Diante de um comportamento questionável ou irritante, muitas vezes cometemos o erro de perguntar; “Por quê?” Para a maioria, perguntar “por quê” a alguém como, “Por que você é tão desorganizado? Por que deixou sua toalha molhada no chão? Por que esqueceu de levar o lanche para a escola? Por que você deixou todas as luzes acesas? Por que você bla, bla, bla…” é inútil e não construtivo. Como assim?

As perguntas do tipo “por que” costumam ser uma investigação genuína da verdade do assunto e mais acusações e críticas veladas. Quando seu cônjuge entra na cozinha no meio da noite procurando aquele último pedacinho de bife com brócolis, por exemplo, e encontra o recipiente de comida chinesa vazia secretamente enterrada no lixo, não há respostas realmente “boas” à pergunta que com certeza vai vir.

Comunicação que Mata

Um dos estilos de comunicação que mata relacionamentos é a defensiva”. Quando nos sentimos injustamente acusados de algo, nos defendemos negando, procurando desculpas, culpando e virando a mesa para o acusador para tornar aquilo erro dele ou dela.

Às vezes, no entanto, podemos ser atingidos, e processar uma pergunta inocente ou boa como um ataque verbal, quando na verdade não era. Estamos todos familiarizados com a história de Adam comendo o fruto proibido e depois se escondendo de D'us. D'us nunca perguntou a Adam por que ele comeu o fruto proibido; D'us simplesmente perguntou: “Onde você está?”

A Pergunta Existencial

Obviamente, essa não foi uma pergunta literal, com D'us brincando de “esconde e esconde,” procurando nas moitas dizendo: “Saia, saia de onde estiver.” Foi uma pergunta existencial. Ao perguntar: “Onde está você?” D'us estava acessando o mecanismo interno por meio do qual Adam tornava OK desobedecer a D'us. Não importa o quanto é destrutivo o comportamento, sempre há uma voz interior que nos convence de que é OK, justificável ou até um imperativo moral.

Ninguém, eu ouso dizer, come doces com chocolate ou é infiel a um parceiro por acidente; a mente pode distorcer qualquer realidade e desculpar qualquer comportamento. D'us queria que Adam contemplasse as graves consequências de seu comportamento porque se Adam estava se escondendo de D'us, e assim desconectado de seu próprio Criador, onde então ele poderia possivelmente estar?

Resposta: Habilidade

O antídoto para a defensiva é simples: cuide do que é seu. Assuma responsabilidade por sua parte, seja grande ou pequena, na criação do problema. D'us esperava que o primeiro homem “se erguesse”, aprendesse com seu erro e se reconectasse. A desobediência de Adam, porém, havia criado nele um sentimento de vergonha tão profundo que ele processou a indagação de D'us como um “por quê”, como um ataque verbal, e assim ele se engajou em comportamentos defensivos típicos. Adam culpou sua esposa por dar a ele o fruto do qual ele comeu, e então ele se dobrou culpando D'us por dar-lhe uma esposa para começar. Pior ainda, Adam falhou ao não demonstrar remorso. Os sábios apontam que no texto hebraico, o verbo “comeu” está no tempo futuro.

Incrivelmente, Adam estava de fato admitindo que mesmo se tivesse a chance de recomeçar, ele cometeria o mesmo pecado novamente – que por todo o tempo, Adam iria comer aquele fruto porque ele não é capaz nem está interessado em mudar. Ele é simplesmente aquele comedor de frutas. Tendo rejeitado a abordagem de D'us e oferta para reparar o relacionamento, não é de se admirar que naquela altura, D'us respondeu: “Você está fora daqui!”

Quem é Você?

Rabi Schneur Zalman de Liadi (o famoso rabino chassídico conhecido como o Alter Rebe), explica que “Onde você está” na verdade significa “Quem é você nesse momento da sua vida?” Pois à medida que passamos pelas dificuldades e tribulações da vida, bem como pelas suas alegrias e deleites, podemos imaginar que envolta em cada situação está a pergunta de D'us para nós: “Onde/quem é você agora… e agora… e aqui… e aqui… com esta provação ou mesmo com aquele triunfo? Você está em relacionamento Comigo? Você está conectado?”

A palavra hebraica para “pecado” é chet. Significa “errar o alvo”, e portanto, devemos entender que é a própria natureza das transgressões nos tirar do curso. Como qualquer pessoa que usa GPS sabe, muitas vezes perdemos uma virada, mas a primeira coisa que acontece quando o sistema retorna à rota é mostrar nossa localidade. Ao contrário do primeiro homem, devemos estar dispostos a recalibrar nossas presunções – assumir responsabilidade pelas nossas ações e reagir de maneira apropriada.

Como Viktor Frankl disse tão famosamente: “Tudo pode ser tirado de um homem exceto uma coisa: a última das liberdades humanas – escolher a própria atitude em qualquer conjunto de circunstâncias, escolher o seu próprio caminho.”

“Onde você está?” é uma pergunta muito poderosa. Que nossas respostas sejam poderosas por sua vez, que nosso caminho seja claro, e não vamos nunca ser “aquele sujeito”, incapaz de sair de trás dos arbustos, amargurado com a vida e que não sabe para onde está indo.

Interiorize e Atualize

Com base na sua vida hoje, escreva cinco maneiras de definir “onde você está?” Olhe para sua lista acima. É onde você está, onde você quer estar? Como sim e como não?

O que você pode começar a fazer hoje, de forma prática, para trabalhar para mudar de onde você está para onde você deseja estar, e anote uma lista de cinco maneiras pelas quais deseja responder “onde está você?” cinco anos a partir de hoje.