Adaptado dos ensinamentos do Rebe,
Licute Sichot vol. 24

Yom Kipur, o Dia da Expiação, é inteiramente dedicado a retornar a D’us em teshuvá (arrependimento). Dentre as muitas mitsvo envolvidas em teshuvá está o ato de confissão, como declara a Torá: “Confessarás o teu pecado.”

Na verdade, esta é a base para o “Al Chet” (“Pelo pecado de…”) confessional recitado em Yom Kipur, que enumera os vários pecados que a pessoa possa ter cometido.

No Talmud Jerusalém, a questão se esta confissão generalizada é ou não suficiente é debatida. Rabi Yehuda Ben Betaira afirma que além de recitar Al Chet, uma admissão detalhada dos pecados pessoais é exigida. Rabi Akiva, em contraste, opina que “não é necessário entrar em detalhes sobre os atos da pessoa.”

Mas qual exatamente é o cerne deste argumento? Como explica Tosefot, a insistência de Rabi Yehuda numa exposição detalhada é com o propósito de despertar um profundo senso de remorso. Quanto mais a pessoa se envergonhar de seus erros, mais profundo será o arrependimento.

Rabi Akiva, no entanto, leva em consideração o fator humano, e declara que se a confissão individual de uma pessoa for entreouvida por outros, “ele pode ser suspeito também de outros pecados”. Em outras palavras, a maneira de pensarem sobre ele pode ser negativamente afetada.

Na essência, o argumento gira em torno de onde deve ser colocada a ênfase: no presente ou no futuro. Quando o presente é enfatizado – o fato de que hoje é Yom Kipur – é preferível enumerar os próprios pecados para atingir um nível mais elevado de teshuvá. Quando a ênfase é no futuro, o fator determinante é evitar quaisquer possíveis repercussões negativas.

Num nível mais profundo, há  outro motivo para sua discordância. Rabi Yehuda vê o indivíduo em seu estado atual, como alguém que está apenas começando a fazer teshuvá e a se aproximar de D’us. Há duas motivações básicas para fazer teshuvá: um estágio inicial, no qual a pessoa se arrepende por um senso de temor, e um nível mais elevado, no qual a motivação é o amor a D’us. Quando uma pessoa enumera cada pecado seu, isso produz nela um forte sentimento de temor e reverência a D’us.

Rabi Akiva, no entanto, olha para o quadro geral, e antecipa que a pessoa terminará por atingir o nível mais elevado. Na verdade, toda sua atitude é sempre perceber o bem oculto em todas as coisas. Quando uma pessoa se arrepende por amor a D’us, não faz diferença se o pecado é grande ou pequeno; pois ele sabe que todo pecado cria uma distância entre ele e D’us, e evitará cometer até mesmo a menor transgressão.