O oitavo (Shemini) foi o último dia da inauguração do Tabernáculo no deserto.
A princípio não dá para entender por que teve que ser no oitavo dia.

No judaísmo o número sete não é mais sagrado? Para responder aqui está uma história atribuída ao Rabino Yonatan Eibeshitz há mais ou menos quatrocentos anos na Europa.
Ele era uma pessoa famosa e importante em sua cidade e foi convidado pelo rei para uma audiência privada.

O rei se considerava um intelectual também e não demorou para que provocasse o rabino com questões difíceis comparando o Judaísmo às outras religiões, tentando pegá-lo numa armadilha.
Claramente nesses casos era tão perigoso ganhar como perder. Uma palavra contra a religião do rei poderia resultar num desastre, assim como uma resposta insuficiente.

Finalmente o rei perguntou o que é mais difícil de responder: o que significa quando a Torá refere-se aos judeus como o povo eleito de D’us? Como nós vemos a diferença entre os judeus e qualquer outro povo? Justamente o contrário! Os judeus são uma minoria e oprimidos por todas as outras nações! Obviamente o “Velho Testamento” está falando de antigamente, mas não agora! O Rabino Eibeshitz pensou um momento e respondeu.

"Posso mostrar para vossa majestade a diferença, mas com a condição que vossa majestade dê sua palavra que não fará nada de mal contra os judeus apartir do momento que conhecer algo que lhe mostrarei hoje."

O rei prometeu, e então o rabino pediu para ele se disfarçar de cidadão comum para não ser reconhecido na sinagoga, ao seu lado. Estavam no meio da festa de Pêssach. O Rabino Eibeshitz subiu na bimá e anunciou que depois da oração da noite ele queria fazer um anúncio. Suas palavras se espalharam como um incêndio e em apenas alguns instantes todos os lugares estavam tomados e a sinagoga lotou.

“Todos vocês sabem,” falou o rabino no salão silencioso, “que é proibido por decreto real ter consigo qualquer quantidade de seda. Ora, quero que cada um de vocês vá para sua casa e traga toda a seda que tiver. ”(Os judeus vendiam seda para os alfaiates para que não afundassem na pobreza).

Em poucos instantes o salão estava vazio, e logo depois repleto novamente. Cada homem trouxe um rolo ou dois de seda, escondidos em baixo do casaco. O Rabino olhou rapidamente para os rolos de tecido e então anunciou.

“Muito bem! Agora quero que cada um leve de volta sua seda e volte assim que possível com todo o Chamêts (bolos e biscoitos fermentados,que são proibidos em Pêssach) que vocês tiverem em suas casas.

”As pessoas se entreolharam e então olharam com horror para o Rabino. “Mas rabino!! Isso é impossível. Ninguém tem Chamêts! D’us nos livre! Ninguém nunca sonharia em ter Chamêts em Pêssach! Chass Ve'Shalom!!”

“Muito bem!” falou o rabino, “É isso que eu queria ouvir. Chag Samêach a todos vocês! D’us abençoe a todos!!

”O Rabino se virou então para o rei e falou: “Sua majestade tem muitos soldados e policiais em todos os lugares e qualquer um que for pego empossessão de qualquer quantidade de seda será multado pesadamente e até aprisionado. No entanto, o senhor viu como alguns judeus têm seda consigo. Mas nenhuma dessas pessoas jamais viu D’us e Ele não tem soldados e policiais.

De fato hoje um judeu pode, D’us nos livre, transgredir todos os mandamentos Divinos e não receber nenhuma multa, nenhuma prisão, e nem mesmo uma palmatória; ou mesmo qualquer tipo de castigo ou bronca! Mas apesar disso tudo, ninguém sequer pensa em ter posse de Chamêts durante Pêssach. É por isso que os judeus são ‘escolhidos’, não porque D’us necessariamente os favoreça (embora acreditamos que logo Mashiach tornará D’us, Sua Torá e Seu Povo precioso aos olhos de todo o mundo) mas porque Nós favorecemos D’us, acima de qualquer lógica e razão!”

Isso responde a nossa pergunta:
A razão para o Tabernáculo ter sido concluído no oitavo dia especificamente foi porque o número oito significa além do sagrado.

A santidade é apenas uma revelação de Divindade, enquanto que os judeus estão ligados à essência de D’us mesmo; acima de qualquer lógica ou sentido.