Nessa Parashá lemos sobre Pinchas, que santificou o nome de D'us através do seu ato e trouxe a paz. Aqui está uma história sobre o Baal Shem Tov que também fez um ato de Kidush HaShem, Santificação do Criador.
O rabino Yisroel de Ruzhin (apelidado de "O Sagrado Ruzhiner", 1800), em uma de suas viagens pela Ucrânia, ouviu falar de uma aldeia chamada "Sroilov" (Cidade dos judeus ou israelitas), cujas águas da nascente tinham poderes milagrosos.
Ele viajou até lá e perguntou aos aldeões se eles sabiam o porquê do nome incomum. Mas ninguém sabia lhe responder. Então ele continuou perguntando até que finalmente alguém sugeriu que ele perguntasse ao "Velho Sasha" que tinha mais de cem anos. Se alguém soubesse, seria ele.
O Sagrado Ruzhiner seguindo instruções, encontrou a casa em ruínas do velho, bateu na porta e quando ouviu um barulho lá dentro, ele entrou. A casa era basicamente uma sala estéril com uma mesa, uma cadeira e um homem incrivelmente velho e magro deitado numa cama no canto. Ele estava envolvido no que parecia ser uma pele de lobo bem grande, deitado de lado de frente para a entrada. Ao ver o visitante, seus olhos se arregalaram de surpresa.
Ele se apoiou no cotovelo com os olhos apertados para olhar melhor. Então seus olhos se arregalaram ainda mais e ele gritou; “Meu D'us! Seu rosto é como o dele!!" Ele tentou sentar-se. "Sim, sim! Assim como o Sroil !! É você?"
"Olá, meu amigo! Que eu possa lhe abençoar!", o Tsadik disse acrescentando: "Por favor, você não precisa se levantar". Ele puxou a cadeira ao lado da cama. "Vim até aqui para saber o que você pode me falar sobre o nome desta cidade e sobre a fonte? Você sabe alguma coisa?"
O velho Sasha se sentou e exclamou: "Ah! Eu esperei por esse dia!" ele disse. "Eu vejo agora. Você não é o Sroil. Mas você se parece com ele! Nome da cidade? Claro, eu sei! Vou lhe contar tudo".
O velho Sasha tomou um copo d'água de um jarro ao lado de sua cama e começou sua história:
"Mais de noventa anos atrás, havia apenas algumas famílias aqui, talvez dez, e eu costumava cuidar de suas ovelhas. Era muito quieto aqui, nada de incomum acontecia, até que cedo numa manhã eu me levantei para pastorear as ovelhas longe da aldeia, como sempre. Quando de repente ouvi esse barulho estranho do outro lado de uma colina.
“Então eu subi ao topo da colina, olhei por alguns arbustos e vi um homem se balançando no outro lado da colina. Eu certamente não tinha ideia do que ele estava fazendo lá. Mas quando ele saiu e se vestiu, eu consegui um vislumbre de seu rosto e ... bem, ele estava brilhando, assim como a sua face agora.
“Um pouco mais tarde, eu o vi sentando-se afastado em uma rocha alta, envolto em uma espécie de pano branco, apenas o rosto dele saindo, com uma pequena caixa preta amarrada em sua cabeça, balançando, falando e balançando e cantando em direção aos céus por horas e horas. Ele deveria estar rezando, mas nunca vi nada parecido. E no dia seguinte ele fez exatamente o mesmo. E isto se repetiu…”
"Então, quando voltei para cuidar das ovelhas, perguntei a meu tio Ivan sobre isso, e ele me disse que este homem deve ser um "Sroail" um judeu. O padre disse que eles são pessoas malditas que se recusam a acreditar em nossa religião e devemos orar por sua salvação, mas nos afastarmos deles. Eu entendi o que meu tio disse, mas não fazia muito sentido. Este "Sroil" não pareceu tão ruim para mim. Na verdade, eu me senti tão bem quando o vi orar que às vezes tirava minha flauta para entoar uma música.
“De qualquer forma, alguns meses depois, numa tarde tranquila de inverno, eu estava cuidando das ovelhas quando de repente elas ficaram assustadas e começaram a saltar assustadas como loucas sem motivo aparente e eu não conseguia detê-las. Eu sabia que algo estava errado. Então eu olhei ao redor e vi o que era; a cerca de cem metros de distância, vindo da floresta tinha um lobo enorme, dentes amarelos brilhantes ao sol. Ele era imenso. Duas vezes maior que qualquer uma das minhas ovelhas. Nunca imaginei que nada tão grande e horrível pudesse existir. Ele não me deu atenção, alguma, foi direto em direção ao rebanho, no início lentamente, depois com uma explosão assustadora, ele atacou o rebanho, agarrou uma ovelha pela garganta e, em alguns momentos, arrastou seu corpo sangrando para a floresta.
“Quase louco de medo, tirei as ovelhas dali e falei a todos o que aconteceu. Nos próximos dias, meu tio e dois outros me acompanharam com grandes rifles e estilingues. Mas depois de um tempo quando o lobo não apareceu, eles me deram um apito soprar assim que avistasse um lobo de novo e eles viriam imediatamente. Com certeza poucos dias depois ele voltou. Mas desta vez ele não olhou para as ovelhas , desta vez ele olhou para mim. Aproximando-se da mesma maneira lenta como tinha feito com as ovelhas uma semana antes. Ele era ainda maior do que eu pensava. Tive tanto medo que fiquei paralizado. Eu nem conseguia encontrar o apito... e não teria ajudado de qualquer maneira, eles nunca teriam chegado a tempo. Eu me virei, e avistei o Sroil ali na rocha ...... Sroil! Era minha única esperança!
“Eu gritei e gritei: Sroil! Sroil! Ajude-me por favor! Com todos os meus pulmões.
Eu me virei de novo. O lobo parou, os olhos ardendo por sangue, olhando profundamente na minha alma. Eu estava hipnotizado por esses olhos, eu não podia desviar o olhar, petrificado com medo, incapaz de respirar, certo de que assim que piscasse, meu corpo seria o próximo a ser arrastado para o bosque. Um tremor escorria pela minha coluna e comecei a chorar. Tive tanto medo que não podia abrir os olhos. Fiquei apenas rezando por um milagre. Eu não podia acreditar que ele não atacou. De repente, ouvi uma voz atrás de mim: "Não tenha medo do meu amigo, ele não está mais vivo. Venha."
“Era o Sroil. Ele me pegou pela mão, levou-me ao lobo e o empurrou: lobo estava morto, petrificado. Ele me disse então: "Retire o pelo e faça um casaco para você se aquecer". Acrescentando ainda: ‘você viverá uma longa vida’.
"Eu fiz o que ele mandara e depois, quando eu contei a todos o que aconteceu e mostrei-lhes o casaco, o padre disse a todos que estávamos realmente errados sobre o Sroil; que ele era um homem santo e que devíamos fazer algo para ele em retorno. Então eu disse a eles como eu notei que, às vezes, no gelo ao redor da fonte que ele usava, havia marcas de sangue em seus pés, o padre disse que devíamos colocar peles lá para proteger seus pés do chão congelado e fazer uma cerca em torno da fonte. Seria uma fonte sagrada.
“Depois de algum tempo, Sroil parou de ir na fonte mas, cerca de um ano depois, outro milagre aconteceu. Eu tinha um tio chamado Ivan. Ele teve um único filho chamado Stefen que ele amava com todo seu coração. Um dia, Stefen ficou realmente doente com febre alta, até que o médico declarou que ele morreria. Meu pobre tio Ivan começou a chorar e a enlouquecer, arrancando os cabelos, até que alguém apareceu com um copo de água da fonte sagrada e deu ao menino para beber. Quase imediatamente a febre cedeu e no dia seguinte ele já estava melhor. Este foi um grande milagre e, logo se espalhou que a fonte cura os doentes, então as pessoas começaram a morar aqui, bem próximas da fonte. Depois de um tempo, havia mais de trezentas famílias. É por isso que a cidade se chama Sroilov."
O Santo Ruzhiner entendeu que "Sroil" não era outro senão o Baal Shem Tov – Yisroel.
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