A Parashá dessa semana conta a história de como Yossef, nesse momento o governante de fato do Egito, trouxe seu pai Yaacov e seus irmãos para um reencontro emocionante após vinte e dois anos de separação.
Mas pecebemos algo estranho. Quando o Faraó se encontra com o nosso patriarca Yaacov e pergunta a sua idade, ele responde: “Cento e trinta anos, poucos e horríveis”, etc.
Por que ele teria falado isso?
Para entender aqui está uma história.
Os Rabinos Meir Avtson e Leizer Nannes eram criminosos, i.e., “mega criminosos”... aos olhos do governo comunista. Este foi o motivo pelo qual ambos foram enviados para o exílio na cidade distante do Turquistão. Lá eles ficariam distantes de seus amigos, família e outras influências “contra-revolucionárias”.
O exílio cortaria seus laços com a “propaganda” judaica: ensinar Torá para crianças judias ou influenciar outros a seguir os mandamentos Divinos.
E lá ficariam constantemente com medo, pois havia espiões por toda parte e todos os dias tinham noticias de alguém sendo capturado e punido.
Mas qà medida em que a festa de Sucot se aproximava, eles ficaram muito apreensivos; como iriam construir uma Sucá (uma cabana com quatro paredes e teto de folhas cortadas)?
Mas acabou não sendo tão difícil. Tinha um barracão dilapidado do lado do prédio onde estavam. Eles apenas retirariam o que havia restado do teto, jogariam alguns galhos de folhas e logo teriam uma Sucá!
Agora, nessa festa existe um mandamento de alegrar-se, especialmente na última noite chamada de ‘Simchat Torá’, a alegria da Torá. Rabino Meir anunciou logo que havia decidido que o melhor meio de cumprir esse mandamento seria fazer o Kidush com vodka. Mas o Rabino Leizer vetou a ideia completamente. Ridículo! Antes de mais nada, se ficassem bêbados poderiam baixar a guarda e serem descobertos, isso seria o fim deles!
No entanto, naquela noite, depois de terminar de rezar e entrarem na Sucá furtivamente em silêncio, Rabino Meir sacou uma garrafa de vodka enorme para o Kidush! Eles só tinham uma caneca grande e deveriam pela lei judaica beber a maior parte do recipiente. Além disso, não se atentaram ao fato de haver construído a sucá colada na parede dos escritórios do serviço secreto – GPU.
No começo tomaram cuidado e o ambiente permaneceu silencioso, mas depois a vodka fez seu efeito e o espírito da festa tomou conta deles então... tudo virou festa! A cantoria ficou mais alta até que de repente, começaram a dançar e realmente se alegrar! Então se sentaram já sem fôlego para terminar sua parca refeição.
De repente ouviu-se uma batida na porta! Não parecia apenas alguém passando por ali bêbado... Eles ficaram sóbrios instantaneamente como se um balde de água gelado tivesse caído sobre suas cabeças.
Não havia como escapar ou para onde correr ou inventar histórias. Os comunistas no Turquistão eram muçulmanos cruéis que conheciam as festas judaicas. Gotas de suor frio escorreram pela testa dos rabinos e seus corações bateram forte de pavor… estavam no fim!
Eles abriram a porta e lá estava o proprietário do prédio, um homem simpático chamado Ibrahim.
“Saudações!” Ele falou em Russo, “Boas Festas!”
Eles responderam tentando não demonstrar medo.
“Karim também está lhes dando saudações”, Ibrahim continuou.
Agora eles não conseguiram mais se conter... Karim era o cunhado de Ibrahim, o carcereiro da cidade, que tinha a reputação de sádico sanguinário e capaz de atos de crueldade sem fim. Provavelmente Ibrahim estava brincando com eles sadicamente antes de matá-los... mas eles estavam por ter uma grande surpresa.
Ibrahim continuou e disse que Karim tinha ouvido eles cantando e dançando da janela de seu escritório então foi até ele. “Sabe o que ele me falou?”, Ibrahim perguntou e disse qual foi o comentário de Karim, apontando para a cabana deles, fez: “Tenho inveja desses judeus... veja como eles são. Eles vivem com medo a cada segundo. Eles sabem que os odiamos e que a qualquer instante podemos levá-los embora e matá-los por qualquer razão mínima. E o que eles fazem? Eles dançam e cantam!
“Eu sei que é sua festa! Mas não é por isso que estão felizes. Nós também temos festas! Mas jamais ficamos felizes assim! Ficamos felizes apenas quando nos vingamos de algo... mas nunca assim. Eles estão felizes porque são judeus. E quando vejo eles dançando apesar do medo, tenho inveja deles.”
Ibrahim acrescentou que Karim gostaria de vir lhes desejar boas festas, mas sabia que iria lhes amedrontar até a alma, então havia lhe enviado no lugar dele.
Isso explica nossa pergunta. Os judeus não são pessoas normais. De fato eles foram ‘escolhidos’ pelo Criador para ensinar a toda a humanidade como melhorar e mudar tudo de ‘normal’ para ‘acima do normal’; e revelar o Criador a toda a criação.
Foi isso o que Karim descobriu na nossa história e o que Yaacov está tentando dizer para o Faraó. Yaacov foi o primeiro judeu a se chamar ‘Israel’ e tinha a missão de trazer a redenção imediata. Quando Faraó lhe fez uma pergunta simples, ele respondeu num modo bem judaico e fora do comum.
‘Poucos’ anos de vida porque um judeu vive eternamente como será revelado na Ressurreição dos Mortos. E ‘horríveis’ porque todo momento em que Mashiach ainda não tiver chegado e fazer com que todo o mundo reconheça o Criador e sua Torá, é pura dor e sofrimento. É isso o que a Torá está tentando dizer não temos como ficar contentes e satisfeitos enquanto Mashiach e a Redenção Completa ainda não tiverem chegado.
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