“Estes são os descendentes de Yaacov”. (Bereshit 37:1)
A Torá dedica muitos capítulos à história de nossos sagrados antepassados. Quando se trata da história de Essav, porém, a Torá coloca apenas um capítulo, após o qual a atenção retorna para Yaacov. Rashi explica:
A Torá descreve apenas brevemente Essav e seus descendentes, pois esses não eram nem destacados nem importantes o suficiente para elaborar sobre eles… Descreve em detalhe Yaacov e seus descendentes, e todos os eventos que ocorreram com eles, pois sua importância perante D'us autoriza mergulhar neles em profundidade… Isso pode ser comparado a uma pérola que cai na areia: uma pessoa procura na areia e usa uma peneira até que encontra a pérola. Ao encontrá-la, ele joga fora os pedregulhos de sua mão e guarda a pérola (Rashi sobre Bereshit 37:1).
A parábola de Rashi sobre uma pessoa procurando uma pérola perdida na areia também alude à tarefa do povo judeu nos países aonde foram exilados: peneirar através das ”instalações de Essav.” A procura pela pérola simboliza nossa missão para encontrar a santidade – o significado Divino e o potencial – ocultos dentro do mundo mundano com o qual estamos engajados.
Isso explica por que Rashi inclui um detalhe na parábola que parece um tanto supérfluo. Para ilustrar que a coisa ao redor é de pequeno valor em comparação ao objeto do desejo de quem procura, por que foi necessário dizer que ao encontrar a pérola a pessoa “joga fora os pedregulhos”? É evidente que quando alguém tem uma pérola nas mãos, perde todo o interesse nos pedregulhos e na areia onde estava tentando encontrar!
Ao mencionar este detalhe, porém, Rashi nos ensina que “atirar fora os pedregulhos” é uma parte crucial da nossa missão no exílio. Para elevar (e ser elevado) pelas centelhas da Divindade encontradas no mundo material, devemos assegurar que aquilo que apela a nós não é “os pedregulhos” – a fisicalidade na qual aquelas centelhas estão escondidas. Ao contrário, seremos atraídos ao mundo material com o intuito de revelar seu bem perdido e oculto. Somente após lançarmos qualquer interesse pessoal nas “instalações de Essav” poderemos com sucesso extrair e nos beneficiar das “pérolas”, a riqueza espiritual ali oculta.
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