A Gravidade do Crime de Assassinato

D’us ordenou a Moshê: "Separe três arê miclat (Cidades de refúgio) a leste do Rio Jordão. Depois que Benê Yisrael cruzar o Jordão, Yehoshua deverá separar outras três em Erets Yisrael."

"Se um judeu matar outro sem intenção, acidentalmentem, deverá correr em direção de uma ir miclat, cidade de refúgio. Em seguida, os juízes do Sanhedrin o levam a julgamento e determinam se ele matou intencionalmente (Bemezid) ou por engano (Beshogueg). Se decidirem que o assassinato foi cometido deliberadamente, o assassino não pode retornar a cidade-refúgio. É condenado à morte pelo Bet Din (desde que tenha sido advertido e duas pessoas tenham testemunhado o assassinato)".

"Entretanto, se os juízes decidirem que o assassinato ocorreu por acidente – por exemplo, a pessoa estava cortando madeira e o ferro do machado voou e matou um circunstante – eles o mandam de volta a ir miclat. Apenas lá ele estará a salvo do goel hadam. O goel hadam (o redentor do sangue) é o parente mais próximo da vítima. Ele tem o direiro de matar o assassino em qualquer local, fora de um ir miclat, mas jamais dentro do ir miclat."

Por que a Torá permite que o goel hadam mate um assassino?

Para entender esta parte, vejamos o que a Torá nos diz sobre o pecado de assassinato.

A seriedade de se destruir uma vida

De todos os pecados que um ser humano pode cometer contra o próximo, a Torá considera o assassinato o pior de todos. Muitas falhas cometidas contra o próximo podem ser corrigidas. Se uma pessoa insulta outra, pode se desculpar; se roubou alguma coisa, pode devolvê-la ou pagar por ela. Mas se tirou a vida de alguém, jamais poderá restituí-la. Além disso, muito provavelmente a vítima teria tido filhos. Agora todas estas gerações não poderão nascer. Assim, é como se o assassino tivesse matado todas estas pessoas porque as impediu de vir a este mundo.

Quando Cayin assassinou seu irmão Hevel, D’us o repreendeu, dizendo: "O sangue de seu irmão e o sangue de todos os filhos que ele poderia ter clamam por Mim da terra!" "O sangue da vítima" clama" por D’us e lhe pede: "Castigue o assassino!"

Mesmo se alguém foi morto por engano, seu sangue clama a D’us e exige punição. Se o assassino tivesse sido uma pessoa justa, D’us não permitiria que este ato acontecesse através dele. Por isso, o goel hadam tem o direito de puni-lo.

Entretanto, como matou sem intenção, o assassino pode escapar a uma cidade-refúgio e lá ficar a salvo do goel hadam. Seu castigo é que deve deixar seu lar e ficar em local novo e estranho. Esta punição expia o seu pecado.

Por quanto tempo alguém que matou por acidente deveria permanecer na cidade-refúgio? O assassino deveria permanecer até a morte do Cohen Gadol vigente. Então poderia retornar para casa.

O que tem o Cohen Gadol a ver com isso?

É dever do Cohen Gadol rezar regularmente para que nenhuma tragédia se abata sobre Benê Yisrael. Se suas orações tivessem sido perfeitas, um assassinato não deveria ter ocorrido. O fato de que um assassinato ocorreu durante seu tempo, mostra que o cohen gadol é de certa forma responsável.

A morte do Cohen Gadol expiava o assassinato cometido.

Nossos sábios nos dizem que os assassinos em uma cidade-refúgio dificilmente poderiam esperar que o Cohen Gadol morresse para que pudessem voltar para casa.
Preocupados de que os assassinos poderiam rezar pedindo a morte de seus filhos, as mães de todos os cohanim guedolim faziam a ronda nas cidades-refúgio. Serviam-lhes alimentos e bebidas, esperando que os refugiados se sentissem confortáveis. Queriam que eles apreciassem a estadia no ir miclat, e não que rezassem pedindo a morte do cohen gadol!

A Torá adverte o Bet Din: "Não aceitem dinheiro de um assassino não-intencional para deixá-lo voltar para casa! Ele deve permanecer no ir miclat até que o Cohen Gadol faleça."

O Bet Din também é advertido: "Nunca aceite dinheiro de alguém que assassinou intencionalmente para poupá-lo da pena de morte!"

Assim que Moshê ouviu a ordem de D’us, separou três cidades-refúgio a leste do Jordão.