Este é o tipo de evento cuja energia é difícil de descrever em palavras. Vou tentar…

Tive a oportunidade de entrevistar Daniel Weiss diante de mais de 2000 estudantes judeus nos Estados Unidos que participaram do Shabaton anula do Chabad no Campus..

Ele começou com os fatos secos e chocantes, contando ao público que, uma semana após o dia 7 de outubro, sua família foi oficialmente informada de que o pai, Shmulik, havia sido assassinado no kibutz Beeri. Sua mãe, Yehudit, foi sequestrada.

Um mês depois, precisamente no dia do Shloshim (30 dias após a morte do pai), ele foi informado de que encontraram o corpo de sua mãe Yehudit em uma casa em Gaza, perto do hospital Shifa.

Na porção semanal da Torá naquele evento, lemos sobre a morte de Avraham e Sara, e sobre a continuidade da próxima geração. E aqui está um jovem que perdeu ambos pais, falando com a nova geração de judeus da América:

“Meus pais estão próximos de mim mesmo agora”, ele começou. “Eu os sinto em meus ossos. Sou grato a eles, e nosso vínculo não foi interrompido. De certa forma, estamos mais conectados do que nunca.”

Perguntei a ele sobre como lida com o trauma, e ele respondeu:

“Eu nasci duas vezes. Uma vez quando nasci de minha mãe, e outra vez quando fui salvo no dia 7 de outubro no kibutz Beeri. Eu ouvi os terroristas do lado de fora da minha janela, segurei o vidro com as mãos, e senti que a morte estava muito próxima. Minha salvação foi um evento que também trouxe muita liberdade. Desde então, cada momento de vida é um presente. Todas as manhãs eu agradeço: ‘Obrigado, D’eus, por eu estar respirando.’ Desde então, não consigo dizer que a vida é só ruim. A vida é um grande presente. Procuro fazer coisas sagradas que abençoam minha alma e as almas de outros. Essa é a forma como devemos viver.”

Daniel então falou sobre música e criatividade: “Eu toco na dor, e através dela crio algo novo, uma melodia. Dos fatos mais terríveis que me aconteceram, transformo em algo belo e profundo.”

Os estudantes, vindos de mais de 200 campi para o evento anual do Chabad on Campus em Nova York, ouviram cada palavra em silêncio. Para a maioria, era a primeira vez que ouviam um relato direto sobre o dia 7 de outubro. No final da entrevista, pedi a Daniel para cantar, e ele apresentou "Shir LaMa’alot".

Notei os jovens ouvindo, emocionados, às vezes enxugando uma lágrima. Um curto vídeo do momento segue abaixo.

Que seja da vontade Divina que tanto na geração jovem da América quanto na vida do próprio Daniel, se realizem estas palavras dessa melodia antiga e ao mesmo tempo tão atual e pertinente aos nossos dias:

"O Senhor te guardará de todo mal; Ele guardará tua alma. O Senhor guardará tua saída e tua entrada, desde agora e para sempre.”