estão boicotando o Irã? Os árabes em Israel podem ir a qualquer lugar que quiserem, ao contrário dos negros na África do Sul do apartheid. Eles usam o mesmo transporte público, comem nos mesmos restaurantes, usam nas mesmas piscinas e frequentam as mesmas bibliotecas, assistem aos filmes nos cinemas ao lado de judeus - algo que nenhum negro podia fazer na África do Sul.

Os hospitais israelenses não tratam apenas judeus e árabes, eles também tratam palestinos de Gaza ou da Cisjordânia.Nas mesmas enfermarias, nas mesmas salas de cirurgia.

Em Israel, as mulheres têm os mesmos direitos que os homens: não há apartheid de gênero.

Homens e mulheres gays não enfrentam restrições, e os gays palestinos costumam fugir para Israel, sabendo que podem ser mortos em casa.

Parece-me bizarro que os grupos LGBT peçam um boicote a Israel e não digam nada sobre países como o Irã, onde homens gays são enforcados ou apedrejados até a morte. Isso ilustra uma mentalidade que não dá para acreditar.

Estudantes inteligentes que acham que é melhor ficar em silêncio sobre regimes que matam gays, mas que é bom condenar o único país do Oriente Médio que resgata e protege os homossexuais. Seria isso uma piada de mau gosto?

Supõe-se que a universidade seja para aprender a usar seu cérebro, pensar racionalmente, examinar evidências, chegar a conclusões com base em evidências sólidas, comparar fontes, ponderar um ponto de vista em relação a um ou mais outros. Se o melhor que Edimburgo pode produzir agora são alunos que não têm ideia de como fazer qualquer uma dessas coisas, então o futuro é sombrio.

Não me oponho a críticas bem documentadas a Israel. Oponho-me, sim, quando pessoas supostamente inteligentes destacam o Estado judeu acima de Estados que são horríveis no tratamento de suas populações. Estamos passando pela maior revolta no Oriente Médio desde os séculos 17 e 18, e está claro que árabes e iranianos estão se rebelando contra os regimes terríveis que revidam matando seus próprios cidadãos.

Os cidadãos israelenses, tanto judeus quanto árabes, não se rebelam (embora sejam livres para protestar). No entanto, os estudantes de Edimburgo não fazem manifestações e não pedem boicotes contra a Líbia, o Bahrein, a Arábia Saudita, o Iêmen e o Irã. Eles preferem fazer acusações falsas contra um dos países mais livres do mundo, o único país do Oriente Médio que acolheu refugiados de Darfur, o único país do Oriente Médio que dá refúgio a homens e mulheres homossexuais, o único país do Oriente Médio que protege os Bahai's.... Preciso continuar?

O desequilíbrio é perceptível e não dá crédito a ninguém que tenha votado a favor desse boicote. Peço que você demonstre bom senso. Obtenha informações da embaixada israelense. Solicite alguns palestrantes. Ouçam mais de um lado. Não se decidam até que tenham dado uma audiência justa a ambas as partes. Você tem um dever para com seus alunos, e esse dever é protegê-los de argumentos unilaterais.

Eles não estão na universidade para serem propagandeados. E certamente não estão lá para serem induzidos ao antissemitismo por meio da punição de um país entre todos os países do mundo, que por acaso é o único Estado judeu. Se houvesse um único Estado judeu na década de 1930 (que, infelizmente, não existia), você não acha que Adolf Hitler teria decidido boicotá-lo?

Sua geração tem o dever de garantir que o racismo perene do antissemitismo nunca crie raízes entre vocês. Hoje, no entanto, há sinais claros de que ele já o fez e está criando mais. Vocês têm a chance de evitar um mal muito grande, simplesmente usando a razão e o senso de justiça. Por favor, diga-me que isso faz sentido. Eu lhe forneci algumas das evidências.Cabe a você descobrir mais.

Com meus sinceros cumprimentos,

Denis MacEoin