26 Abr 2018
Jornais e sites nacionais e internacionais deram destaque à ‘marcha da kipá’, que reuniu na quarta-feira (25) milhares de pessoas nas ruas de Berlim e em outras cidades alemãs em protesto contra o antissemitismo e em solidariedade a judeus vítimas de agressão nas ruas da capital alemã por usarem kipá. Durante a tarde, a cidade de Erfurt recebeu cerca de 150 pessoas em manifestação com kipás, enquanto a capital reunia pelo menos outras 2.000 como palco central de um grande protesto nacional convocado com o lema "Berlim usa a kipá", Outras cidades, como Colônia, Potsdam e Magdeburgo também repetiram o movimento.
“Ataques contra os judeus na Alemanha são dirigidos contra todos nós”As manifestações seguem a indignação pública motivada por um ataque na semana passada contra um israelense de origem árabe que usava kipá em Berlim. Ele foi agredido verbalmente por três pessoas e amarrado com um cinto por um refugiado sírio-palestino. Um vídeo postado na internet com as agressões viralizou.
“Ataques contra os judeus na Alemanha são dirigidos contra todos nós”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, sobre a jornada. “Se os jovens aqui são ameaçados apenas porque estão usando kipá, devemos deixar claro: eles não estão sozinhos. Ninguém pode ser discriminado por causa de sua origem, da cor de sua pele ou de sua religião”.
O jornal "Tagesspiegel", citando dados do governo, informou que quatro crimes antissemitas foram registrados em média por dia no ano passado. A maioria — 1.377 de 1.452 — foi cometida por radicais de direita.
Outro caso que fomentou os temores de que o antissemitismo possa estar se tornando comum foi a entrega do prêmio de música Echo (principal do país) neste mês a um duo de rappers acusado de recitar letras antissemitas, o que causou ampla indignação. Kollegah e Farid Bang têm entre suas letras versos como "Estou fazendo outro Holocausto, vindo com um molotov" e "corpos mais definidos que prisioneiros de Auschwitz". Após vários vencedores anteriores devolverem seus prêmios em protesto, a indústria fonográfica cancelou as próximas edições do prêmio, horas antes das marchas.
"De maneira alguma queremos que esse prêmio de música seja uma plataforma para o antissemitismo, desprezo às mulheres, homofobia ou minimização da violência", disse a produção do prêmio, defendendo "um novo começo". As manifestações de ontem foram amplamente noticiadas no NYT, El País, Jerusalem Post, Times of Israel, Ynet News, JTA, O Globo, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo.
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