Diariamente agradeço a D’us nas tradicionais bênçãos matinais, por Ele ter me criado conforme Sua vontade – mulher, mulher judia e mulher observante de Torá e Mitsvot.
O Talmud afirma(Brachot 17 a): “A confiança que o Santo, Bendito seja Ele, colocou nas mulheres é maior do que aquela que colocou nos homens.” Ser digna de Sua confiança é o que sempre peço a Hashem.
Na minha juventude me criei em Crown Heights, no Brooklyn, no bairro do Grande Rebe e Tsadic, o Lubavitcher Rebe, de abençoada memória. Tive o privilégio de participar das audiências especialmente dirigidas para milhares de mulheres, quando o Rebe nos transmitia ideias elevadas da Torá. “A mulher é o alicerce do lar e de todo o mundo judaico”, enfatizava o Rebe.
Quando, como mulheres, buscamos realização espiritual, temos que lembrar que Hashem é a fonte de todo valor e a nossa vida adquire valor apenas através de nosso relacionamento com Ele. A medida que homens e mulheres abrem mão de reivindicações individuais de valor e procuram assumir sua missão e desenvolver o relacionamento especial que a Fonte de todo valor lhes entregou poderão se elevar e encontrar verdadeira satisfação espiritual.
Homens e mulheres foram criados à imagem de D’us, cada um com seus próprios talentos e personalidade. Cada um, sozinho, está incompleto. A perfeição da personalidade humana ocorre quando homem e mulher agem em harmonia, como uma unidade, cada um realizando suas tarefas únicas.
No judaísmo enquanto o homem é o “ministro do exterior”, a mulher é a “ministra do interior”, cuidando para que nosso povo se fortaleça e permaneça unido. A missão que Hashem entregou à mulher judia é de salvaguardar a santidade de nosso povo. Os preceitos mais sublimes que afetam o próprio âmago de nossa nação, estes, Hashem confiou às mulheres.
É nossa a responsabilidade e privilégio do acendimento das velas de Shabat e YomTov, anunciando o dia santificado com todas as suas energias espirituais, do cuidado como a Cashrut dos alimentos, a ingestão dos quais diretamente influenciam o nosso caráter, e da Pureza do Lar, um preceito sublime que na sua importância se compara a qualquer um dos seguintes preceitos mais conhecidos; Yom Kipur, Brit Milá ou a proibição de comer Chamêts em Pêssach.
Não vamos nos enganar. Ser alicerce de um lar e consequentemente de toda a vida judaica não é uma tarefa fácil. Criar um ambiente no lar onde prevaleça o amor a Hashem, à Torá e ao próximo, é uma tarefa colossal que exige muita perspicácia, firmeza, devoção e criatividade entre outras qualidades. Abrange desde a escolha da decoração do quarto do bebê, às canções de ninar, até a seleção do material de leitura e filmes que os adolescentes e os adultos lêem ou assistem. Envolve assegurar que cada aposento da casa tenha uma mezuzá no seu umbral e que tenha livros sagrados para estudo e oração. Inclui incentivar o hábito de recitar o Modé Ani ao acordar, em agradecimento a um novo dia, as bênçãos anteriores e posteriores aos alimentos, e o Shemá Yisrael antes de deitar à noite. Abraça a transmissão de valores, como o respeito aos pais, a prática da caridade (tsedacá), hospitalidade e honestidade.
A lei judaica determinou que a mulher ficasse isenta da observância de certos preceitos restritos a horários específicos por causa de suas obrigações primordiais. Ainda assim são poucos dos 248 preceitos positivos de nossa Torá, aqueles que a mulher não precisa cumprir, enquanto os 365 mandamentos negativos se aplicam igualmente a ela. Hoje, mais do que nunca, quando a mulher participa ativamente da cultura, espaço social e profissional, se faz necessário o aprofundamento no estudo da Torá e a compreensão de quão magnífico e completo é o seu papel, conforme nossa tradição.
As mulheres conhecedoras de Torá e Halachá, na teoria e na prática, não se sentem em desvantagem ao entrar na Sinagoga onde a nossa tradição determinou que é o homem que é chamado à Torá e participa de um minyan, recitando fo Cadish, etc. Elas sentem orgulho de ver seus maridos e filhos cumprindo com seus deveres religiosos e respeitam o momento e o espaço deles. A hora da oração é sagrada demais para ser dissipada com conversas e distrações mundanas e elas são preparadas para acompanhar todas as tefilot e a leitura da Torá, cientes na presença de Quem estão e nem um pouco preocupadas ao lado de quem estão sentadas ou a quantos metros de distância estão da Arca Sagrada.
Pode interessar aos leitores saber que existe uma lei judaica que determina que na eventualidade de uma comunidade não ter um mikvê, o banho ritual necessário para a observância da Pureza Familiar, e carece de fundos para sua construção, ela deve vender sua sinagoga e até mesmo o rolo da Torá para poder viabilizar esta obra. Os homens podem ficar sem suas aliyot e seus rituais na sinagoga, mas não podemos arriscar perder a continuidade da pureza de nossas famílias. Assegurando este preceito teremos certeza de deixar uma prole que valorizará muito o judaísmo, construirá muitas sinagogas e fará possível a doação de muitos Sifrei Torot.
“A bênção repousa no lar de um homem somente por causa de sua mulher.” (Bava Metsia 59a). O sagrado livro do Zohar declara que ao acender as velas de Shabat a mulher atrai a bênçãos de saúde para sua família, ao cuidar da mitsvá de Chalá, uma parte das leis de Cashrut, ela atrai a bênção do sustento e ao cumprir a mitsvá da Pureza Familiar, ela atrai a bênção para seus filhos.
O sábio Rei Salomão disse (Provérbios 14:1): “Toda mulher sábia edifica sua casa”. Que Hashem nos permita cumprir a nossa verdadeira vocação com saúde e genuína alegria no coração. O futuro do judaísmo depende disso!
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