Quando você encontra alguém que te irrita, você tenta evitá-la a todo custo. Da mesma forma, ficamos longe de lugares que nos dão más vibrações. Esta semana, algo gravemente desafiador aconteceu, que me lembrou deste ponto. Um homem chamado Carlos nos ligou do Sul. Ele havia recebido o Calendário Judaico de Arte Brasileira que imprimimos todos os anos e ficou feliz em finalmente falar com um rabino.
Ele tem 65 anos e passou por momentos difíceis. Sua esposa, há tempo falecida, era sua única companheira, pois eles não tiveram filhos. Sentir-se abandonado e não ter apoio de amigos e familiares no momento mais crítico de sua vida o levou a começar a buscar ajuda. Infelizmente, ele encontrou consolo fora de sua religião. Carlos começou a frequentar os cultos da igreja e realmente gosta das pessoas e do ambiente. Ao terminar sua introdução, ele compartilhou que, embora sua esposa não era judia, ele é.
Este senhor sente uma grande dívida com a igreja por sua gentileza em seu momento de necessidade e está pensando em se converter. Como ele se sentia desconectado da comunidade judaica local e vê nosso calendário todo mês, sentiu um certo vínculo. Poderia eu aconselhá-lo sobre o que fazer?
Imagino que qualquer conversa com ele, enquanto continuar sua amizade com a igreja, será inútil. Ele provavelmente pularia de um lado para o outro, como uma bola de pingue-pongue. Eu precisava afastá-lo da igreja, e só então poderíamos começar a responder suas dúvidas e ter empatia com seus sentimentos ruins em relação ao judaísmo.
Todo o incidente me lembrou de uma cena em que um homem está no meio de uma batalha e, de repente, é baleado. O homem ferido não pode parar para cuidar de seus ferimentos até que esteja longe do alcance do inimigo. Somente a distância permitirá autoajuda e tratamento adequados.
No entanto, só nos conhecíamos por meio de um calendário. Precisávamos falar mais e criar uma conexão melhor para que ele cancelasse sua ideia de conversão. Eu tinha que mostrar a ele amor e consideração. O estigma que ele tinha em relação à comunidade judaica precisava ser mudado. Convidei-o a conversar novamente na semana que vem, e para ele adiar quaisquer decisões importantes até depois de Rosh Hashana. Afinal, um novo ano, um novo calendário, pode trazer mudança em uma direção mais feliz.
Que o próximo ano guie ele e a todos nós na direção certa.
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