“Na margem do Jordão, na terra de Moav, Moshê começou a explicar a Torá, dizendo…” (Devarim 1:5)
Antes de seu falecimento, Moshê começou a preparar Bnei Yisrael para sua entrada na Terra de Israel relatando tudo que eles tinham passado durante seus quarenta anos no deserto. A Torá acrescenta que, como parte deste discurso, Moshê “explicou este ensinamento”. Rashi interpreta isso como significando que ele ensinou ao povo a Torá em setenta idiomas.
Por qual objetivo Moshê traduziu a Torá em setenta idiomas a essa altura? Este projeto teria talvez sido relevante durante a caminhada de Bnei Yisrael pelo deserto, quando sua ocupação básica era o estudo de Torá. Mas Bnei Yisrael estava para começar sua conquista da Terra de Israel, um processo que iria envolver sete anos de batalhas e outros sete anos de divisão da Terra. Por que foi necessário traduzir a Torá especificamente enquanto Bnei Yisrael se preparava para entrar na Terra?
A resposta é que ao traduzir a Torá, Moshê estava cumprindo um componente crucial da conquista de Bnei Yisrael das sete nações que ocupavam a Terra de Israel. Pois tudo no mundo físico tem uma fonte espiritual, e uma mudança que ocorre no plano físico deve primeiro ser executada num sentido espiritual. A tradução de Moshê da Torá, rompendo a “barreira” de linguagem entre a Torá e as setenta nações, foi uma vitória espiritual para a Torá sobre qualquer oposição que ela enfrentava das nações do mundo. Segundo a Cabala, as sete nações que ocupavam a Terra de Israel são a fonte espiritual e a representação das setenta nações originais da humanidade. Portanto, somente quando Moshê atingiu uma vitória espiritual sobre todas as nações, Bnei Yisrael pôde entrar na Terra e ter também uma vitória física sobre elas.
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