Um ano atrás numa tarde do Shabat, minha família e eu fomos visitados por um amigo de meu marido, sua esposa e filhos, que moram em outra cidade. Estavam nas proximidades, e pararam para uma breve visita amigável. Embora minha casa não seja o lar mais religioso da rua, observamos o Shabat em muitos níveis diferentes, e pessoalmente, não dirijo nem uso equipamentos eletrônicos.

Pedi desculpas aos nossos hóspedes por não poder entretê-los na maneira em que estavam acostumados. A resposta deles foi inesperada, pois disseram que pensavam ser “legal” celebrarmos o Shabat, e expressaram interesse em ter um jantar de Shabat e acender velas uma vez por mês em sua casa. Fiquei encantada com a possibilidade de poder realmente influenciar alguém a cumprir uma mitsvá, e guardei na mente uma mensagem: comprar-lhes seu primeiro par de castiçais.

Eu pensava com frequência naqueles castiçais. Muitas vezes tive a intenção de comprá-los. Mas como sempre acontece, a vida atrapalha nossas boas intenções, e um ano depois, eu ainda não tinha cumprido minha mitsvá. Então, algo aconteceu.

Na noite da terça-feira 2 de dezembro, tive o privilégo de comparecer a um serviço memorial por Rabi Gavriel e Rebetsin Rivka Holtzberg, bem como outros judeus, que foram assassinados nos ataques terroristas em Mumbai. A reunião foi feita no nosso centro Chabad local, e havia muita gente. Judeus de toda afiliação, idade e gênero se reuniram em homenagem a essas pessoas justas.

Algumas pessoas falaram em nome dos falecidos. Algumas pronunciaram palavras de lamento e tristeza, e outras palavras de Torá com esperança. Algumas pessoas falaram sobre as ramificações globais desse evento, enquanto outras fizeram relatos pessoais sobre suas experiências com os Holtzberg. O mais notável para mim foi a exibição de um vídeo memorial sobre o rabino e sua esposa. O vídeo mostrava as vidas breves de Gavriel e Rivka. Houve uma narrativa sobre a primeira parte de suas vidas bem como entrevistas ao vivo com eles durante o tempo que passaram na Índia.

Ficou obvio pelo breve filme que o jovem casal se empenhava em seu trabalho e ainda mais claro que eles sabiam qual era a sua missão na vida. O crescimento constante das comunidades locais e internacionais na Índia era genuíno e extenso. Eles exemplificaram como levar a vida não apenas para si mesmo, mas para aqueles ao redor. Enquanto criavam seu filho de dois anos, Moshê, eles dedicavam a vida a fazer contato com outros e tentar consertar o mundo através da Torá e mitsvot.

Enquanto eu observava aquela sala diversificada naquela noite, entendi que mesmo na morte, Rabi Gavriel e Rivka ainda estavam cumprindo mitsvot. Unir tantos judeus diversos e levá-los a um local de prece não é uma tarefa pequena, e certamente é uma mitsvá com implicações espirituais que não podemos compreender.

Então, por que eu estava lá? Como eu me encaixava naquele quadro, e o que iria fazer para assegurar que estava fazendo minhas contribuições com nossa comunidade e nossa nação? Para iniciantes, eu estava conseguindo aquele par de castiçais sobre o qual tinha pensado.

Ironicamente, nem sequer precisei sair do prédio para eles. Chabad tinha um kit de acendimento de velas de Shabat como presente na entrada.

Foi tão fácil assim?

Sim, foi. Estou feliz em dizer que no dia seguinte o amigo de meu marido recebeu aqueles castiçais. Rezo sinceramente para que aquelas velas sejam acesas pelo mérito de Rabi Gavriel e Rivka Holtzberg, seu filho sobrevivente, Moshê, e todas as vitimas inocentes do ataque em Mumbai. Que eles nos inspirem a cumprir mais mitsvot para que possamos continuar a missão dos Holtzberg de tikun olam, consertar e aperfeiçoar o mundo, e apressar o tempo em que haverá paz eterna neste mundo.