Ao final da Porção da Torá da semana passada, aprendemos sobre as mulheres medianitas que tentaram seduzir os homens judeus a adorar Ba'al Peor, um abominável ídolo pagão. A estratégia para seduzir os homens surtiu efeito e já provocara a morte de 24.000 pessoas por uma peste divinamente enviada. A história tem seu clímax quando Zimri, um príncipe da tribo de Shimeon, é flagrado tendo relações pecaminosas com Kazbi, uma princesa Medianita, bem no meio do acampamento israelita. Pinechas, o neto de Aharon, reage tomando de uma lança e golpeando os dois parceiros pecadores, pondo um fim à praga.

E assim iniciamos a porção desta semana da Torá, que recebe o nome de Pinechas por seu ato destemido. Aqui lemos sobre a recompensa de D'us a Pinechas - uma bênção de paz e eterno sacerdócio. Estranhamente, embora esta discussão ocupe apenas parte de uma curta seção da Porção da Torá, mesmo assim a porção inteira recebe o nome de Pinechas. Não somente isso, se a porção da Torá tem de receber o nome de uma pessoa, aparentemente faz mais sentido incluir todo o episódio de Pinechas - de seu ato heróico até a recompensa de D'us - tudo em uma porção. Por que seu ato corajoso foi discutido na semana passada na Parashá Balac e sua recompensa descrita esta semana na Parashá Pinechas?

Talvez, a divisão da Torá do episódio em duas porções seja uma tentativa de ensinar-nos uma lição. Pinechas matou Zimri por uma razão e apenas por uma razão - ele sabia que era a coisa certa a fazer. Alguém tinha que tomar uma atitude e impedir que as mulheres medianitas causassem a morte de toda a nação judaica. A ação de Pinechas foi motivada no mais alto nível. Pinechas não agiu por auto-gratificação. Não o fez porque desejava que uma Porção da Torá recebesse seu nome. Ele o fez apenas pela santificação do nome de D'us e Seu povo. Ao separar a ação de Pinechas de sua recompensa, a Torá está nos ensinando que Pinechas não previu, ou mesmo se preocupou, em receber uma recompensa de D'us. Sua ação foi realizada por si, por seu próprio mérito.

Quantas vezes achamo-nos fazendo algo não porque é a coisa certa a se fazer, mas porque desejamos receber algum tipo de recompensa? Quantas vezes fazemos algo apenas para destacar nosso ego? O que a Torá está nos ensinando através de Pinechas é que devemos tentar fazer as coisas com mais empenho e simplesmente porque sabemos que isso é o certo. Nossa recompensa virá na hora certa. Não devemos fazer boas ações apenas para ver nosso nome brilhar.