De acordo com o judaísmo, a vida é extremamente preciosa e sagrada, portanto não se pode tratar questões de vida e morte de forma leviana. D’us estabelece claramente na Torá: “ Portanto, escolha a vida” (Devarim 30:19). Embora possuimos o poder de fazer uma escolha, D’us nos ordena a escolher a vida no lugar da morte.

Por esse motivo, o judaísmo proibe atos que resultem em “morte merisicordiosa” ou que concebam “o direito de acabar com a vida." Até o momento da morte natural , cada segundo que a alma habita o corpo é de um valor inestimável – não apenas para o corpo, mas para o povo judeu e para o mundo como um todo.

O simples fato de que a alma e o corpo ainda estão juntos é motivo suficiente para sustentar essa união por todos os meios possíveis, independentemente da suposta “qualidade de vida”. (se é que alguém pode realmente definir o que é ‘qualidade de vida’) da pessoa. Pois a vida é de infinito, e não relativo valor, e matematicamente qualquer fração do infinito é infinito.

Além disso, o Talmud afima que uma pessoa pode adquirir toda a sua porção no Mundo Vindouro em um único instante por pensamentos de arrependimento. Ninguém pode negar a uma pessoa essa oportunidade.

Nas mãos de D’us

Nós encontramos uma expressão em textos judaicos que, mesmo que “uma espada paira sobre o pescoço de uma pessoa” e a morte parece certa, ainda assim ela não deve entrar em desespero. Pois da mesma forma que sabe que D’us criou o mundo e sustenta a vida nele, é preciso também saber que D’us pode intervir e anular o que parece ser um destino certo.

Colocando de outra maneira, se D’us não deseja que estejamos vivos nesse exato instante, nós imediatamente deixaríamos de existir. Esse fato por si só já demonstra que Ele quer que vivamos. Se nós (ou nossos entes queridos) não podemos ver uma razão para permanecer vivo, isso não significa que D’us não o deseja. D’us está sempre no controle e isso deve nos fornecer uma grande força, coragem e conforto .

Numa Encruzilhada

Quando decisões devem ser tomadas a cerca de cuidados consigo próprio ou de um ente querido, todos os envolvidos estão geralmente motivados pela preocupação com o paciente e o desejo de fazer a coisa certa.

Na maioria das vezes, é mais fácil dizer do que fazer. Quem pode afirmar o que é verdadeiramente correto fazer? Quem somos nós para tomar uma atitude que pode se tornar irreversível? Como judeus, temos a sorte de possuir a Torá. Ela serve como luz condutora que nos ilumina e orienta pra todas as questões da vida.

Conforme mencionado anteriormente, a Torá enfatiza a obrigação de todos de prolongar a vida. Além de muitas outras razões, durante estes momentos extras, a alma ainda pode fazer teshuvá, alcançar o verdadeiro arrependimento e alcançar o cumprimento de sua missão – uma oportunidade que se perde no momento em que a alma deixa esse mundo.

Quando tomadas de decisões afetam a vida de uma pessoa, deve-se levar em consideração as necessidades da alma, bem como as do corpo. É fundamental consultar um rabino especializado nessa área da lei judaica. Isto irá garantir que tudo o que é feito está de acordo com a Torá. Dessa forma a pessoa estará em paz sabendo que fez o que é certo de acordo com D’us para o seu ente querido.

A Vida Sempre Vale a Pena Ser Vivida

Cada momento em que a alma está no corpo é extremamente valioso. Podemos não entender o que isso significa em nossos termos, mas uma coisa é certa: “qualidade” deve ser medida por mais do que aquilo que vemos ou somos capazes de compreender. E, para isso, devemos voltar para a Torá e à orientação rabínica.

A Torá ensina que as almas vêm à Terra para muitas finalidades. Pode ser que o destino de uma alma é para provocar certas respostas de nossa parte, para nos ensinar sobre o sentido da vida e do amor, ou para nos ajudar a nos relacionar com a essência da pessoa, e não com seu aspecto físico. Se formos bem sucedidos em aprender a lição, então a alma completou a sua missão e é recompensada por isso. Se falharmos em responder com sensibilidade e respeito ao valor incondicional da vida dessa pessoa, não apenas negamos a sua alma realização espiritual e recompensa, mas também estaremos negando uma pequena parcela de nossa própria realização.

Eu Sou o Guardião da Minha Vida

Quando D’us confere vida a uma pessoa, essa se torna o guardião que deve cuidar de seu “dom da vida”. De acordo com o judaísmo, não somos donos de nosso corpo e alma, nem somos livres para acabar com a vida quando desejarmos. Vida e morte sempre foram e permanecerão sendo o reino de D’us e do Tribunal Celestial.

Portanto, se alguém tira sua própria vida, D’us não o permita, ele é responsável pelo assassinato, mesmo de si mesmo. Esse ato é tão grave que a Torá proibe definitivamente que aquele que cometeu suicídio seja enterrado em um cemitério judaico ou ser lamentado por sua família.

Gerenciando dor e sofrimento

A Torá é tanto compaixão quanto compreensão. Ela reconhece que há momentos em que uma pessoa doente está sofrendo terrivelmente. Nesses casos, a lei judaica distingue ebtra ação e a falta de ação. De acordo com a leida Torá, todos os envolvidos nos cuidados com o paciente devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para preservar e prolongar a vida. No caso de doentes terminais, para os quais não há cura conhecida ou possível, e que sentem extrema dor e desconforto, a Torá permite que se deixe a natureza “seguir seu curso”. Mas jamais deixando de fornecer comida, água ou oxigênio. Pois seria o mesmo que cometer assassinato ou suicídio.

Em qualquer situação, é imperativo consultar um rabino especializado nessa área da lei judaica, antes de tomar qualquer decisão por si mesmo ou para a pessoa sob seus cuidados.

Fazendo um Testamento emVida

Atualmente é sensata a ideia de deixar claro a parentes e médicos, e a Lei Judaica orienta a agir dessa forma, de sua equipe de assistência médica que você pode tornar-se incapaz.

Além de obter a paz de espírito, tendo em mãos um documento legal, isto poupará seus entes queridos e a equipe médica do estresse e incerteza de questionar seus legítimos desejos. A maioria das jurisdições reconhecerá esse documento, “Desejo em Vida”, devidamente escrito e assinato."

É recomendável você consultar um rabino competente e um procurador e advogado especializado em herança que sejam de sua total confiança ao elaborar o documento garantindo sua validade jurídica e haláchica.