Um orador itinerante chegou a uma aldeia e requisitou permissão para falar. Pediu também que o rabino lhe concedesse a honra de assistir ao seu sermão. O bem-intencionado rapaz pronunciou um discurso infindável, o qual, apesar de toda energia emocional, era lamentavelmente vazio de substância. Quando finalmente terminou, aproximou-se ansiosamente do rabino para saber sua opinião sobre o pronunciamento.

“Devo dizer-lhe que prestou-me um grande favor” – começou o rabino, escolhendo as palavras para causar o máximo efeito – “porque esclareceu uma dúvida que sempre me deixou perplexo. O Rei Salomão declara que para tudo há tempos diferentes: ‘Um tempo para chorar e um tempo para rir… um tempo para construir e um tempo para destruir…’ (Cohêlet 3:1-8).

“Para cada par de extremos” – continuou ele – “há também um ponto de neutralidade, i.e., nem para rir nem para chorar; nem para construir nem para demolir. A exceção seria a frase: ‘Há um tempo para falar e um tempo para permanecer calado.’ Onde está o ponto no meio? Ou a pessoa está falando, ou está calada. Certo?”

O orador visitante afirmou que este era de fato um versículo difícil, e que mal podia esperar para ouvir como o rabino resolvera o problema.

“Esta dúvida atormentou-me por anos” – investiu o rabino sobre sua desavisada presa – “mas seu sermão acaba de fornecer-me a solução. Você falou por duas horas inteirinhas, mas não disse absolutamente nada!”