Pela Graça de D'us
13 de Iyar, 5730 (19 de maio de 1970)
Saudações e Bênção:
Fiquei contente ao saber das atividades para o próximo e auspicioso dia de Lag Baômer. Que seja a vontade de D'us que tudo corra com sucesso, e “sucesso” neste caso significa que essas atividades irão estimular em cada um de vocês poderes adicionais e vitalidade para seguirem em frente com o estudo de Torá, Torat Chaim, o “guia” na vida diária, uma vida digna de ser vivida; o tipo de estudo que leva à ação, ou seja, o cumprimento das mitsvot pelas quais o judeu vive.
A história de Lag Baômer, como é relatada na Guemará, é bem conhecida. Nossos Sábios nos dizem que os discípulos de Rabi Akiva foram assolados por uma peste porque não foram respeitosos uns com os outros. Mas no trigésimo terceiro dia de Sefirá - Lag Baômer – a peste cessou.
Como no caso de todas as histórias da Torá, que são também parte da Torá, significando “instrução”, a história dos alunos de Rabi Akiva contém uma lição para cada um de nós, especialmente estudante, meninos e meninas. Para começar: Como a Guemará atesta que eles eram “discípulos de Rabi Akiva”, fica claro que eles mereciam este título. Isso significa que eles eram dedicados à Torá e mitsvot com devoção, diligência e Mesirat Nefesh (auto-sacrifício), como o grande Tanna e elogiado Sábio os tinha ensinado.
A sua falta de respeito uns com os outros não deve ter sido devida a questões triviais, mas sim motivada pelo alto nível espiritual como “discípulos de Rabi Akiva”.
A explicação da sua conduta é encontrada no dito dos nossos Sábios, de abençoada memória, que as pessoas geralmente têm mentes e conceitos diferentes. Cada indivíduo portanto tem a própria abordagem ao servir a D'us, estudar Torá e cumprir as mitsvot com “Hiddur”. Por exemplo, uma pessoa pode fazer isto basicamente por amor a D'us, e outra fazer por temor a D'us, uma terceira por um senso de completa obediência e submissão à Vontade de D'us, e assim por diante, embora na prática, todas elas, é claro, observam completa e meticulosamente a Torá e mitsvot na vida diária.
Ora, sendo discípulos de Rabi Akiva, eles certamente eram “homens da verdade”. Que serviam a D'us com total sinceridade e devoção, que permeava todo seu ser. Assim, parecia a cada um deles que sua abordagem particular era a correta, e todo aquele que não tinha atingido este nível estava carente em perfeição. Além disso, sendo discípulos de Rabi Akiva, que ensinava “Ama teu próximo judeu como a ti mesmo – este é o grande princípio da Torá,” eles não estavam contentes pessoalmente para incrementar na própria maneira de servir a D'us, mas desejavam partilhar isso com os amigos e tentavam influenciá-los a seguir seu caminho. Vendo que os outros estavam relutantes em aceitar sua particular abordagem, eles não podiam respeitá-los da maneira que se esperava dos discípulos de Rabi Akiva.
Tendo em vista o acima, podemos ver que a história de Lag Baômer na Guemará nos ensina qual deveria ser a conduta de todo e cada um de nós, e a instrução é tripla:
a – Servir a D'us, estudar a Torá e cumprir as mitsvot, tanto as mitsvot entre um homem e outro, quanto as mitsvot entre o homem e D'us, devem ser aperfeiçoados com verdadeira inspiração e vitalidade, que permeiam o todo da pessoa e sua conduta diária.
b – O acima inclui, obviamente, a grande mitsvá de amar o próximo judeu como a si mesmo, que também deve ser cumprida com a maior vitaldiade e de maneira plena.
c - Juntamente com o acima, a pessoa deve olhar com bondade e respeito para todo judeu, que é plenamente comprometido com Torá e mitsvot, mas difere somente na maneira de rezar, seja por amor, seja por reverência etc.
Uma instrução mais completa sobre o acima é que mesmo se alguém encontrar um judeu que ainda não atingiu o nível adequado de serviço Divino, mesmo assim deve abordá-lo com respeito e afeição, segundo o ensinamento de nossos Sábios: “Julgue toda pessoa favoravelmente”. É necessário ter em mente que a pessoa que carece de comprometimento com Yidishkeit talvez não seja responsável, e que simplesmente possa não ter tido a oportunidade de receber a educação judaica adequada. Pelo contrário, num caso assim, deve-se ter ainda mais pena da pessoa, e é necessário fazer o maior esforço para ajudá-la a se aproximar do Yidshkeit, e fazê-lo com amor, respeito e de maneira agradável.
Que o grande Tanna Rabi Shimon ben Yochai, que considerava Lag Baômer como seu dia de júbilo pessoal, seja um exemplo e inspiração a todos nós. Pois ele disse que estava preparado para dar todos seus méritos para salvar o mundo inteiro do julgamento (Sucá 45 b). Em outras palavras, ele estava preparado para doar-se completamente a uma pessoa que não tivesse méritos próprios, a quem ele jamais encontrara, e que talvez estivesse no outro lado do mundo. Muito mais então alguém deveria estar pronto a dar de si mesmo em benefício dos entes próximos e de todos os amigos.
Que D'us abençoe todo e cada um de vocês, em meio a todo o nosso povo Israel, para que vivam e ajam de acordo com o espírito de Lag Baômer, como foi mencionado acima, e que o façam com a maior Ahavat Yisrael, com júbilo e alegria no coração, e que se esforcem cada vez mais em todos os seus empreendimentos, para apressar a concretização das palavras do Sidra da semana (Lag Baômer): “Quebrarei as barras do teu jugo (no exílio) e te elevarei” – em cumprimento da verdadeira e completa Gueulá, através do nosso justo Mashiach.
Com bênção para sucesso e boas realizações no acima mencionado,
Assinatura do Rebe
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