Eu era literalmente a noiva que nada sabia quando me casei – nada sobre cozinhar e outros aspectos domésticos da vida. Não sabia o que significava ponto de fervura ou como cozinhar feijões verdes, ou nem como eu tinha de congelar salmão se não fosse cozinhá-lo em um ou dois dias. (Posso ter precisado descartar alguma proteína cara devido àquele erro.) Eu também não sabia como eliminar a espuma gerada por um pedaço de galinha ao cozinhar para sopa..
Lembro-me de fazer minha primeira canja de galinha, e fiquei perplexa por toda a espuma marrom flutuando por cima. Perguntei à minha sábia sogra, e ela me disse que eu tinha de ferver a galinha primeiro antes de fazer a sopa. Quando você a ferve, o calor faz a espuma subir; então pode ser tirada, e a galinha está pronta para fazer uma sopa dourada.
Funciona assim com a prata, também. Quando a prata se mistura com outras impurezas, aplicar calor extenso faz a prata se tornar refinada, assim como tudo indesejado se separa da prata. O prateiro de antigamente punha a prata no calor do fogo, e mais materiais não desejados eram misturados ali.
Isso explica um interessante fenômeno relacionado à prece.
Durante a época do Primeiro Templo, nenhuma prece formal era necessária. Não havia um texto formal estabelecido para os judeus rezarem exceto sacrificar animais no Templo. Durante o Segundo Templo, algumas preces foram estabelecidas, mas eram um tanto breves e doces. Hoje, há um livro inteiro de preces a ser recitado, três vezes por dia, com canções detalhadas e louvores a D'us para serem recitados múltiplas vezes por dia.
Por quê?
Porque hoje, temos de dispensar o calor. Quando mais forças espirituais chegam até nós, mais elas precisam ser enfrentadas com fogosa paixão espiritual. Quanto mais tentações nos chegam, mais esforço precisa ser investido para continuar conectado.
É onde entra a prece.
Na época do Primeiro Templo, os judeus se encontravam em um nível espiritual alto e suas almas tinham muito menos impurezas para remover. A partir da época do Segundo Templo e à medida que cada geração subsequente continua, há uma espécie de espuma que se mescla à nossa alma. E então rezamos muito.
Rezamos, e contemplamos durante a prece a grandeza de D'us na criação. E desenvolvemos um grande desejo de nos apegar ao Criador. Pensar sobre D'us, nos leva a amar a D'us, que é um fogo ardente em nosso coração que na verdade o purifica. Este é o fogo que traz calma do caos, como toda a espuma da nossa alma sobe ao topo e um coração puro permanece. Quanto mais impurezas, mais esforço e tempo são necessários para criar este fogo para remover as forças negativas apegando-se à nossa alma pura.
O fogo da prece é um pré-requisito para trabalhar com nossa alma animalesca dando-nos a clareza de sermos capazes de identificar e nos desassociar com os elementos negativos dentro de nós – então temos uma habilidade para realmente refinar a alma animalesca e adoçá-la. Essa clareza nos permite ver que as tentações e desejos do nosso corpo são um teste a ser superado, e que nosso verdadeiro desejo interior, mesmo da alma animalesca, é cumprir a vontade de D'us.
No seu âmago, nosso corpo não é um mau sujeito. A energia e paixão da nossa alma animalesca podem ser canalizadas ao serviço de D'us. Mas antes de trabalharmos com isso, devemos purificá-la. Quando as forças negativas se separarem das positivas, podemos começar a ver a fonte do nosso corpo como boa e permitir que nosso corpo nos ajude no serviço a D'us,em vez de atrapalhá-lo.
Fonte: Maamar em Licutei Tora, “va’yas Moshe Nachash nechoshet”, como explicado em Chassidut Mevueret, Capítulo3.
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