Nossa sociedade muitas vezes degrada a cooperação; presumindo que seja o domínio do incompetente, um sinal de fraqueza. Incorporar o modo de agir dos outros significa ter de conformar-se com eles e suas ideias. Assim, somos ensinados a pedir ajuda somente quando estamos desesperados, caso contrário devemos fazer tudo por nós mesmos.
Até quando as pessoas formam parcerias, geralmente não é porque valorizam a colaboração pela própria colaboração, mas porque esperam aproveitar uma parte para si mesmas, algo que não teriam conseguido sozinhas. Foi isso que levou Hewlett até Packard, Sears até Roebuck e Peanut Butter até Jelly.
Infelizmente, muitos casais e amigos operam suas vidas nesse modelo comercial, vendo o cônjuge ou o amigo como um colaborador “útil”, valorizado por aquilo que ele ou ela “traz para a mesa”. A tragédia é exposta quando o cônjuge ou o amigo param de fazer o trabalho, e são direcionados a um modelo mais eficiente.
A Torá vê a colaboração como um sinal de receber D'us na vida da pessoa. Trabalhar junto com outros é fundamentalmente bom. D'us nos criou para sermos Seus parceiros no cumprimento de Seu plano mestre. D'us não é fraco ou incapaz, mas Ele nos oferece o presente da cooperação, a chance de vivenciar a capacidade unicamente humana de me colocar ao lado de algo maior que apenas eu, sem medo de que fazer isso vai me expor à exploração.
Quando nos esquecemos de D'us, enxergamos o mundo como uma fonte infinita, um bolo com um número definido de fatias; cada pedaço que você pega sai da minha carteira. Seguir um modelo desses significa que eu trabalho com você apenas se isso vai me enriquecer; o supremo “o que há para mim nisso aí?” De modo contrário, quando me vejo como parceiro de D'us, vejo Sua infinita fartura, o modelo de abundância significa que nada perco ao partilhar; o ganho de outro não é minha perda.
Hakhel é a incorporação dessa ideia. Pessoas de variadas idades, capacidades, esperanças e aspirações se reúnem com um único objetivo: honrar o Rei dos reis. Poderia parecer insultante pedir-me para ficar ombro a ombro com alguém; por que não posso simplesmente servir a D'us por mim mesmo, recitar minhas próprias preces e seguir em frente? Por que devo me congregar com outros?
Hakhel ilustra a beleza de estarmos juntos, reunidos em honra a algo mais que eu mesmo. Hakhel diz: “Tudo bem confiar; você não vai ser ofendido.” Hakhel coloca todos juntos; o erudito e a criança se juntam como se fossem um só. Eles colocaram suas agendas pessoais de lado, submetendo-se a honrar a D'us, e portanto estão enriquecidos. O ato de todas as pessoas, independentemente de realizações, se reunirem, é a milagrosa beleza de Hakhel.
Assim como D'us entra em parceria conosco, nós também entramos em parceria com o outro em afirmação da presença de D'us em nossas vidas. Estamos juntos nisso, podemos confiar um no outro e os outros podem confiar em nós.
Isso é bom. Na verdade, isso é Divino.
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