Pergunta:
Fui informado que no mês de Elul, devemos fazer um cheshbon hanefesh – “um balanço da alma”. Embora eu tenha diploma em Matemática, não consigo entender o que é isso.
Resposta:
Neste caso, nem mesmo um doutorado em Matemática poderia ajudar. A Matemática lida com números frios, ao passo que um “balanço da alma”, como o próprio nome sugere, lida com questões do coração e da alma.
Rabi Yossef Yitschack Schneersohn, o sexto Rebe de Lubavitch, faz um paralelo relevante com o cheshbon hanefesh: a folha de contabilidade e o balanço que toda empresa faz anualmente.
Ora, quem precisa desse tipo de balanço? Alguns poderiam argumentar que é necessário para o Imposto de Renda, mas qualquer empresário sabe que sem um balanço não há como saber se a empresa está tendo lucros ou perdas. O fato de uma loja estar repleta de clientes não diz nada; as pessoas podem estar ali apenas para pesquisar ou comparar preços, mas não para comprar. Somente quando o dono faz um balanço adequado ele sabe se a empresa é lucrativa e se o ano foi bem-sucedido.
Nós, também, podemos estar ocupados de manhã à noite, mas uma vez por ano, precisamos separar um tempo para contemplar nosso “negócio” mais importante – ou seja, nosso serviço ao Criador. Progredimos nessa meta no ano que passou? Melhoramos nosso relacionamento com D’us? Tornamo-nos pessoas melhores, judeus melhores?
Aqui está um guia prático para conduzir um cheshbon hanefesh. Pode levar algum tempo, não há necessidade de completá-lo em um dia.
Primeiro Passo:
Desenhe dois quadrados grandes num papel. Dê ao primeiro o título “Eu e D’us” e ao segundo, “Eu e Meu Próximo”.
Segundo Passo:
Na categoria “Eu e D’us”, anote as diversas mitsvot que você cumpriu – ex., tefilin, casher e Shabat – e os graus em que os observou. Próximo de cada uma dessas mitsvot, anote se esta é uma área na qual você teve lucro ou perda no ano que passou.
Tenha em mente que folhas de balanço idênticas podem indicar lucro para uma pessoa e perda para outra. Por exemplo, um homem que começou colocando tefilin neste ano e escreve: “Coloquei tefilin quase todo dia” mostrou um lucro: para alguém que coloca tefilin desde os treze anos, é considerado uma perda.
Terceiro Passo:
Na seção “Eu e Meu Próximo”, anote todos os seus relacionamentos importantes – ex., seus filhos, cônjuge, amigos, colegas de trabalho e conhecidos. Aqui, também, anote ao lado de cada um se você se aproximou mais dessas pessoas, se distanciou, ou se fez coisas que seria melhor não ter feito.
Quarto Passo:
Os dois passos a seguir são os mais importantes; sem eles, todo o tempo investido nesse balanço será desperdiçado.
Pegue as “perdas” do ano e transforme-as em lucros. Pergunte-se: como posso ser um pai (ou mãe) melhor? Como posso me certificar de que vou colocar tefilin todos os dias? Como posso melhorar o ambiente em minha casa? Como posso dedicar mais tempo ao estudo de Torá? Eu deveria estar expandindo minha empresa? Há outras áreas que ainda não existem na minha folha de balanço que eu deveria explorar? Uma nova mitsvá? Um novo relacionamento?
Quinto Passo:
Até agora, toda a avaliação tem sido relativamente quantificável, e portanto não foi difícil. Este passo leva a avaliação a um novo patamar.
Agora é tempo de olhar além do comportamento individual, e analisar os padrões. Ou para dizer isto de modo diferente, olhar para as ações da alma interior que causaram todos os lucros e prejuízos.
Por que você está falhando em determinadas áreas? Qual é a sua perspectiva na vida? De que maneira seus relacionamentos são importantes para você? Você tem o firme compromisso de cumprir seu chamado espiritual na vida?
Quando você tiver um quadro melhor sobre quem você é agora, e quem gostaria de ser, então chegam as Grandes Festas, e você está preparado para fazer as necessárias mudanças e assumir compromissos.Você pode tornar-se uma pessoa diferente.
O balanço da alma é um cheshbon hanefesh. Este trabalho exige tempo, e muitos empresários cessam seus trabalhos por um dia para fazer este relatório anual. Porém Ele, D’us acima, recompensa amplamente com um ano abençoado e bem-sucedido
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