“Esta foi a experiência de nascimento mais singular pela qual você já passou?”

Eu queria responder na afirmativa para o novo pai, mas não teria sido verdade. Todo nascimento que atendo, sou uma parteira, é uma experiência única e realmente um milagre, mas este, mais do que os outros, ensinou-me uma lição valiosa.

Sara me procurou na noite anterior. Faltava um dia para ela completar 42 semanas, e o médico informara a ela que se não entrasse em trabalho de parto no dia seguinte, seria induzida. Era seu terceiro filho, e ela nunca tinha passado por isso antes.

Fiz nela uma massagem e reflexologia. Ela saiu sentindo-se calma e relaxada, e não fiquei surpresa na manhã seguinte quando ela ligou para dizer que seu corpo reagira naturalmente e ela estava em trabalho de parto.

Às três da tarde, as contrações ficaram fortes e mais próximas. Encontramo-nos no hospital. Ela já estava em trabalho ativo, e eu entendia que como esse já era seu terceiro parto e os dois anteriores tinham sido rápidos, ela sem dúvida daria à luz nas próximas horas.

Eu estava errada! Sara ficou em trabalho por mais nove horas, um total de dezenove horas!

A cada contração, eu sabia que Sara tinha feito progresso, mas era um progresso lento. Ela fazia tudo lindamente, conectada ao nascimento. Mudava de posições, e entrava e saía do chuveiro. Usamos fisioterapia, ervas, massagem, reflexologia. O batimento cardíaco, graças a D'us, nunca diminuiu. Para mim, parecia um longo tempo, mas com certeza era assim para ela também, mas pelo menos havia movimento.

Finalmente, chegou a hora do bebê nascer. Sussurrei em seu ouvido: “Você pode fazer isso. Não tão depressa, não tão difícil, deixe D'us tirar o bebê de dentro de você.” Ele o fez. O bebê saiu gentilmente, saudável e chorando, embora o cordão umbilical estivesse enrolado no seu pescoço.

O que aprendi com esses milagres?

O nascimento em si não foi um milagre - foi o processo lento e firme. Talvez se o parto tivesse sido rápido como os anteriores, o cordão tivesse puxado o pescoço do bebê. Talvez a lenta descida do bebê permitiu que ele saísse sadio e respirando, mesmo com o cordão dando duas voltas no pescoço. A progressão lenta mas constante foi a própria salvação.

Cada um de nós está crescendo através dos próprios desafios difíceis. Na verdade, quem no mundo não está sofrendo? Mas se pelo menos pudéssemos entender que os desafios por si mesmos trazem a salvação, que o processo lento, a espera, a demora, o trabalho em si é a redenção.