Chanucá Hoje à Noite!

Hoje, à noite, iniciaremos o cumprimento da preciosa Mitsvá do acendimento das velas de Chanucá. Como hoje em dia a maioria das pessoas mora em prédios com muitos andares, é óbvio que o melhor lugar para se colocar a Chanukiá é bem próximo à janela que dá para a rua, de uma forma que permita a visão das velas tanto para os transeuntes quanto para os moradores do apartamento. Quem preferir, pode acender a Chanukiá na porta de casa, no hall do elevador ou das escadas.

Com relação ao horário do acendimento, o costume é acender as velas no Tset Hacochavim (“Saída das Estrelas” – cerca de vinte minutos após o pôr do sol).

Deve-se primeiramente rezar a Tefilá Arvit (Oração Noturna) e em seguida acender as velas da Chanukiá. Deve-se cuidar para que as velas permaneçam acesas por no mínimo meia hora, sendo o ideal que durem duas horas acesas, aumentando a divulgação do milagre de Chanucá.

[O costume Chabad é acender as velas no lado oposto à mezuzá, na porta principal da casa.]


Bençãos das Velas de Chanucá

Para lembrar o famoso milagre de Chanucá, os nossos Sábios fixaram o acendimento das velas da Chanukiá por oito dias, ao cair da noite. A Berachá (bênção) que deve ser recitada é “(...) Asher Kideshanu Bemitsvotav Vetsivanu Lehadlik Ner Shel Chanucá”. Esta é uma mitsvá obrigatória também para as mulheres, pois elas estão relacionadas diretamente ao milagre.

Todos são obrigados a cumprir esta importantíssima mitsvá, até os mais pobres, que devem, se necessário, pedir Tsedacá ou vender algum bem para comprar as velas de Chanucá. Neste caso extremo, porém, uma vela por dia – o mínimo determinado pela Halachá – basta para cumprir a mitsvá.

Acender 36 velas ao longo dos oito dias representa cumprir a mitsvá de forma aprimorada, um procedimento consagrado por gerações.


Quem deve acender a Chanukiá?

Com relação ao número de velas que se deve acender a cada noite, há diferentes opiniões na Halachá, mas citaremos aqui somente a halachá prática.

O costume dos ashkenazim é que cada membro da família deve acender a sua Chanukiá, recitando a Berachá (bênção) sobre o seu acendimento individual, acrescentando uma vela a cada dia, até acender 8 velas na noite do oitavo dia. De acordo com este costume, as crianças que chegaram à idade escolar devem acender da forma citada acima; já as mulheres casadas não acendem uma Chanukiá própria porque cumprem a obrigação por meio do acendimento de seus maridos.

Para os sefaradim, basta um membro da casa acender uma só Chanukiá, recitando a Berachá e isentando todos os demais da obrigação, em todos os dias de Chanucá; acrescentando igualmente uma vela a cada dia, até acender 8 velas na noite do oitavo dia. Para ambos os costumes – ashkenazi ou sefaradi – todos os que devem cumprir a mitsvá devem estar presentes e participar do acendimento, respondendo Amén após as Berachot.

[o costume Chabad é que os homens da casa acendem sua própria chanukiá]


Halel Completo em Chanucá

Os nossos Sábios fixaram que se deve recitar o “Halel Shalem” (Halel Completo) – com as Berachot (bênçãos) de abertura e de encerramento todos os dias de Chanucá. As mulheres estão isentas de recitar este Halel, por ser uma mitsvá que depende do tempo e, como sabemos, as mulheres estão em geral isentas de mitsvot que estão ligadas a um determinado tempo para serem cumpridas.

Há uma diferença de costumes entre os sefaradim e os ashkenazim com relação a uma mulher que queira recitar esse Halel de Chanucá. As mulheres sefaradiot não devem recitar a Berachá inicial, pois, para os sefaradim, como as mulheres estão isentas de recitar esse Halel, não devem dizer a expressão “vetsivanu” (“e nos ordenou”), contida nesta Berachá.

Já as mulheres ashkenaziot podem recitar esta Berachá normalmente, pois os ashkenazim consideram a expressão “vetsivanu” como uma ordem a todo povo de Israel e não uma expressão de âmbito particular.


Até quando podemos acender as velas?

Ontem, vimos que é preciso acender as velas de Chanucá logo após o Tset Hacochavim (“Saída das Estrelas” – cerca de vinte minutos após o pôr do sol). Porém, quem não consegue chegar a sua casa até este horário, deve acender as velas mais tarde, tentando, porém, não ultrapassar as 21h.

Nos casos em que o pai de família – a quem recai a obrigação primordial do acendimento – se atrasar no retorno do trabalho, há ponderações haláchicas sobre a possibilidade de esperar a sua chegada ou de a família acender as velas no horário correto sem ele.

A Halachá tende a prestigiar a presença do pai e o acendimento após a sua chegada. De qualquer forma, em qualquer circunstância, deve-se procurar não ultrapassar as 21h.


Velas de Chanucá com Lâmpadas Elétricas?

Pergunta:
É permitido cumprir a mitsvá de acendimento das velas de Chanucá por meio de lâmpadas elétricas?

Resposta:
Em termos haláchicos, como não possui azeite nem pavio, uma lâmpada elétrica não é considerada uma “vela”. Além disso, como muitas das lâmpadas possuem uma luz muito intensa, alguns Poskim (rabinos legisladores) afirmam que ela deve ser considerada como uma tocha, não sendo adequada para a mitsvá – como opina a maioria dos Poskim.

Como o objetivo desta mitsvá é rememorar o famoso milagre que ocorreu na época do Segundo Templo – quando os Chashmonaim encontraram somente um pote de azeite lacrado com o selo de pureza dos cohanim, que forneceu azeite para acender as velas da Menorá do templo por oito dias –, as velas de Chanucá devem ser semelhantes às velas da Menorá para que se cumpra a obrigação do acendimento instituído pelos nossos Sábios. Entretanto, quem não possui velas e não tem condições de consegui-las, deve acender a chanukiá com lâmpadas elétricas, para pelo menos lembrar do milagre.


Refeição Festiva em Chanucá

Pelo fato de os dias de Chanucá serem dias de alegria e gratidão, em memória da vitória espiritual sobre os gregos e seus decretos de proibição do estudo da Torá, as determinações para a lembrança desses dias são espirituais. Assim, os Sábios não fixaram que se cumprisse mitsvot mais materiais, como a Seudat Mitsvá (refeição festiva obrigatória) em Purim, por exemplo, quando a vitória sobre os inimigos de Israel foi contra uma ameaça física, de extermínio.

Apesar de não ser obrigatório, é um excelente costume promover mais refeições festivas nos dias de Chanucá, para que haja mais alegria pela salvação e redenção dos judeus por D’us naqueles dias. Deve-se também aumentar o número de prédicas de Torá, as canções e louvores, durante tais refeições, fazendo-as ter um caráter de Seudot Mitsvá.


Velas de Chanucá na véspera do Shabat

Sexta-feira, véspera de Shabat, devemos acender as velas de Chanucá em um horário diferente dos demais dias. Como é preciso acender as velas de Chanucá após o pôr-do-sol normalmente, mas na sexta-feira isso é proibido, o acendimento das velas de Chanucá precede as velas de Shabat. Assim, o costume é acender as velas de Chanucá antes das velas de Shabat devendo-se utilizar velas suficientemente grandes, ou quantidade suficiente de óleo, para que as chamas permaneçam acesas até depois do aparecimento das estrelas.

Deve-se também rezar a Tefilat Minchá (Oração Vespertina), com Minian, antes do acendimento das velas de Chanucá, pois esta Minchá é uma mitsvá de sexta-feira e as velas já pertencem ao dia seguinte: Shabat Kodesh.


Último dia de Chanucá

Dia 2 de Tevet será o oitavo e último dia de Chanucá. Os nossos Sábios chamaram este dia de “Zot Chanucá”, com base nas palavras da leitura da Torá do 8º dia: “Zot Chanucát Hamishcan” (“Esta é a inauguração do Tabernáculo”).

Nos livros cabalísticos consta que os dias de Chanucá são uma continuação direta dos Yamim Noraim (“Dias Temíveis” – Rosh Hashaná e Yom Kipur), e quem não fez Teshuvá (arrependimento e conserto) durante os mesmos, pode ainda requerer e conseguir que seu processo de Teshuvá seja aceito até o dia de “Zot Chanucá”.

O Arizal Hakadosh compara os primeiros sete dias de Chanucá com os primeiros sete princípios de misericórdia Divina, entre os 13 Princípios (י"ג מידות) que constam na Torá, e compara o oitavo dia com os demais princípios do mesmo grupo. A força espiritual deste dia está oculta no fato de o número 7 representar a natureza e o número 8 representar o sobrenatural para o Judaísmo [símbolo do infinito na horizontal]. Portanto, é muito importante rezar neste dia e fazer pedidos pessoais, pois podem ocorrer manifestações sobrenaturais – ou seja, milagres – neste dia.