Imagine-se jogando Candy Crush durante horas somente para se encontrar no fim da noite num nível muito mais baixo do que quando começou. De que isso adiantaria? Você fez tantos pontos pelo menos não merece a satisfação de se ver num nível mais alto? A menos que houvesse outra meta em mente.
Antes de descer a um corpo humano, toda alma judaica mergulha na luz da Shechiná nos níveis mais altos do Gan Éden, no próprio céu. E mesmo assim, após suar durante 70 ou 80 anos durante a vida de uma pessoa, a alma se encontra recolhendo suas recompensas pousando no nível mais baixo do Gan Éden.
O que está acontecendo? Por que uma alma trabalharia tanto e mesmo assim desce a um nível mais baixo do que quando começou?
Porque há outro objetivo em mente.
Vivemos não apenas para receber a bênção da vida após a vida, como muitos pensam equivocadamente. A vida é vivida pela própria vida. O objetivo da vida é para algo tão elevado que somente pode ser realizado aqui em baixo. Quando um ser humano se engaja em Torá e mitsvot, ele toca a essência do Divino, enquanto no céu as almas somente podem sentir um raio da luz Divina.
É por isso que se diz que uma hora de teshuvá e ‘maasim tovim’, “arrependimento e boas ações” supera quaisquer recompensas após a vida. Porque o propósito da alma é refinar e elevar seu anfitrião. A alma não está aqui para si mesma, mas para influenciar a energia e a força de vida de seus co-habitantes do corpo humano: a alma animalesca.
Como isso acontece?
A alma pode realmente sentir-se presa residindo dentro de uma pessoa. É como se estivesse no exílio. Há muito barulho vindo do lado externo do mundo e há tanto conflito interior que a alma sente que está perdida num deserto ermo. O deserto é estéril sem nenhuma espiritualidade ou vitalidade à vista.
E isso, também, é por desígnio. Como a alma se liberta de seu estado deserto? Mergulhando na experiência de ter sede pela espiritualidade como alguém tem sede por água num deserto. E quando isso acontece? Durante a prece. O desejo e anseio por D'us – como um homem sedento anseia por água – liberta a alma de sua existência corpórea e lhe permite influenciar a alma animalesca.
A prece é um tempo para abrir nosso coração. Sentir a dor de sentir-se distante de D'us e desejar ter uma conexão mais próxima. Despertar o amor que a alma tem pela sua verdadeira fonte: D'us.
Prece é um tempo para parar. Pensar sobre como transcendemos nossas cercanias materiais, sem D'us nos fornecendo energia a todo momento, deixaríamos de existir. Por nós mesmos, somos tão sem vida como a areia no deserto. Até a mais espiritual das criações somente existe devido à força criadora de D'us a todo instante.
Essa percepção ativa, literalmente, nos deixa sedentos por D'us, pela nossa força vital. E nos faz sentir um intenso desejo de experimentar isso em nosso dia a dia.
Quando rezamos assim, quando transcendemos nossas cercanias materiais e sentimos um desejo palpável de nos conectar com D'us, então tocamos a própria essência Divina. Transformamos a energia da alma animalesca, e este é o propósito de tudo.
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