Querida Rachel,
Minha família está bem incomodada com as mudanças que estou fazendo em meus esforços para me tornar mais religiosa. Eles não entendem por que eu não os acompanham mais em nosso restaurante favorito, por que é tão importante para mim usar roupas mais discretas ou por que não vou de carro com eles visitar minha tia Marsha no sábado. Eles pensam que as leis são estúpidas e que me separam deles. E às vezes, acho que eles estão certos!
Eu me sinto tão sozinha e isso me faz questionar sobre a jornada que estou empreendendo. Mas eu quero fazer as coisas de acordo com a Torá. O que eles chamam de "arcaico”, eu vejo como sabedoria atemporal. Minha jornada seria muito mais fácil se minha família aceitasse melhor minhas escolhas e fosse mais respeitosa e compreensiva. Como posso prosseguir nisso?
Resposta:
Entendo perfeitamente você e lamento que esteja passando por isso. Sua jornada já é difícil, sem ser ridicularizada. É muito mais difícil quando os outros estão reagindo de forma negativa.
E sinto muito que você esteja se sentindo sozinha. Saiba que você realmente não está só. Muitos de nós também fizeram jornadas semelhantes com nossa parcela de dificuldades e solidão. Entendemos que D'us está bem ali conosco, e ainda neste plano físico, não podemos necessariamente sentir o apoio ou ouvir as respostas em cada um desses momentos difíceis. Para cada comentário maldoso ou sarcástico que escutamos,nós sofremos.
Então, vamos devagar. Aqui estão algumas sugestões:
1. Você não é o rabino de sua família e amigos.
Você não precisa explicar cada lei ou ensinamento da Torá para sua família; esse não é o seu trabalho. Embora você possa explicar brevemente o que faz e por que o faz, não é sua responsabilidade convencê-los de nada. Seu esforço é para tentar manter uma conexão amorosa, apesar das mudanças que você está fazendo. Não sei qual tem sido seu relacionamento com sua família até agora. Normalmente, os mesmos padrões que existiam antes também estarão lá depois que você se tornar observante.
2. Torne-se o mais independente possível
Você pode trabalhar, ganhar dinheiro e não morar na casa de sua família se eles não cumprirem a cashrut e cumprirem as mitsvot como você? Ou se você precisa morar em casa, você pode pagar pela sua própria comida e necessidades?
Tente não depender de sua família para sustento. Eles também têm limites e, se não entendem o que você está fazendo, também não precisam apoiá-lo financeiramente ou mesmo emocionalmente. Claro, nós adoraríamos, mas isso não é um requisito de um membro da família.
Tratá-lo com gentileza e respeito sim é uma exigência - assim como fariam com um estranho - mas apoiá-lo financeira ou emocionalmente não é. Por mais doloroso que seja, eles não precisam entender você. Seu rabino ou rebetsin ou amigos e comunidade que compartilham de sua jornada irão entendê-lo. Passe algum tempo desenvolvendo esses relacionamentos (até mesmo conectar-se on-line o ajudará a se sentir apoiado e compreendido).
3. Verifique sua energia; como você está aparecendo?
As pessoas podem sentir nossa energia. Se você estiver se sentindo insegura e na defensiva, sua família perceberá isso. Se você está confiante no que está fazendo e acreditando, eles sentirão essa energia emanando de você.
Você está sendo muito crítico consigo mesma? Quanto mais gentil você for, mais gentile oa outrostratarão você. Está mal-humorada? É intransigente? Ou você está sendo indiferente ou julgadora?
Se você está julgando os outros - “Eles não são religiosos o suficiente”, “Eles não estão fazendo o que deveriam fazer” e até mesmo, “Eles deveriam me entender” - isso será logo percebido. As pessoas respondem à energia por trás de suas palavras, não necessariamente às próprias palavras. Fale com seus mentores, rabinos, ou peça a ajuda de um coach seguro para guiá-la nesta transição para que você possa ser o mais respeitosa possível consigo mesmo e com os outros.
4. Estabeleça limites para manter sua saúde mental e emocional.
Se você está sendo gentil e sua família está sendo crítica, pressionadora e rude (provavelmente padrões de antes de você empreender esta jornada), você pode estar sentindo vergonha, mágoa, tristeza e raiva. Essa raiva pode ser fruto ao você perceber que há uma “violação de limite” acontecendo e é muito importante avaliar o estabelecimento de limites saudáveis. Não é certo ser tratado com desdém. É aqui que você pode praticar falar por si mesmo, distanciando-se quando necessário e tratando a si mesmo com o respeito e a gentileza que merece.
Também é importante compartilhar apenas o que seja seguro para você. Sua vulnerabilidade é muito importante. Se os membros da família têm o padrão anterior de pisotear nessa preciosidade, então é inteligente parar de compartilhar seus pensamentos e sentimentos. Isso é estabelecer limites para você mesmo: tenha interações respeitosas, mas não compartilhe seu interior mais profundo.
Se você não mora com sua família, pode demonstrar consideração telefonando t ou fazendo visitas breves. E mesmo que você more com eles, interaja com sabedoria. Passe o tempo concentrando-se neles e em seu bem-estar. Você não precisa compartilhar o que está fazendo ou aprendendo.
Ao estabelecer limites, você evitará ressentimentos e conflitos e também assumirá a responsabilidade por sua vida. Você precisa de energia para abraçar este novo caminho de uma vida de Torá, bem como energia para seus esforços criativos. Ter limites permite que você diga sim às coisas belas na jornada de sua alma.
Se os membros da sua família são do tipo (e você já deve saber disso, já que cresceu com eles) que é possível manter conversas abertas, faça isso usando “eu” em suas declarações. Por exemplo, você poderia dizer: “Eu me sinto incompreendida, e isso faz sentido, considerando que estou trilhando um caminho diferente do que costumava fazer. Talvez haja medo e preocupação de sua parte. Eu amo você e estou sendo o mais cautelosa possível em minha jornada. Eu adoraria estar perto de você durante este período de transição. O que eu preciso é de amor, bondade e aceitação enquanto eu estou fazendo minhas escolhas e decisões, por mais excêntricas que sejam para os outros. Também tentarei ser gentil e respeitosa com você, embora eu não opte por fazer algumas das coisas que costumava fazer, como comer alimentos não casher ou dirigir no Shabat. ”
5. Celebre você!
Você está em uma jornada incrivelmente corajosa, deixando um passado familiar e entrando no desconhecido. Encare suas mudanças como, “Essa sou eu!”
A vida com Torá é linda - aquela em que você escolhe cuidar e alimentar a sua alma. Bom para você!
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