Por que o mundo fica tão hipnotizado por casamentos? O que exatamente é que captura tão avidamente a imaginação? Esperamos com grande expectativa, nos vestimos bem, nos emocionamos na cerimônia e, mesmo para os convidados muitas vezes pode ser uma experiência romântica. Uma mulher que conheço comparece a todos os casamentos que realizo em minha sinagoga – seja ela convidada ou não! Ela está sempre lá na galeria, assistindo e apreciando.

Parte disso, acredito, é que os jovens, noiva e noivo, começando algo novo trazem um sentimento de nova esperança. Especialmente para veteranos casados que podem ter se tornado um pouco sérios e talvez até mesmo cansados, isso representa um novo começo, uma nova oportunidade, e uma chance de fazer tudo certo. O amor florescerá novamente e a esperança será eterna mais uma vez. Talvez estejamos esperançosos de nos re-inspirarmos nós mesmos.

O problema é que os contos de fadas estão em livros, filmes e talvez de vez em quando no Palácio de Buckingham. Mas no mundo real não apenas chegamos ao pôr do sol e vivemos felizes para sempre. O amor é uma palavra de quatro letras que traz outra em seguida, T-R-A-B-A-L-H-O! Sem trabalho, até o amor mais ardente não pode sobreviver. O casamento é apenas o início de uma longa jornada de aprendizado para comunicar, compreender, respeitar e nutrir nosso cônjuge.

Temos até de aprender como lutar! Não importa há quantos anos um casal esteja se firmando, seria melhor eles terem frequentado um curso de preparação para o casamento antes de se casar. Além de melhorar as habilidades de comunicação, eles também aprenderão sobre resolução de conflitos. Em qualquer parceria, o conflito de um tipo ou de outro é inevitável. E existe uma maneira certa e uma maneira errada de lutar.

Estou muito orgulhoso dos programas de preparação para o casamento que desenvolvemos para noivas e noivos hoje em nossa própria comunidade. Tem ajudado muitos casais a entenderem melhor a si próprios e a seus parceiros. Também lhes ensinou que o aconselhamento é uma opção importante a ser considerada caso surjam problemas durante o casamento. Nem sempre foi assim. Gerações de novos casais, eu mesmo incluído, foram apenas “jogados no fundo” – sem aulas de natação. Alguns aprenderam, outros engoliram muita água, e infelizmente, muitos se afogaram.

Nunca esquecerei de uma cerimônia de casamento que realizei quando o noivo era o homem mais “piegas” que jamais conheci. Ele estava simplesmente desfalecendo sobre sua noiva. Fiquei realmente preocupado que ele fosse literalmente desmaiar sob a chupá. A certa altura durante a cerimônia, enquanto o coro estava cantando, o fotógrafo se aproximou e sussurrou para mim: “Olhe só para ele, Rabino. Você nunca terá problemas com esse aí.”

Bem, o que devo dizer a você? Menos de um ano depois, este mesmo noivo “desmaiado” por sua noiva teve um caso com a melhor amiga de sua esposa. Tanto para o amor romântico sozinho como uma receita para longevidade conjugal!

Lembro-me de um casal que certa vez me procurou devido a problemas no seu casamento. Perguntei há quanto tempo estavam casados. Dezoito anos. Perguntei há quanto tempo estavam tendo problemas. Dezoito anos. Perguntei o que tinham feito a respeito. Eles disseram que simplesmente continuaram tentando. Eu disse que era como um sujeito dirigindo na estrada que escuta um barulho na traseira do carro, mas está determinado a chegar ao seu destino, portanto continua dirigindo. O barulho fica mais alto, mas ele continua dirigindo. Ora, certamente, a simples lógica sugere que ele deveria realmente parar o carro, descer, e ver o que está acontecendo. E se o pneu furou, é melhor consertar antes de danificar a roda, o chassi, etc.

No casamento também, às vezes precisamos parar para consertar o problema. E se não podemos fazer isso nós mesmos, devemos procurar alguém qualificado para nos ajudar. Continuar tentando por conta própria, sem intervenção profissional, é o mesmo que o sujeito que continua dirigindo com o pneu furado. Não vai chegar a lugar nenhum.

Muitos homens têm essa atitude machista quando se trata de aconselhamento. “Não sou louco. Não vou a nenhum psiquiatra! Você quer ir? Então vá!”

Obviamente, esta é uma fórmula para o fracasso. E a feliz verdade é que muitos casamentos difíceis foram salvos (e transformados em relacionamentos lindos e duradouros) graças a um longo período de aconselhamento com um terapeuta de confiança.

Claro, o amor é natural. Mas a vida também. A vida nem sempre funciona no piloto automático. Problemas e questões inesperadas surgem regularmente na vida, e o casamento faz parte da vida. A vida exige trabalho, e assim também o casamento. Mas quando estamos dispostos a trabalhar, pode funcionar muito bem de fato.