Ma'ariv
À noite, o serviço de Ma'ariv é o mesmo que nos dias de semana normais. Após Shemonê Esrê (Amidá), diz-se o Cadish e Echá (Lamentações) é lido, seguido pelo recital de Kinot. Depois de Kinot, dizemos Veatá Cadosh, que é seguido por Cadish. A estrofe de Titcabel é omitida deste Cadish, e também do Cadish recitado ao final de Shacharit. Em Minchá, entretanto, Titcabel é incluído no Cadish.
Titcabel é omitido porque é uma petição para que nossas preces sejam aceitas. Como lemos em Echá (3:8) que: Minha prece foi calada, como podemos pedir a D'us que aceite nossas preces se elas foram caladas! Algumas pessoas não omitem Titcabel do Cadish recitado após Shemonê Esrê, porque Echá ainda não foi lido.
Nossos Sábios (Echá Rabá) escrevem: D'us disse [aos anjos na época da Destruição]: O que faz um rei mortal quando está de luto? Apaga as lanternas [em seu palácio]. Eu também farei o mesmo, como diz o versículo (Yoel 2:10): O sol e a lua escureceram.
À noite, uma única luz é acesa no púlpito da sinagoga, e a cortina (parochet) é removida da Arca Sagrada. É substituída antes de Minchá. Em muitas comunidades sefaraditas, costuma-se apagar todas as luzes na sinagoga e acender uma pequena lamparina. O chazan então anuncia o número de anos que se passaram desde a destruição do Templo Sagrado. Por exemplo, em Nove de Av do ano hebraico de 5762 (2002), ele anunciou que mil, novecentos e trinta e quatro anos se passaram desde a destruição do Segundo Templo Sagrado.
Em comunidades sefaraditas e na maioria das ashkenazitas, Echá é lido de um livro impresso, em vez de em um rolo, e nenhuma bênção é recitada antes da leitura. As comunidades ashkenazitas que seguem o costume do Gaon de Vilna lêem Echá de um rolo de pergaminho, e recitam a bênção de Al Micrá Meguilá antes. Quando Echá é lido pela manhã, nenhuma bênção é recitada.
Ramá escreve que a cada vez que é lida a palavra Echá [i.e., no início dos capítulos], o leitor deve empostar a voz.
Levush escreve que o costume de não ler Echá de um rolo de pergaminho - mesmo se a obrigação de ler publicamente for maior que aquela de outras meguilot - está baseado no fato que rolos de Echá são raros. Os escribas não escreviam habitualmente esta Meguilá, como uma expressão da ânsia e grande antecipação do tempo em que Nove de Av será transformado em um dia de júbilo e felicidade. Então, devido a escassez de rolos de pergaminho, tornou-se habitual ler Echá de um livro impresso.
A congregação escuta atentamente a recitação da Meguilá pelo ledor. Quando o versículo de Hashivenu é lido [o penúltimo versículo de Echá], a congregação recita o versículo em voz alta, seguida pelo ledor. Este então lê o último versículo, após o que a congregação repete Hashivenu mais uma vez como faz o ledor.
Se Nove de Av cai num sábado à noite, a prece de Vihi Noam é omitida. O tema desta prece é a compleição do Tabernáculo e não se apropria a Nove de Av, quando choramos a destruição.
Veatá Cadosh é recitada após a leitura de Echá - mesmo quando Nove de Av não cai numa noite de sábado. O primeiro versículo desta prece - "E um redentor virá a Tsiyon" - é omitido, pois a tradição ensina que a redenção não virá à noite. O versículo "E este é meu pacto" também é omitido, pois estamos proibidos de estudar Torá, e portanto não aparece, como se estivéssemos estabelecendo um pacto com D'us a respeito da Destruição.
A pessoa que estiver de luto [sentando shivá] não deve ir à sinagoga para a leitura de Echá e para o recital de Kinot. Alguns decretam com maior severidade, e afirmam que durante os três primeiros dias do período de sete dias de luto, a pessoa não deveria sair de casa. Isso se aplica especialmente à noite de Nove de Av, pois somente poucos Kinot são lidos na sinagoga nesta ocasião.
Shacharit
Alguns seguem o costume de omitir a bênção de "Que concedeu-me todas minhas necessidades" nas bênçãos matinais. Esta bênção é recitada, em vez disso, à noite, após o jejum, quando sapatos normais são novamente colocados. Alguns omitem a bênção de "Que coroa Israel com glória" pela manhã, e a recita apenas quando colocam tefilin em Minchá. A maioria das comunidades ashkenazitas recita a bênção pela manhã, do modo costumeiro.
O talit grande não é colocado pela manhã, mas o talit menor [i.e., os tsitsit geralmente vestidos sob a camisa] é vestido como de costume. Não colocamos tefilin em Shacharit, mas colocamo-nos, em vez disso, em Minchá. A base para esta última regra é o fato de que tefilin são chamados de nossa "glória" e em Nove de Av nossa glória está ausente. A fonte para a regra anterior é o versículo de Echá (2:17), que declara: Ele cumpriu sua declaração, que o Targum interpreta como "Ele rasgou seu talit," um jogo com as palavras hebraicas. Algumas comunidades têm o costume de vestir o talit e tefilin em casa, recitando o Shemá, e depois irem à sinagoga para Shacharit. Outros vestem o talit e tefilin para Shacharit, mas os tiram antes de ler Echá e recitar Kinot.
O serviço de Shacharit é o mesmo que nos dias de semana normais, exceto por pequenas alterações relacionadas ao jejum. Ao repetir Shemonê Esrê, o chazan insere Anenu entre as bênçãos de Goel Yisrael e Refaenu, como é feito em todo dia de jejum. Aqueles que seguem o rito sefaradita recitam Anenu no Shemonê Esrê silencioso na bênção de Shemá Colenu. Tachanun não é dito em Nove de Av, pois o dia é chamado de um moed - um dia festivo. A bênção sacerdotal é omitida durante Shacharit, mas é recitada em Minchá.
O salmo do dia e En K'elokenu são omitidos ao final de Shacharit. Costuma-se dizer estas preces antes de colocar tefilin em Minchá. Quando à inserção da prece Nachem em Shemonê Esrê: em algumas comunidades esta é dita pelo chazan durante a repetição de Shemonê Esrê de Shacharit. Nas comunidades ashkenazitas, Nachem é recitado apenas em Minchá.
A Torá é retirada da arca sagrada e três pessoas são convocadas. A leitura é feita da porção de Vaetchanan, começando com o versículo (Devarim 4:25): "Será quando gerardes filhos...", o que fala da destruição da terra. Um capítulo de Yirmiyahu (8:13-9:23), que fala da Destruição, é lido como a haftará do dia.
Após a leitura da Torá, Kinot são recitados e são seguidos, em algumas comunidades, pela repetição da leitura de Echá - sem uma bênção. Em seguida, dizemos Ashre, omitindo Lamenatseach pois Nove de Av é chamado de um moed - um dia festivo - e prosseguimos com Uva Letsiyon. Dentro da última prece, o versículo "E este é Meu pacto" é omitido.
Algumas comunidades têm o costume de quando a primeira pessoa é chamada para a Torá, diz em silêncio Baruch Dayan Ha'emet - "Bendito seja o Verdadeiro Juiz" [sem mencionar o nome de D'us] - a bênção geralmente recitada após ser informado sobre uma morte, ou notícias muito ruins, imediatamente antes de recitar a bênção requerida na leitura da Torá.
Quando ocorre uma circuncisão em Tish'á Beav, é realizado após a recitação de Kinot, e o vinho é dado a uma criança pequena ou à mãe do bebê. Se Nove de Av cai no Shabat, e portanto o jejum é adiado até domingo [e se a circuncisão for no domingo], então depois de meio-dia o pai, o mohel e o sandac podem trocar de roupa e também podem comer. Porém, uma grande refeição festiva é feita somente a noite.
Alguns têm o costume de visitar o cemitério em Nove de Av. Os anciãos de Jerusalém costumavam caminhar em volta das muralhas da cidade, de modo a despertar um sentimento de dor vendo as ruínas da cidade.
Costuma-se fazer caridade em todo dia de jejum, pois nossos Sábios disseram que a recompensa para o jejum vem através da caridade que é feita aos pobres naquele dia.
Minchá
Em Minchá, colocamos talit e tefilin, e lemos a porção de Vayechal (Shemot 32) seguida pela haftará de Dirshu Hashem (Yeshayahu 55:6 - 56:8) como em todo dia de jejum. Em Shemonê Esrê a prece de Nachem é acrescentada à bênção de Bonê Yerushalayim e Anenu é acrescentada à bênção de Shomea Tefilá. Por que Nachem é adicionada em Minchá, ao invés de em Shacharit? Porque foi durante a tarde - na hora em que é recitada o Minchá - que o Templo Sagrado foi incendiado [e continuou a queimar até o final de dez de Av]. Outros dizem que a razão para a omissão de Nachem durante Shacharit é que pela manhã, a pessoa é considerada igual a alguém cujo parente falecido jaz à sua frente, insepulto, ou seja, não está receptiva a palavras de consolo. Portanto, esperamos para dizer Nachem até Minchá, quando a pessoa é passível de ser consolada.
Pessoas que estão doentes, ou menores de idade, que se alimentarem em Nove de Av, mesmo assim recitam Nachem em Minchá. Quem se esquecer de recitar Nachem ou Anenu não repete Shemonê Esrê.
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