“O cohen deve ordenar que a casa seja esvaziada, antes que ele mesmo venha inspecionar a lesão, de modo que nada venha a se tornar impuro na casa.” (Vayikrá 14:36).

A Parashá descreve sobre a impureza de tzaraát, “doença espiritual”, e a condição sobrenatural de manchas que apareciam na pele do corpo, nas roupas, ou nas paredes da casa de alguém. A lei de impureza se aplicava na casa, somente após o sacerdote vir e ver a lesão e ordenasse que a casa fosse colocada em quarentena

Uma casa praguejada com tzaraát permanecia pura e não transmitia impureza a nenhum dos seus objetos (mesas, cadeiras, utensílios e comidas), até que um cohen examinasse a casa e declarasse que ela estava impura. A Torá nos diz que o cohen adiava seu exame, dando tempo para esvaziar a casa de seus conteúdos, antes da sua chegada, para assim poupar esses conteúdos de contrair impureza.

Rashi observa que, mesmo se os conteúdos da casa se tornassem impuros, a perda do proprietário seria insignificante. Pois, as roupas, bem como os utensílios de metal e de madeira, poderiam ser purificados, imergindo-os num mikve. Se fosse pela comida e bebida, elas poderiam ser ingeridas pela pessoa que estivesse impura também. Portanto, a preocupação da Torá era apenas por utensílios de barro, que não poderiam ser purificados, uma vez que o dano seria permanente, se eles se tornassem impuros.

Com isso, vemos a preciosidade de todo judeu aos olhos de D'us. O lar da pessoa era afligido com tzaraát, como um castigo pela sua prática perversa de conversa – lashon hará, maledicência, ou “fala indesejável” (Rambam, Hilchot tzaraát 16:10). Mas apesar disso, a Torá ordenava atrasar o exame da casa da pessoa com tzaraát, possibilitando a ela esvaziar a casa, a fim de poder salvar até as mais simples de suas posses pessoais, de serem arruinadas (os utensílios de barro).

Pois não importa quão baixo um judeu caia, e quão impuro esteja, ele, como tudo associado com ele (até seus pertences mundanos), permanecem para sempre preciosos e queridos aos olhos de D'us.

Portanto, devemos aprender do comportamento divino, que não devemos medir esforços na hora de ajudar e aproximar um judeu que caiu espiritualmente e, principalmente, sofreu perdas em assuntos materiais.

Likutei Sichot vol.37 págs. 37-41