“Aquele que vê o local do Templo Sagrado deveria dizer: ‘Nosso lar sagrado, nossa glória, onde nossos pais Te louvaram foi consumido pelo fogo, e tudo que nos é precioso foi destruído...” (Yeshayáhu 64:10).
O Muro Ocidental ou Kotel, na Cidade Velha de Jerusalém, tem sido proeminente na consciência judaica há séculos. Gerações sonharam em aparecer perante o velho muro de pedra, mesmo que fosse apenas por uma vez. Atualmente, o Muro está ativo 24 horas por dia, 365 dias por ano, e as fendas entre as pedras retangulares estão atulhadas de bilhetes.
História Básica
A parede que hoje chamamos de Muro Ocidental, embora não seja uma parte do Templo Sagrado em si, era parte da parede remanescente do Monte do Templo construído por Herodes, o Grande, no 1º século da Era Comum quando ele ambiciosamente expandiu o Monte do Templo e renovou o então dilapidado Segundo Templo.
Quando os romanos destruíram o Templo em 69 EC, esta parede não foi destruída. E quase dois mil anos depois, o muro ainda persiste. Na parte visível do muro, somente a parte inferior das sete camadas de pedras, consistindo de pedras grandes com bordas irregulares, datam do projeto de Herodes. A seção seguinte, consistindo de quatro camadas de pedras menores e mais aplainadas, data do Período Bizantino. A camada superior seguinte foi acrescentada algum tempo depois da conquista muçulmana no Sétimo Século, e a camada superior no Século 19, paga pelo famoso filantropo e ficancista inglês, Sir Moses Montefiore.
Os judeus no decorrer dos tempos têm visitado o Muro Ocidental para rezar e colocar pequenos bilhetes com agradecimentos e pedidos pessoais neste local sagrado, pois conforme ensinam nossos Sábios, a Shechiná (Presença Divina) que era manifesta no Templo jamais se afastou. Além disso, o acesso ao local mais sagrado do mundo, o Monte do Templo em si, é impedido pela Lei Judaica, que proíbe a entrada no local do Templo enquanto estiver num estado de impureza ritual. Assim o Muro Ocidental constitui o ponto mais próximo possível do “Portal do Céu.”
Na segunda metade do Século 16, Suleimã, o Magnífico, deu aos judeus direitos exclusivos de rezarem no Muro Ocidental. A área de prece era pequena, cercada por uma parede que corria paralela ao Muro e cercada por um bairro miserável. Assim permaneceu até 1947.
Em 1930, uma comissão britânica sancionada pela Liga das Nações reafirmou o direito de os judeus rezarem ao pé do Muro – mas limitava severamente o tipo de objetos religiosos que para lá poderiam ser levados, e proibia o toque do shofar no local.
Entre 1948 e 1967, a Cidade Velha de Jerusalém ficou sob o controle jordaniano e os judeus foram totalmente banidos da visita ao Muro.
Em 7 de junho de 1967, combatentes israelenses liberaram o Monte do Templo no terceiro dia da Guerra dos Seis Dias, assinalando um momento único e eufórico em nossa história. Poucas semanas depois, na Festa de Shavuot, 250 mil judeus se dirigiram ao Muro. Até então, a parte acessível do Cotel tinha sido um pedaço com 30 metros de comprimento na parede maciça, e a área aberta na frente do Muro tinha apenas 3 metros de largura. Os diversos edifícios a sua frente foram imediatamente postos abaixo, até o canto sul. A área inteira foi nivelada e pavimentada, criando um grande espaço aberto.
Suas Medidas
Hoje, a parte do Cotel visível da praça tem 62 metros de comprimento. O comprimento inteiro do Muro Ocidental, no entanto, é na verdade de mais de 500 metros. A porção norte do Muro ainda está oculta pelas construções do Bairro muçulmano adjacente.
Mais dezessete camadas de pedras do Muro Ocidental estão enterradas sob o piso. Devido a muitas gerações de destruição e reconstrução, cidade sob cidade, o nível do chão agora é mais alto e a parte de baixo do lado ocidental do Monte do Templo está enterrada.
Significado Espiritual
Quando o Rei Shlomo construiu o Primeiro Templo Sagrado em 826 AEC, ele queria que ali fosse o coração da nação judaica – um local onde o povo se sentisse inspirado a conversar com D’us, onde ninguém se sentisse sozinho. “Por favor, D’us,” disse ele durante a inauguração do Templo, “ouve as preces que são feitas neste local.” As preces de Shlomoforam atendidas, e a presença de D’us deu vida ao Templo.
O Segundo Templo, construído 480 anos depois, também foi um lar para a Presença Divina. O Midrash diz que “a Shechiná jamais deixou o Muro Ocidental.” Especificamente o Muro Ocidental, porque o Santo dos Santos estava no lado Oeste do Templo. “Esta é a parede ocidental do Templo, que nunca é destruída porque a Shechiná está no Oeste.”
Nas palavras do Zohar: “É possível sentir resultados positivos através das preces feitas ali como uma criança que pede o que precisa à sua amorosa mãe.” A santidade do Muro Ocidental deve-se à proximidade com a área do Templo.
Fatos Interessantes
O general romano Tito permitiu que o Muro Ocidental permanecesse de pé como um tributo ao seu poder, um testemunho da grandeza das estruturas que ele destruiu.
Embora Tito possa ter tido seus motivos, D’us também tinha os Seus. Embora Ele estivesse a ponto de sujeitar Seus filhos a um longo e angustiante exílio, Ele desejava que uma parte do Templo permanecesse intacta – um local sagrado onde pudéssemos nos reunir e rezar.
Muitas das pedras subterrâneas do Muro descobertas por arqueólogos em escavações são extraordinariamente grandes, maiores que qualquer pedra encontrada nas pirâmides. Algumas dessas pedras pesam centenas de toneladas. O Muro Ocidental também é conhecido como o “Muro das Lamentações.” Este nome foi dado por observadores não-judeus que estavam acostumados a ver judeus reunindo-se ao pé do Muro e “lamentando-se”; lamentando em prece, e lamentando em pranto pelos Templos Sagrados destruídos.
Após o treinamento básico, muitas unidades de combate das Forças de Defesa Israelenses prestam seu juramento em cerimônias no Cotel.
Muitas pessoas vêm de todas as partes do mundo para celebrar bar e bat mitsvá de seus filhos e filhas no local.
Atualmente
Caminhando ao lado de centenas de pessoas na direção do Cotel, é possível se sentir como uma pessoa anônima numa multidão anônima. Fazendo uma visita, é possível sentir-se distante, como um turista observando alguma outra cultura. Porém, é muito possível que haja um momento de presença, de sensação, como diz o Zohar, um sentimento de estar sendo abraçado por um pai benevolente. O Templo é o coração do povo judeu.
Ao visitar o Muro é importante respeitar a santidade do lugar. Deve-se usar roupas recatadas, e não é permitido fotografar no Shabat ou em feriados judaicos.
A área diretamente em frente ao Muro é uma grande sinagoga ao ar livre, dividida em seção feminina e seção masculina. Na entrada da seção dos homens há um estande de tefilin, manejada por voluntários de Chabad durante o dia inteiro. Torne a sua visita ao local mais sagrado do Judaísmo uma experiência espiritual – colocar tefilin dura apenas cinco minutos; um voluntário gentil o instruirá do começo ao fim.
Quando você se aproximar do Muro, separe um momento para meditar e expressar seus pensamentos para Aquele cuja presença permeia este local sagrado. Há um antigo costume de escrever seus pedidos num bilhete, e inseri-lo numa fenda no muro.
Desde que o Muro Ocidental foi libertado em 1967, escavações arqueológicas têm sido feitas debaixo dele. Embora somente uma pequena seção do comprimento do Muro seja visível acima do solo na praça, pode-se caminhar sobre toda a extensão do Muro nos túneis e ver todas as camadas subterrâneas, e até o leito de pedras por baixo dele. No ponto oposto ao local onde ficava o Santo dos Santos, há uma sinagoga subterrânea. Estes túneis realmente merecem ser vistos! A caminhada pelos túneis pode ser feita somente com um guia, e deve ser agendada.
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