Rabino Isaac Luria se tornou famoso como o “Ari”, o leão sagrado; Ari representa as iniciais de “Askenazi Rabino Isaac”. Como seu nome indica, sua família originalmente vivia na Alemanha, de onde se mudaram para Jerusalém. Ali nasceu o homem que iria desempenhar um papel magnífico, não apenas naquele século de revoluções culturais e espirituais, mas até nossos dias.
Ainda muito pequeno, Rabi Isaac Luria perdeu seu pai e foi para o Cairo, Egito, onde Mordechai Frances, um irmão rico de sua mãe cuidou dele e de sua educação. Ele frequentou a Yeshivá de Rabi David Ben Zimri, o Rabino Chefe do Egito, conhecido como o autor de muitos comentários e responsas sob o nome de Radbaz. O jovem brilhante se tornou um dos discípulos mais próximos de Radbaz, e seus estudos do Talmud logo o promoveram às alturas de realizações acadêmicas. O único subsistente de sua obra em Guemara e Halachá é um comentário sobre Zevachim. Quando Rabi Mordechai Frances viu o grande sucesso de seu jovem sobrinho, deu a ele sua filha como esposa e garantiu a ele meios suficientes para o sustento.
Porém a natureza profunda e introspectiva de Isaac Luria não ficava satisfeita somente com o estudo da Halachá. Ele adquiriu conhecimento da Cabala e devotou sua vida inteira ao seu estudo e disseminação. Ainda muito jovem ele começou suas longas estadias na solidão do Rio Nilo. Durante sete longos anos ele viveu às próprias custas, imerso no estudo do Zohar, a principal obra da Cabala, e outros escritos cabalísticos de menor importância, e retornava somente uma vez por semana, no Shabat, até sua família no Cairo.
Dominado por uma alma nobre, ele era totalmente atraído para o universo da sabedoria profunda e buscava a interpretação significativa de todas as fases da vida, natureza e prece. Ele passava muitos dias em jejum, prece e estudo. Em seus incansáveis esforços para penetrar nas câmaras interiores da Torá, ele descobriu grande parte do verdadeiro significado da fé judaica. Foi capaz de desenvolver um sistema inteiro de doutrina cabalística no mundo, e sobre o papel da Torá e seus mandamentos na vida do homem.
Repleto com o fogo da inspiração e entusiasmo, ele começou a purificar o mundo do espírito de impureza e a substituir o papel do mal pelo reconhecimento de D'us. Por volta do ano 1569, ele reuniu sua família e migrou para Jerusalém e de lá para Safed, o centro de todo estudo e prática da Cabala. Logo, um grande número de discípulos se reuniu ao seu redor e ouviu suas interpretações do significado mais profundo de todos os acontecimentos e ocorrências no mundo. Cada vez mais homens o procuravam e aceitavam as leis de uma vida ascética e sagrada que o Ari HaCadosh estabelecia como uma exigência necessária para a participação no círculo de seus seguidores.
Sob sua orientação inspirada, a prece assumiu um significado mais profundo, pois a importância de cada palavra e frase era interpretada por ele. Os dias de jejum e feriados se tornaram pontos genuínos na vida religiosa, e o Shabat se tornou o pivô da experiência sagrada e da inspiração, pois era devotado exclusivamente à atividade espiritual. Cada refeição de Shabat, repleta de canções de conteúdo sagrado, muitas delas escritas e compostas pelo próprio Ari HaCadosh, eram como oferendas a D'us, e o Melave Malca representava um emocionante tributo ao Shabat que estava partindo.
Numa forma semelhante, a maioria dos aspectos da vida e da fé judaica recebia novo conteúdo e cor. Os ensinamentos de Rabi Isaac Luria eram amplamente divulgados e chegavam a todos os cantos do mundo, onde quer que houvesse judeus. Entre os mais ardentes expoentes dos ensinamentos do Ari estava seu discípulo e sucessor na liderança dos cabalistas, Rabi Chaim Vital.
Rabi Chaim Vital registrava as revelações e explicações de seu grande mestre, e elas estavam entre os livros mais impressos naqueles primeiros dias da máquina impressora. Outro discípulo ardente e expoente foi Rabi Israel Saruk.
A personalidade de Rabi Isaac Luria inspirou todos os homens notáveis que tinham penetrado mais fundo que a maioria dos mortais, no mundo da Cabala. O Ari faleceu aos trinta e oito anos, pranteado por todo o povo judeu. Apesar de sua vida curta, ele deixou uma impressão indelével sobre a vida religiosa judaica e alcance religioso.
Ele introduziu muitos minhagim (costumes) sagrados que se tornaram parte de nossos costumes e serviços. Suas canções e preces foram amplamente adotadas e parcialmente incorporadas no Sidur. Comunidades inteiras se guiaram pelo “Nussach Ari” e muitos dos seus ensinamentos têm sido usados para formar a base do grande movimento chassídico. Devido à sua influência e inspiração o Judaísmo pôde enfrentar as ofensas de muitos credos e ideias que foram promovidas durante os séculos dezesseis e dezessete. Ele certamente está entre os mais sagrados e mais proeminentes lideres do povo judeu.
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