Em uma ligação de celular:

“Shalom! Eu adoraria se você pudesse me ajudar. Estou tentando dizer isso... mas estou chorando, desculpe. Em toda a minha vida, nunca acendi velas de Shabat, nunca guardei o Shabat. Eu nem tenho velas em minha casa. Estou em casa agora com minha filha e não é seguro sair. Você tem uma maneira de me ajudar, talvez? Para trazer velas para minha casa? Nunca fiz isso na minha vida… estou falando isso e estou chorando…”

"De onde você é?"

“Ashkelon.”

“Envie-me uma mensagem com seu endereço e eu cuidarei disso para você.”

“Ah... você também pode me mandar o texto, o que devo ler ou dizer? Sinceramente... nunca faço essas coisas...”

"Com muito prazer; vou lhe ajudar!


Estou testemunhando um movimento. Um despertar.

Em Israel e no exterior, os judeus que não se sentiam fortemente ligados a Israel ou ao povo judeu, e aqueles que não praticavam mitsvot, sentem-se subitamente atraídos a fazer mais.

À medida que os voluntários entregam os suprimentos tão necessários às linhas de frente, bem como alimentos e doces para animar os nossos soldados, eles são informados de que o que os soldados realmente querem são tefilin e tstsit. Milhares de pares de tefilin foram doados. Dezenas de milhares de mulheres em todo o mundo acabaram de acender velas de Shabat, muitas delas pela primeira vez.

Estudantes da Yeshivá em Beersheva amarram os fios do tsitsit para serem presos a camisetas verdes militares de quatro cantos (parte inferior). Os tsitsit foram solicitados por soldados que se dirigiam para Gaza.
Estudantes da Yeshivá em Beersheva amarram os fios do tsitsit para serem presos a camisetas verdes militares de quatro cantos (parte inferior). Os tsitsit foram solicitados por soldados que se dirigiam para Gaza.

Pessoas que não pisam numa sinagoga há décadas estão agora comparecendo às rezas..

E vamos falar sobre a unidade. Pessoas que há apenas duas semanas não conseguiam concordar religiosa ou politicamente, agora estão se abraçando nas ruas.

Depois de praticarem suas manobras militares e verificarem suas armas, os soldados dançam em suas bases ao som das músicas animadas e alegres de Am Yisrael Chai. Canções de fé, esperança e otimismo. Canções de conexão com D'us e com o povo judeu.

Todos dizem que estão fazendo isso por Israel. Pelos nossos soldados. Pelos reféns.

Ao testemunhar esta enxurrada de pessoas cumprindo mitsvot, clamando para cumprir mitsvot, eu honestamente me pergunto: por quê ? Por que a atrocidade causou este despertar espiritual? Por que o sofrimento cria tal expressão de unidade, e ouso dizer, até mesmo de otimismo?

Com todo o mal que testemunhamos – os atos indescritíveis e hediondos de barbárie – ao longo dos dias agonizantes desde o início desta guerra, seria de pensar que poderia haver um sentimento de desânimo. Preocupação. Temor. Ansiedade. Raiva (sim, até mesmo contra D’us!) E embora, é claro, todas essas emoções sejam normais e justificadas que todos nós estamos experimentando, por trás desses sentimentos, o que está emergindo mais forte do que nunca é a consciência de que somos o povo judeu.

Apesar de tudo o que passamos, estamos e continuamos conectados a D'us, uns aos outros e à nossa terra natal.

Veja bem, em um momento de sofrimento tão terrível, o sofrimento nos comprime até o fundo do nosso ser. Esmaga todas as camadas externas, e o que emerge é a nossa essência.

A alma judaica é composta por cinco partes diferentes, as três inferiores (nefesh, ruach e neshamá) são as dimensões funcional, emocional e intelectual que nos informam e inspiram, esperançosamente de forma regular, a escolher manifestar o nosso melhor e superior eu. Mas os níveis mais elevados da alma (chayá e yechidá) são as faculdades subconscientes e transcendentes com as quais normalmente não temos contato.

Um apelo popular de soldados de todas as origens para que recebessem tsitsit estimulou um programa nacional de produção e distribuição.
Um apelo popular de soldados de todas as origens para que recebessem tsitsit estimulou um programa nacional de produção e distribuição.

Esta parte da alma nem sempre é evidente, mas é o nível mais profundo da nossa essência. Expressa um amor que não depende de nossa proximidade com D'us ou com nossos irmãos judeus, mas é um amor e uma conexão que apesar de qualquer distância, está sempre presente.

O que estamos testemunhando agora é a alma judaica gritando: “D' us, quero me conectar com você!”

As coisas triviais que estavam consumindo tanto da minha energia acabaram de ser esmagadas. A cortina foi aberta e a fachada da nossa realidade desmoronou. Todas aquelas coisas que pareciam prioritárias eram na verdade uma distração da essência de quem eu sou.

Então, eu cumpro uma mitsvá extra, porque D'us, Tu és a única verdade eterna.

Eu me conecto com meus colegas judeus, porque não importa o quanto discutamos ou discordemos, somos um. Sei disso não porque o tenha lido ou estudado, não porque possa expressá-lo em palavras, mas porque minha alma entende intuitivamente.

E mesmo enquanto minhas lágrimas fluem e meu coração dói, uma força e uma alegria profundas estão aparecendo. Sinto-me otimista sabendo que somos o Povo de D'us. Nós somos o Povo sobre o qual a Torá escreveu durante milhares de anos – com tudo o que há de bom e de mau. Nós somos as orações que foram escritas através do nosso sangue e lágrimas. Essas orações antigas estão gravadas em nossos corações e almas, e soam estranhamente como se tivessem sido escritas na semana passada.

Porque neste momento, no fundo, sentimos - não, nós sabemos ! - com certeza, que somos o povo que D'us prometeu que terá sucesso em transformar o mal e a depravação deste mundo para inaugurar a maior luz, moralidade e paz, para toda a humanidade.

Uma campanha global para encorajar as mulheres a acenderem velas de Shabat esta semana em solidariedade a Israel está em andamento usando a hashtag #LightForIsrael. - Foto de arquivo cortesia de Chabad no Campus
Uma campanha global para encorajar as mulheres a acenderem velas de Shabat esta semana em solidariedade a Israel está em andamento usando a hashtag #LightForIsrael.
Foto de arquivo cortesia de Chabad no Campus

Então, por que estou assumindo uma mitsvá extra? Por que estamos nos unindo aos nossos companheiros judeus? E por que nos juntamos ao canto e à dança alegres dos nossos soldados na linha de frente enquanto as lágrimas escorrem pelo nosso rosto? Por que?

Como fomos espremidos nas profundezas do nosso ser, todas as externalidades foram obliteradas, e o que está emergindo é uma clareza incomparável: somos o povo de D'us e Ele está aqui conosco.

Nós não apenas acreditamos nisso. Nós sabemos disso.

É quem somos.