Por Yehuda Shurpin

O Significado de Shiv'at Haminim

Ao descrever a extraordinária beleza e singularidade da Terra de Israel, a Escritura nos diz: "Pois o Senhor teu D’us está te trazendo para uma boa terra, uma terra com ribeiros de água. . . Uma terra de trigo e cevada, [uvas] videiras e figos e romãs, uma terra de azeitonas e mel [de tâmaras]. 1

Este não é apenas um verso florido. Essas sete espécies estão especificamente ligadas à Terra de Israel, e na verdade há uma mitsvá para levar o primeiro desses frutos ao Templo Sagrado em Jerusalém. E há uma bênção especial que é recitada após comer um desses frutos.2

Israel produz muitas outras frutas.  O que é tão significativo sobre estas sete espécies?

Há várias explicações. Em um nível básico, esses frutos são únicos, pois fornecem os nutrientes necessários para o sustento.3 Alguns comentaristas acrescentam que a Terra de Israel é o único lugar onde todas essas espécies tão diversas crescem naturalmente e bem próximas.4

Os Sete Atributos

Os cabalistas explicam que há um significado muito mais profundo para esses frutos. Cada um corresponde a uma das sete sefirot (atributos emotivos Divinos): 5

  • Trigo: Chesed-Bondade
  • Cevada: Guevurá-Severidade
  • Uvas: Tiferet-Harmonia
  • Figos: Netzach-Perseverança
  • Romãs: Hod-Humildade
  • Azeitonas: Yesod-Fundação
  • Tâmaras: Malchut-Realeza

 

Toda alma possui todas as sete destas sefirot. Mas para cada pessoa, um desses traços é mais dominante, moldando o caminho único da alma individual para D'us. Assim, esses sete frutos correspondem a nossa dedicação a D'us com nossos atributos pessoais, bem como com todos os sete modos gerais de serviço Divino.

Bênçãos para Toda a Vegetação

Os místicos explicam que, assim como as bênçãos Divinas para o mundo inteiro fluem através da Terra de Israel, também a energia divina e as bênçãos para todas as espécies que crescem fluem através dessas sete espécies especiais de frutas com que a terra de Israel é abençoada.6

O Rebe de Lubavitcher dá uma visão profunda das sete espécies e sua relação com o Ano Novo das Árvores em 15 de Shevat:

Em geral, as sete espécies podem ser divididas em dois tipos: 1) grãos; e 2) frutos das árvores. Os grãos são necessários para o sustento. Os frutos, por outro lado, não são necessários, mas acrescentam prazer à vida. Os dois são importantes, e, portanto, ambos estão incluídos na bênção sobre a terra de Israel.

Em um sentido espiritual, o "Israel" de nossa alma também contém esses dois elementos; necessidade e prazer. No dia 15 de Shevat, o Ano Novo das Árvores, costumamos comer de todas as sete espécies, mas comemoramos os cinco frutos que crescem nas árvores (prazer) ainda mais do que os grãos (necessidade).

A lição para nós é que mesmo quando uma pessoa está nos estágios iniciais de crescimento espiritual (ou seja, o nível das árvores e de todas as coisas em crescimento), ela já deve ter o objetivo de servir a D'us "com todo o seu poder", o que inclui os atributos abrangentes de desejo e prazer. Pois o serviço de um judeu a D'us não pode ser puramente mecânico ou intelectual. Somente quando o serviço a D'us é verdadeiramente prazeroso pode ser verdadeiramente completo.

O Ano Novo das Árvores nos ensina que, desde o início, devemos servir a D'us com todos os sete atributos Divinos. Todas as manhãs, ao iniciarmos nosso dia, devemos servir a D'us não de forma rotineira e necessária, mas com renovado prazer - dando nosso máximo, com todos os atributos que possuímos.7