Você já se perguntou o que faz um homem e uma mulher casarem-se? Afinal, casamento não é brincadeira! Com ele, vem a responsabilidade de prover sustento, educar filhos, dedicação ao cônjuge... Qual é a força de atração que supera todos os empecilhos?

Para o judaísmo, o amor é muito mais que um encontro de corpos e mentes: é um verdadeiro encontro de almas. A alma, ao descer ao mundo, é dividida em duas metades - uma fica com o homem, outra com a mulher. No período do nascimento ao casamento, as duas partes encontram-se em casas separadas, e muitas vezes em sociedades e países diferentes. No momento predestinado, elas encontram-se. Nosso trabalho é fazer com que encaixem-se perfeitamente.

Existem duas conexões entre um homem e uma mulher casados.

A primeira, uma ligação material, pela qual são ligados todos os casais do mundo. Viver sob o mesmo teto, compartilhar tarefas e vida conjugal. Neste ponto de vista, sempre haverão duas unidades - dois corpos separados, com pensamentos particulares e emoções peculiares. Mesmo num casamento "super bonder" de paz e amor, será sempre possível reconhecer que, apesar de inseparáveis, existem ali dois indivíduos.

Porém, o casamento é fruto de uma ligação muito mais profunda e essencial. Debaixo da chupá (pálio nupcial), duas metades fundem-se em uma alma só. No campo espiritual, não se reconhece que existem ali duas pessoas separadas. O casamento não é uma sociedade entre duas pessoas. É a união ao pé da letra.

A consciência da ligação interna no casamento é o melhor caminho para assegurar uma vida de paz e serenidade no lar. Uma ligação apenas material dá abertura a cálculos pessoais, referentes às expectativas e aos desejos de cada lado. Porém, tendo em mente que meu cônjuge é metade de minha alma, não se pode nem chegar a pensar numa vida individual, assim como ninguém abriria mão de uma parte de seu corpo. Eu sou sua alma, ele/ela é minha alma, somos duas metades... enfim, somos um.

Se o casamento é algo tão espiritual e profundo, porque é, então, que os casamentos são comemorados com tanta dança e música? Mais do que isto, existe uma mitsvá especial de alegrar o noivo e a noiva desta forma, e neste dia é servida uma refeição festiva! Não seriam estas formas muito mundanas para a celebração de algo tão transcendental?

A resposta é: são formas mundanas, sim, e é justamente por isso que as utilizamos. Neste mundo, espiritualidade não deve ser desconectada de materialidade. Tanto, que a união sublime das almas somente ocorre quando o noivo põe o anel no dedo da noiva sob a chupá. Não é somente a alma que deve estar alegre por ter se completado para o resto da vida. O corpo também participa desta alegria, na sua maneira de se fazer alegre - através de música, dança e alimentos saborosos.

Na próxima vez que for a um casamento, ou refletir sobre sua própria vida matrimonial, lembre-se que esta não é somente uma ligação entre duas pessoas. É a conexão entre dois mundos: o material e o espiritual. E a interseção entre eles forma um dois mais importantes núcleos do judaísmo: o lar judaico.