O pai judeu telefona ao filho alguns dias antes de Pêssach e diz: “David, odeio estragar o seu dia, mas preciso dizer-lhe que sua mãe e eu estamos nos divorciando – quarenta e cinco anos de sofrimento já são suficientes.” “O que está dizendo?” grita David.

“Não conseguimos mais nos olhar, estamos enjoados um do outro, e fico doente por ter de falar nisso, portanto ligue para sua irmã Shirley e conte a ela.”

Frenético, o filho telefona para Shirley, que explode ao telefone. “De maneira alguma meus queridos pais vão se divorciar!” grita ela.

Telefona imediatamente para o pai e grita: “Papai, vocês não vão se divorciar! Não faça nada até chegarmos aí. Vou ligar de volta para David e estaremos aí amanhã. Você me ouviu?” e ela desliga.

O homem desliga o telefone e volta-se para a mulher. “Ótimo,” diz ele, “eles estão vindo para Pêssach e pagarão a viagem.”

15 Meditações

O Seder de Pêssach é uma oportunidade que nos proporciona a energia para acessar a liberdade em nossa vida coletiva e pessoal. Consiste de um intenso programa com quinze etapas, um projeto rumo à libertação psicológica, emocional e espiritual. Segue abaixo uma breve descrição da meditação, conscientização e trabalho interior refletidos durante cada uma das quinze etapas.

Kadesh – recitar o Kidush, designando o tempo como sagrado: Designar um espaço em sua psique que é sagrado, puro, inocente, curioso e infantil. Sem essa etapa, há estática demais em sua vida para verdadeira escuta, introspecção e crescimento.

Urchatz – lavar as mãos: limpa suas mãos de seu envolvimento com a impureza. Purifica sua vida da mentira, trapaça, traição, relacionamentos imorais, vícios destrutivos, etc. Nenhuma liberação é possível sem este passo.

Carpas – comer um vegetal mergulhado em água salgada: o vegetal crescendo no solo, sobre o qual fazemos uma bênção: “Ele criou o fruto do chão”, simboliza o corpo, criado da terra (Adamah). O pré-requisito para a libertação espiritual é reconhecer que seu corpo e todas as suas disposições são um meio para um fim; eles precisam ser submersos nas águas da inspiração e Torá. Não permita que seus anseios e apetites o definam; você deve defini-los. Não permita que eles o façam refém, mas veja-os como um meio para a sua jornada. Eles estão aqui para serem definidos e explicados por você.

Yachatz – partir a matsá do meio: humildade, vulnerabilidade é a mensagem desse quarto passo. Você deve ter pessoas em sua vida com as quais é completamente aberto, sincero e vulnerável. O falso senso de “Eu sou completo” é o maior obstáculo para a genuína libertação.

Maguid – recitar a Hagadá: conte a história; ensine a história. Estude, aprenda e aprenda ainda mais. Isso expande seus horizontes, desafia o seu ego, e leva você a um lugar mais profundo dentro de si mesmo. Não deize que se passe um dia sem algum sério tempo de aprendizado.

Rochtzah – lavar as mãos: Lave novamente as suas mãos. A arrogância que pode vir após o estudo é muito perigosa. Esta é a pomposidade “religiosa” e “erudita”, de “eu sei tudo” e eu sou “mais sagrado que você”. Continue humilde, real e autêntico.

Motzei – recitar a bênção HaMotzi, “Ele extraiu pão da terra”: Extraia. Agora você está em posição de extrair as oportunidades, as “centelhas” em tudo com que entrar em contato ou qualquer coisa que seja sua. O Judaísmo não advoga desprezar o mundo ou o ascetismo, mas utilizar todos os nossos dons e extrair as possibilidades produtivas e significativas inerentes neles.

Matsá – recitar a bênção sobre a matsá e comê-la: O Talmud descreve a matsá como “o pão da pobreza”. Extraia as possibilidades em sua vida, mas mantenha a perspectiva e o equilíbrio. Não viva como um glutão narcisista, que sente que deve manter o estilo de vida mais luxuoso. Mesmo que você seja abençoado com riqueza, preze a simplicidade, refinamento e modéstia. Se você não é rico, não se sinta pressionado a imitar vizinhos e amigos. Faça as coisas de acordo com a sua capacidade. Permita que a sua dignidade brilhe vinda lá de dentro. As pessoas gostarão muito mais de você assim.

Maror – comer as ervas amargas: empatia. Agora você pode começar a descobrir o maior presente da vida: Estar ali para outro ser humano, Ser capaz de olhar alguém nos olhos e dizer: “Estou aqui para você”, e realmente dizer e viver isto.

Corech – comer um sanduíche de matsá e maror (nos tempos antigos junto com o coelho pascal): A vida é uma montanha russa de Pêssach, matsá e maror (o cordeiro de Pêssach, o pão ázimo e as ervas amargas) – momentos ricos, momentos neutros e momentos amargos. A libertação vem quando descobrimos a arte de ensanduichar todos os componentes da nossa vida num único mosaico. A vida é uma jornada única que abrange todas as três dimensões. Como o surfista profissional, navegue pelas ondas. Shulchan Orach – pôr a mesa, comer a refeição festiva: desenvolva um bom sentimento de hospitalidade com os convidados e ajudando outras pessoas. Não analise os convidados quando eles saírem da sua casa. Lembre-se: seus filhos não desejarão convidar pessoas para a casa deles se souberem o quanto você realmente detesta ter convidados.

Tzafun – comer o aficoman escondido: a essa altura do Seder, comemos e apreciamos o aficoman escondido. Nesse ponto de sua vida, há um “negócio oculto” que pode ainda emergir. Como as camadas de uma cebola, quando você descasca uma camada, surge uma nova. Não fique assustado ou deprimido; pelo contrário, agora que você conseguiu tanto, novos esqueletos ocultos podem aparecer, pois você agora é capaz de lidar com eles. Aprecie o desafio. E também, isso lembra você de que ainda precisa de D'us.

Beirach – recitar as graças: agora você pode começar a bendizer a D'us por todo momento, encontro e experiência em sua vida.

Halel – recitar salmos de louvor: agora, você começa a expressar louvor por todo momento. Nada é aceito como garantido. Cada respirada que você dá e cada movimento que faz é uma oportunidade para louvar e agradecer.

Nirtzah – Nosso serviço é agradar a D'us: mas na verdade, alguém se importa? No quadro geral, não somos menores que grãos de poeira? Por que se incomodar? A resposta: Nirtzah. O desejo de D'us ao criar o mundo foi que construíssemos um relacionamento pessoal e íntimo com Ele e que transformássemos nossa alma animalesca e nosso mundo numa morada Divina.

Sim, você pode fazer muitas perguntas, mas ao fim do dia, é isso que nosso Criador deseja. No próximo ano em Jerusalém.