O divórcio nunca é algo que as pessoas anseiam. Mas quando se torna necessário, a Torá fornece diretrizes claras de como deve ser feito. Continue lendo para descobrir 10 fatos sobre o divórcio no judaísmo.
1. É Uma Mitsvá
Surpreendentemente, o divórcio é uma das 613 mitsvot registradas na Parashá Ki Teitzei. 1 Mas, diferentemente de mitsvot como Shabat, tefilin e cashrut, que buscamos cumprir, não há nenhuma obrigatoriedade de divórcio em circunstâncias normais. Em vez disso, caso um casal precise se divorciar, deve fazê-lo por meio de um processo específico, conforme descrito na lei judaica.
2. É Feito com um Guet
A lei judaica exige que o divórcio seja realizado por meio de uma carta especial de divórcio chamada guet — uma palavra aramaica que significa "documento". Curiosamente, alguns apontam que as duas letras hebraicas que compõem a palavra guet — guimel e tet — nunca aparecem juntas na Torá. Isso sugere a separação que o guet traz entre marido e mulher. 2
Leia: Divórcio – Guet
3. O Consentimento Deve Ser Mútuo
De acordo com a Torá, é o marido que se divorcia da esposa, concedendo-lhe um guet, e não o contrário. Originalmente, o consentimento dela não era necessário para o divórcio. Isso mudou há aproximadamente 1.000 anos, quando o renomado estudioso da Torá e líder da emergente comunidade Ashkenazi, Rabeinu Guershom (conhecido como "a Luz da Diáspora"), instituiu que um homem não pode se divorciar de sua esposa sem o consentimento dela. 3
4. É Necessário para um Futuro Casamento
Na lei judaica, nem o marido nem a esposa podem se casar novamente até que um get seja concedido. 4 Isso se aplica mesmo que já tenham se divorciado no civil. Casar-se novamente sem um guet pode levar a complicações sérias, especialmente para os filhos nascidos da nova união, que podem ser considerados mamzerim. (Para um excelente romance que retrata essa dura realidade, a autora desta coluna recomenda fortemente "Yesterday's Child", de Ruth Benjamin.)
Leia: Mamzer
5. O Guet é Escrito em Aramaico
O aramaico foi a principal língua falada pelos judeus durante grande parte da nossa história. Além disso, é a língua usada em muitos documentos legais judaicos, incluindo o guet (e a ketubá, o contrato de casamento). Desde os tempos talmúdicos, os rabinos têm refinado cuidadosamente sua fórmula exata, garantindo a precisão de cada palavra.5

Veja: Texto do Guet
6. Um Tribunal Rabínico Supervisiona o Processo
Dar um guet não é simples — é um procedimento complexo com muitas leis detalhadas. Por isso, é feito perante um beit din, um tribunal judaico composto por rabinos qualificados que garantem que tudo seja feito corretamente.
Leia: O Que é Um Beit Din?
7. Há Um Tratado Inteiro Sobre Isso
A lei judaica aborda bastante sobre como um guet é escrito e entregue, e sobre o divórcio em geral. Aliás, há um tratado inteiro do Talmud chamado Guitin, dedicado a esse tópico. Os sábios do Talmud nos lembram que o divórcio nunca deve ser encarado levianamente. O tratado termina com uma declaração reveladora: "Quando alguém se divorcia de sua primeira esposa, até o altar derrama lágrimas por ele."6
8. Agunot São Mulheres “Acorrentadas”
Infelizmente, ao longo da história judaica, houve muitos casos de agunot — mulheres que não conseguiam se casar novamente porque seus maridos desapareciam ou se recusavam a lhes dar um guet. Os rabinos sempre se esforçaram ao máximo para ajudar essas mulheres, seja encontrando provas da morte do marido ou pressionando-o a dar o guet. Infelizmente, esse problema persiste até hoje.
9. Uma Mulher Divorciada Não Pode Casar com um Cohen
Uma vez que uma mulher recebe um guet, ela é livre para se casar com quem quiser — exceto com um Cohen (um homem descendente de Araron, o Sumo Sacerdote). Um Cohen deve seguir certas regras de casamento: ele não pode se casar com uma divorciada, uma convertida e outras pessoas.7
10. Os Profetas usaram o Divórcio Como Metáfora
O relacionamento entre D'us e o povo judeu é frequentemente comparado ao de marido e mulher. O Talmud relata uma conversa entre o profeta Yechezkel e o povo judeu. Quando Yechezkel os incentivou a se arrependerem, eles apontaram que Jerusalém havia acabado de ser conquistada, dizendo: "Se um senhor vendeu sua escrava, ou um marido se divorciou de sua esposa, um pode ter queixas contra o outro?" Mas a resposta de D'us foi: "Onde está a carta de divórcio com a qual mandei embora sua mãe? E quem é o credor a quem eu os vendi?"8 Em outras palavras, D'us nunca se divorciou do povo judeu — nós sempre permaneceremos Seus amados.
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