Publicado em Times of Israel.com
10 de julho 2018
Como resultado da recente emenda do Ato sobre o Instituto de Lembrança Nacional, pesquisadores e jornalistas não estarão mais encarando aprisionamento por falarem sobre os lados escuros da história polonesa. Em vez disso, eles terão de pagar compensação se perderem seu caso no tribunal com alguém que se sentiu ofendido pelas palavras deles. Esta não é uma concessão por parte do governo polonês, nem retração de uma má lei. É um ataque à liberdade de discurso, estranhamente elogiada pelo Departamento de Estado Americano, o país onde essa liberdade é mais valorizada.
A história polonesa tem sido falsificada por muito tempo e de maneira alguma é uma invenção do partido Lei e Justiça. No livro de história que meu filho costumava estudar no ano passado, na parte dedicada às atitudes polonesas para a Shoá, os autores relatam aos jovens sobre Zegota (Conselho Polonês para Ajuda aos Judeus), Irena Sendler (chefe da seção infantil de Zegota; recebeu o titulo de Justo Entre as Nações) e a família Ulma (executada em 1944 por esconder famílias judias em sua casa), dando a impressão de que seus extraordinários atos de heroísmo ao proteger judeus eram a norma social. A palavra ‘szmalcownik’ (chantagista) aparece ali, mas é imediatamente seguida por uma explicação de que estes casos foram punidos pelo Estado Subterrâneo com a morte. Os poloneses mataram judeus durante a guerra? Os autores do livro admitem que mataram, mas isso aconteceu somente uma vez em Jedwabne.
Recentemente, o Primeiro Ministro tinha dito que não havia Polônia em 1968. E podemos estar certos de que existe hoje e que ninguém irá questionar daqui a poucos anos?
Para mim, o símbolo mais ofuscante da gradual erradicação do passado judaico do nosso espaço é o túmulo em massa na minha cidade. Após a liquidação do gueto, os alemães deixaram vivos alguns judeus jovens e relativamente fortes, enviando-os para trabalho de limpeza. Então os levaram para a Rua Piekna, ordenaram que cavassem um buraco e os fuzilaram. Segundo algumas fontes, havia entre várias dúzias a 300 judeus ali. Após a guerra, os sobreviventes que retornaram à cidade colocaram uma modesta laje de concreto no local do túmulo coletivo. Vários anos depois, alguém acrescentou a inscrição “Para as vitimas do fascismo”.
Em 1956, representantes da organização TSKZ (Associação Sócio-Cultural de Judeus na Polônia) escreveu para as autoridades municipais que “dois cidadãos instalaram moradias adjacentes ao túmulo coletivo de 400 vítimas do genocídio Hitlerista, e há um celeiro perto do túmulo e que a área próxima ao túmulo está repleta de lixo.”
Não sei se a TSKZ recebeu uma resposta, mas sei que nos anos de 1990 o pedaço de terra com esse túmulo foi vendido a um comprador particular que construiu sua casa ali.
A nova lei sobre IPN (Instituto de Lembrança Nacional) não vai mudar o mundo para melhor. Pelo contrário. Irá fechar as bocas, ou pelo menos tentar fazê-lo, com aqueles que querem contar a verdade. Porque ter de provar em corte é um processo longo e exaustivo. Nem todos podem fazer isso. Assim, falsos livros irão se tornar a interpretação oficial e a única versão possível dos eventos.
A Polônia vai perder porque haverá outra geração educada sobre a falsidade. “Os trouxas vão engolir isso” mas o que deveriam fazer aqueles que não querem ser tolos?
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