O que mais podemos consumir? Já nos tornamos consumidores de tudo que já anunciaram, ou já não nos sentimos tão compulsivos. Bens que eram embalados como extremamente necessários tornaram-se supérfluos, e mesmo os bens de consumo de nossos sonhos não nos interessam mais: ou nossos sonhos mudaram ou amadureceram.

Na verdade, hoje parecem não nos abalar mais se não os adquirimos: tornaram-se obsoletos, descartáveis, facilmente substituíveis por outros cada vez mais velozes, quase insuperáveis…até que surge o “mais recente” lançamento no mercado.

Nos tornamos mais politicamente ou ecologicamente corretos? Ou perdemos o interesse? Simplesmente estamos na era pós consumo, onde tudo que nos é ofertado não nos afeta mais.

A Propaganda enfrenta hoje um de seus maiores desafios: aos publicitários não basta mais ter boas sacadas ou ser dono de uma privilegiada criatividade, ser autor de campanhas premiadas onde viravam celebridades e onde todos os poderosos queriam contratá-los para concretizar o trio: empresa-campanha-sucesso. Hoje se exige muito mais. Campanhas que envolvem somas vultuosas não permitem falhas nem amadorismos.

Mas afinal, o que se tenta vender hoje? Do que as pessoas mais necessitam?

Certamente não são simplesmente os bens de consumo os únicos agentes capazes de satisfazer a insaciável insatisfação humana. O que mais se torna vital para a saúde humana é a união, o equilíbrio, tornar-se dono de mútuas e múltiplas responsabilidades a fim de seßntir-se útil e vivo, em todos os âmbitos.

As mudanças climáticas, a escasses de alimentos, as turbulências nos mercados financeiros, e em todas as esferas da sociedade, da intolerância racial, social, religiosa até o desespero retratado em tragédias, nos remetem a uma visão extremamente caótica do que sobrou do homem e de seu planeta. Mas não é isto que entristece e enterra o homem; é a sua descrença no próprio homem.

Mas a terra não será destruída, nem nós ficaremos assistindo sua deterioração. Somos seres teimosos, otimistas e reconstrutores – criados à Imagem de D’us. É preciso reavaliar quais são nossos verdadeiros valores, o que estamos transmitindo aos nossos filhos e deixando as nossos netos. Para nós o equilíbrio e o objetivo de nossa vida já foi prescrito há mais de 3 mil anos através da outorga da Torá.

Mais uma vez este ano celebraremos Shavuot e escutaremos a leitura dos Dez Mandamentos. Talvez quando a pronuncia deles estiver ecoando na sinagoga e penetrando em nossa alma sejamos novamente despertados com dez novas idéias de como devemos nos conectar uns aos outros e aproximar aqueles que ainda se encontram distantes. Avaliar como devemos aprimorar nossas técnicas de marketing humano, promovendo e espalhando mais bondade e amor ao próximo, sentir sua dor e suas necessidades mais profundas. Somente desta forma estaremos tomando o rumo que a uma vida feliz e com um sentido muito mais amplo. A Torá é certamente nosso maior legado.