Pergunta:
Gostaria de saber como e quando surgiu o costume de se fazer chalá no Shabat.
Resposta:
Segue abaixo matéria mais completa que deverá responder suas dúvidas:
A história da chalá
O pão sempre tem sido o principal componente da mesa judaica. A Torá muitas vezes usa a palavra "pão" ao referir-se à "comida". Hoje, nenhuma refeição de Shabat ou Yom Tov pode ter início sem um par de Chalot frescas na mesa, (exceto logicamente em Pêssach, quando trocamos o pão pela Matsá).
"Chalá" é a denominação dada a esse pão trançado especial. Uma mesa com Chalot é um sinal de festividade. Em dias de Shabat e Yom Tov, é uma mitsvá comer uma refeição festiva que tem início com o kidush e o tradicional lavar das mãos antes de comer a Chalá. Em honra à ocasião, fazemos a bênção de Hamotsi sobre um par de Chalot inteiras, não cortadas. Demonstramos assim que D’us provê todas as nossas necessidades, tanto as de Shabat como as de todos dias da semana, mesmo que não trabalhemos no Shabat.
O Maná diário
Quando os judeus se encontravam no deserto, após a saída do Egito, não tinham o que comer, pois o pequeno suprimento de matsá que tinham trazido já havia se esgotado. Então D’us mandou uma porção diária de Maná, uma comida que caia do céu, em porções individuais para cada pessoa.
O Maná continha a propriedade de satisfazer "a todos os gostos" – qualquer sabor que se desejava ou mesmo se imaginava o Maná oferecia. Na sexta-feira nossos antepassados recebiam uma porção dobrada de Maná, pois no Shabat não é permitido carregar algo do campo para o lar. Assim para comemorar este fato, ao invés de iniciar as refeições de Shabat e Yom Tov com pão comum, fazemos a bênção sobre um par de Chalot.
Quando o Maná caía no solo ele permanecia fresco, pois estava "forrado" por uma camada de orvalho por baixo e por cima. Este é um dos motivos por que colocamos as Chalot sobre um prato ou travessa, e sobre elas, uma cobertura especial decorada.
Deduz-se da descrição bíblica que o Maná lembra em sua aparência sementes brancas de papoula. É por isso que muitos costumam espalhar sobre a Chalá sementes de papoula (ou de gergelim).
Os doze pães (lechem hapanim)
O Mishcan (Tabernáculo) portátil no deserto, e mais tarde o Templo Sagrado na terra de Israel, era a Casa de Serviço a D’us. Lá havia diferentes utensílios representando diferentes tipos de Serviço. Lá estava a Arca com os Dez Mandamentos e a Primeira Torá escrita; a Menorá de azeite que era acesa a cada dia, representando a luz da Torá; os dois Altares usados para a queima do incenso e sacrifícios; e também a Mesa, representando nossas necessidades físicas (como comida), pelas quais também somos dependentes da Vontade e Graça de D’us.
A Mesa tinha sobre si 12 prateleiras abertas. Cada prateleira representava uma das doze tribos de Israel. Cada sexta-feira os Cohanim (sacerdotes) assavam doze pães, e no Shabat trocavam esses pães por aqueles assados na semana anterior. Apesar de passada uma semana, os pães permaneciam frescos e quentes, tal como novos, e eram comidos pelos Cohanim no Shabat. Este milagre é mais uma relação entre a Chalá e o Shabat.
Nossa Chalá no Shabat nos faz recordar estes dois milagres: o milagre do Maná é recordado quando fazemos a bênção sobre duas Chalot inteiras; enquanto que o intricado número de tranças de cada Chalá—seis, perfazendo um total de doze – traz à memória o milagre dos pães no Templo.
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