Assinar contratos nas três semanas
Pergunta:
“Shalom Rabino. Ouvi certa vez de alguém que durante as ‘três semanas’ não se deve assinar um contrato novo. A pergunta é a seguinte: de acordo com esta ideia, eu e minha esposa podemos assinar o contrato de aluguel de um apartamento no qual queremos morar?”
Resposta:
O costume vigente é de fato evitar assinar contratos de compra ou aluguel de apartamentos nas ‘três semanas’, a não ser que haja o receio de que não se consiga fechar o negócio depois deste período, ou que haverá prejuízo por causa desta espera. O ideal, nesses casos, é que se assine uma carta de intenções ou pré-contrato, deixando a assinatura do contrato definitivo para depois de Tishá Beav.
Diminuição da alegria
A Mishná, no Tratado de Taanit, decreta: “quando entra Av, diminui-se a alegria”. O motivo é o fato de duas tragédias, que transformaram profundamente a vida do povo judeu, terem ocorrido neste mês: a destruição do primeiro e do segundo Templo Sagrado. Por isso, deve-se evitar a realização de eventos e encontros alegres, neste período.
Como se diminui a alegria nesses dias em diversos aspectos, costuma-se evitar o consumo de carne e vinho, considerados produtos que ajudam a construir a atmosfera de alegria. Os ashkenazim costumam não consumi-los nos nove primeiros dias do mês, desde o Rosh Chodesh Av (inclusive) até o meio-dia do dia 10 de Av – dia no qual o Templo continuou a queimar. Os sefaradim consomem-nos no Rosh Chodesh, cumprindo a proibição a partir do segundo dia do mês até o fim do décimo dia de AV.
Incluem-se nas proibições citadas todos os tipos de carne, bovina ou avícola. Na Halachá fixou-se também que alimentos que foram cozidos com carne, como legumes em ensopados que contém carne, são proibidos nos nove dias iniciais do mês de Av. Alimentos “parve” (neutros – nem carne, nem leite e seus derivados) cozidos em panelas de carne (limpas e sem resíduos de carne) são permitidos desde que não mantenham o sabor da carne. O consumo de peixe é totalmente permitido no período das Sheloshet Shavuot (três semanas).
Música
Os legisladores escreveram muito sobre a proibição de organizar festas que incluam acompanhamento musical, com instrumentos e danças. Por isso, deve-se evitar nesses dias a organização de festas dessa natureza.
No caso dos alunos e professores de música, já que o objetivo da música que produzem não é necessariamente se alegrar, e sim o fazem como treinamento, há quem permita que prossigam com as aulas até a semana em que cai Tishá Beav. Nessa semana, porém, as aulas são proibidas de acordo com todas as opiniões.
Vinho e Carne
A proibição de se beber vinho, durante os nove dias, abrange todos os tipos de vinho, inclusive os sucos de uva. Ela não inclui, no entanto, os whiskys e cervejas, para quem deseja consumi-los.
Carnes ou demais comidas cozidas com carne que sobraram das refeições de Shabat não devem ser consumidas durante a semana, no período dos nove dias, principalmente nos dias atuais em que não há o problema de "baal tashchit" (desperdício), já que podemos congelá-las e consumi-las depois de Tisha Beav.
Vinho na Havdalá
No Shabat, apesar de estarmos no período dos ‘nove dias’, é totalmente permitido comer carne e beber vinho como sempre, pois é proibido manter qualquer costume de luto no Shabat.
Os Sábios também permitiram que se prove os cozidos de carne preparados para o Shabat, mesmo antes do Shabat, para verificar o gosto da comida. Este tipo de prova é considerada uma mitzvá e não uma verificação “de prazer”.
Com relação à Havdalá, na saída do Shabat, o costume é recitá-la normalmente. Há diferentes costumes, porém, quanto a beber o vinho da Havdalá ou não. Os ashkenazim costumam pedir a uma criança de até sete anos de idade que beba um pouquinho do vinho. Neste caso, o oficiante deve ter, na recitação da berachá (bênção) de “Borê Pri Hagafen”, a kavaná (intenção ou pensamento) de que é a criança que vai beber o vinho. Os sefaradim, por sua vez, costumam permitir que o oficiante adulto beba normalmente o vinho da Havdalá.
Cortar o Cabelo e a barba
Por motivos de recato, as mulheres podem cortar os cabelos durante as Sheloshet Hashavuot (três semanas). Elas também podem retirar pelos incômodos de qualquer parte do corpo, mesmo por motivos estéticos.
Há uma discussão entre os legisladores a respeito de cortar a barba durante as três semanas. Muitos opinam que não há diferença entre cortar os cabelos ou a barba, e os dois são proibidos, como estudamos anteriormente. E há aqueles que permitem fazer a barba durante as três semanas, toda véspera de Shabat, em honra ao Shabat. E quem quiser seguir esta opinião tem no que se basear, em termos de opiniões haláchicas.
Contudo, na semana em que cai Tishá Beav, é proibido tanto cortar os cabelos quanto a barba, segundo todas as opiniões.
Frutas e Roupas Novas
Costuma-se ter o rigor de não comer frutas novas, tampouco vestir roupas novas, no período dos Sheloshet Hashavuot (três semanas), para que não surja a obrigação de se fazer a berachá (bênção) de "Shehecheianu" – uma berachá na qual se agradece alegremente ao Todo-Poderoso por se ter chegado ao momento da sua recitação. Assim sendo, como fazer esta berachá num período tão historicamente duro e negativo para Israel, chamado de “propício para imprevistos ou incidentes”?
É permitido, porém, comprar roupas de menor importância, como meias, por exemplo, sobre as quais não se recita a berachá de "Shehecheianu", ou sapatos novos, sobre os quais tampouco se recita a mesma berachá. Se a pessoa encontrou uma oferta interessante e quer aproveitá-la durante as Sheloshet Hashavuot, poderá comprar a roupa, com a condição de que somente a vestirá pela primeira vez após o período de três semanas de luto, quando, então, recitará a berachá de "Shehecheianu".
Nos Shabatot dentro das três semanas, até mesmo no Shabat anterior a Tishá Beav (Shabat Chazon) é permitido recitar a berachá de "Shehecheianu". Portanto, quem tem frutas novas deve guardá-las para o Shabat, quando as comerá e recitará normalmente "Shehecheianu".
Com relação a roupas novas, a regra é que é permitido estreá-las nos Shabatot anteriores ao Rosh Chodesh Av, quando a pessoa recitará a berachá (bênção) de "Shehecheianu". No Shabat posterior ao Rosh Chodesh, no entanto, o costume é não estrear roupas novas com a berachá de "Shehecheianu", mesmo sendo em um Shabat.
A lavagem das roupas
Uma proibição vigente nos nove dias iniciais do mês de Av é a lavagem das roupas. Os Sábios incluíram nesta proibição outros cuidados como passar a ferro. Tais restrições somam-se aos costumes de luto e consternação, já que por meio destas as pessoas restringem-se em seus cuidados pessoais, neste caso, com sua limpeza, arrumação e apresentação.
Os Sábios proibiram também vestir roupas e usar roupas de cama lavadas nos nove dias. Os ashkenazim cumprem esta proibição desde o início do mês de Av, enquanto que os sefaradim somente na semana em que cai Tishá Beav – este ano, como o jejum será em um domingo, não haverá essa proibição para os sefaradim (lavar, passar ou vestir).
Os ashkenazim cumprem a proibição de lavar roupas ou vestir roupas lavadas – inclusive roupas de cama lavadas –, desde o início do mês de Av, até o final do jejum do dia 9. É preciso salientar que estas proibições recaem somente sobre roupas de adultos. Roupas de crianças, que costumam se sujar com freqüência, podem ser lavadas normalmente nesse período.
Quando se lava nesse período as roupas das crianças em uma máquina de lavar é proibido acrescentar roupas dos adultos ou toalhas de mesa ou banho. Por outro lado, é permitido lavar as roupas de qualquer doente, já que isso é importante para o restabelecimento de sua saúde.
Por causa do seu costume mais rigoroso, os ashkenazim podem preparar “roupas usadas” para usar nos nove dias, ou seja, eles devem usar cada uma das peças, que pretendem usar nesse período, antes do Rosh Chodesh Av, por uma hora. Dessa forma, a peça de roupa não é mais considerada limpa ou lavada, podendo ser usada nos nove dias. Essas restrições não se aplicam às roupas de baixo e meias, que podem ser usadas normalmente limpas ou após a lavagem, durante os nove dias.
Reformas da casa /Assinatura de Contratos
Até o final do mês de Tamuz, não há problema algum em reformar a casa com qualquer propósito. Do Rosh Chodesh Av em diante, porém, passa a ser permitido fazer somente reformas que não se encaixem na categoria de “construção que traz alegria”, ou seja, os Sábios permitiram construir ou reformar em casos de real necessidade e não em situações supérfluas. Assim sendo, pinturas em geral ou trocas de pisos – consideradas reformas supérfluas – são permitidas somente até o Rosh Chodesh Av. Reformas necessárias para o cotidiano, sem as quais torna-se difícil viver no local, podem seguir sendo feitas também depois do Rosh Chodesh Av.
O costume vigente é o de evitar assinar contratos de compra ou aluguel de apartamentos nas ‘três semanas’, a não ser que haja o receio de que não se consiga fechar o negócio depois deste período, ou que haverá prejuízo por causa desta espera. O ideal, nesses casos, é que se assine uma carta de intenções ou pré-contrato, deixando a assinatura do contrato definitivo para depois de Tishá Beav.
O Jejum
No jejum de Tishá beAv, há cinco proibições: comer e beber, banhar-se, untar-se, calçar sapatos de couro e manter relações conjugais. Há muitas regras relacionadas aos doentes, que podem ser isentados do jejum, em casos específicos. É preciso, portanto, consultar um rabino especialista em cada caso.
Deve-se evitar, nesse dia, qualquer tipo de banho do corpo ou de partes do mesmo, inclusive com água fria. Somente quem se sujou, pode lavar o local da sujeira. Até mesmo a Netilat Yadaim (ablução das mãos), que é obrigatória, deve ser limitada às pontas dos dedos, nesse jejum.
Dificuldade de Jejuar
Quem tem dificuldade de jejuar, e quer acordar antes da Alot Hashachar para comer, pode fazê-lo, desde que tenha se condicionado antecipadamente que assim iria fazê-lo; desta forma, é como se o jejum não vigorasse sobre a pessoa ainda; caso contrário lhe será proibido comer antes da Alot Hashachar.
Para beber, há diferença entre os costumes. Para os ashkenazim, não é necessário a condição prévia. Para os sefaradim, não há diferença entre comer e beber – ambos exigem a condição prévia.
Crianças pequenas, que ainda não chegaram à idade de Bar Mitsva, são isentas de jejuar. Mas muitos costumam educar seus filhos para que jejuem algumas horas, com o intuito de ensiná-los sobre a importância do Beit Hamicdash. E assim, mesmo que dêem de comer para as crianças pequenas, deve-se dar apenas alimentos simples (nada de doces e coisas do gênero), para que sintam um pouco o jejum.
Aprendemos na Guemará, em Massechet Taanit, que, além da destruição das muralhas, aconteceram nesse dia outras tragédias com o Povo de Israel: Moshe Rabenu (Moisés) quebrou as Tábuas da Lei quando desceu do Monte Sinai e viu o pecado do bezerro de ouro. Parou de ser sacrificada a oferenda do Tamid no Templo, pois o cerco fez com que não pudessem ser trazidos novos animais à Jerusalém. Apostumos, o romano, queimou um Sêfer Torá e colocou um ídolo romano dentro do Templo.
Essas cinco desgraças acometeram o povo de Israel no dia 17 de Tamuz, em diferentes anos. Por isso, os Sábios fixaram um jejum nacional neste dia. No próximo domingo (a não ser que o terceiro Templo seja construído antes), será o jejum de 17 de Tamuz (jejum postergado esse ano pois 17 de Tamuz será no Shabat). Embora obrigatório, este é um dos jejuns considerados leves, pois se jejua somente durante o dia.
Sheloshet Hashavuot
Música, mar e piscina parte 4
Os legisladores acrescentam que não apenas música ao vivo, com instrumentos, é proibida, mas também música gravada, transmitida por rádio ou reproduzida em CD, já que ela também alegra os ouvintes.
Outro assunto tratado pelos Poskim (rabinos legisladores) é o banho de mar ou piscina, e também passeios em geral. Como vimos, esses são dias “propícios para imprevistos ou incidentes”, portanto, é preciso evitar ao máximo atividades que não sejam realmente necessárias, ainda mais se houver nelas algum nível de risco, mesmo pequeno.
Entretanto, como halachá, na prática, não há proibição de se banhar no mar ou piscina, a não ser a partir do Rosh Chodesh Av, quando se deve diminuir a alegria e tomar cuidado redobrado em todas as atividades a serem realizadas.
Tishá beAv - Estudar Torá e se cumprimentar
No dia de Tisha Beav (9 de Av), dia no qual os dois Templos Sagrados foram destruídos, a Halachá proibe estudar Torá. Foi permitido, no entanto, estudar as agadot (histórias) da destruição e demais assuntos tristes, relacionados às perseguições e sofrimentos do povo de Israel. É permitido também estudar as halachot do próprio Tisha Beav.
Deve-se tomar o cuidado de não se ler, neste dia de luto nacional, jornais, revistas ou livros divertidos que desviem a atenção do luto. O motivo é que o significado essencial deste dia é justamente refletir sobre os sofrimentos decretados sobre o povo de Israel na longa diáspora em que ainda estamos.
Como um sinal de luto, é proibido também as pessoas se cumprimentarem, dizendo "shalom" umas às outras. De acordo com a maioria dos Poskim (rabinos legisladores), é proibido dizer também "boa noite" e "bom dia".
Quando alguém que não sabe essa regra cumprimenta outrem, este último deve responder-lhe "bom dia", para não magoá-lo, mas com cabeça baixa. Isso é melhor do que responder com a palavra "shalom".
Tishá beAv - Quando cai no Shabat
Não vigoram quaisquer costumes de luto no Shabat. Portanto, quando o 9º dia do mês Av (Tisha Beav) cai em um Shabat, o jejum é adiado para o domingo e neste Shabat devemos comer carne e beber vinho normalmente, cantando e nos alegrando como em qualquer outro Shabat.
Na Seudat Shelishit (terceira refeição do Shabat, realizada aos sábados á tarde) deve-se comer e beber normalmente, tomando, no entanto, o cuidado de encerrar a refeição antes do pôr do sol [consulte horários para a sua localidade]. A partir desta hora, costuma-se também não mais entoar as canções alegres de Shabat, embora vestidos com as roupas de Shabat e sapatos de couro até a "saída das estrelas", ou seja, o horário do término do Shabat. Então, pronuncia-se “Baruch Hamavdil Bein Kodesh lechol”, e as pessaos devem tirar os sapatos e vestir roupas comuns, dos demais dias da semana. Lembrando que é proibido vestir roupas limpas, lavadas, e sim somente roupas usadas (já vestidas).
Tishá be Av/Havdalá
Vimos ontem que no sábado á noite em que se inicia o jejum de Tisha Beav, permanecemos vestidos com as roupas de Shabat e sapatos de couro até a "saída das estrelas", ou seja, o horário do término do Shabat. Então, diz-se “Baruch Hamavdil Bein Kodesh lechol”, tiram-se os sapatos de Shabat, calçam-se sapatos que não sejam de couro, e vestem-se roupas comuns, dos demais dias da semana. Devemos acrescentar que neste Motzaei Shabat (“saída do Shabat”) não se faz a cerimônia de Havdalá como em todos os Shabatot, pois, por causa do jejum, é obviamente proibido beber o vinho.
Assim sendo, a Havdalá recitada sobre o vinho é adiada para o domingo à noite, no final do jejum. O trecho “Ata Chonantanu”, porém, deve ser acrescentado na Amidá de Arvit, como em todo Motzaei Shabat. A Berachá (Bênção) sobre a vela também deve ser recitada, logo após a Tefilat Arvit (Oração Noturna), antes da leitura da Meguilat Eichá, quando se costuma apagar as luzes da sinagoga e acender velas para acompanhar a leitura. Quem não conseguiu recitar esta Berachá neste momento, pode fazê-lo por toda esta noite.
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