S ão muitos os exemplos na tradição judaica mencionando o poder da prece da mulher. Rachel, Miriam, Dvora – cada uma delas é lembrada até hoje pelo seu impulso feminino de implorer ou dar graças a D’us. Naturalmente, isso nos vem à mente quando lemos sobre Mulheres do Muro e seu ativismo ao rezar no Muro Ocidental remanescente do Templo Sagrado em Jerusalém, em maneiras que causam comoção.
Apesar de os patriarcas do povo judeu – Avraham, Yitschac e Yaacov – fossem a inspiração para as tradicionais três preces diárias, não foram eles, mas sim uma mulher humilde, sofrida, desconhecida na época, que os sábios talmúdicos escolheram para aprender como estabelecer as leis da prece, especialmente no que diz respeito à Amidá, a mais sagrada das nossas preces diárias.
Certamente havia algo sobre a qualidade da prece de Chana, a humildade e a sinceridade de suas palavras exortando D’us a responder aos seus anseios mais profundos, que tornou sua tefilá tão eficaz a ponto de tornar-se um modelo não apenas para as mulheres, mas também para os homens, sobre como devemos nos comportar durante a prece.
O Talmud nos mostra: “Rav Himnuna disse: ‘quantas leis importantes podemos derivar dos versículos que falam sobre Chana’. ‘Ela falava em seu coração’, com isso sabemos que se deve rezar com intenção. ‘Somente seus lábios se moviam’, daqui sabemos que a pessoa deve formar as palavras claramente com seus lábios. ‘Sua voz não era ouvida’, daqui sabemos que de ve-se rezar silenciosamente…” (Bav li, Berachot 31a).
Embora pela Lei Judaica as mulheres sejam isentas de cumprir mitsvot ligadas a um determinado horário, a mitsvá da tefila também aplica-se a elas. No decorrer dos tempos, nas comunidades judaicas as mulheres sempre adotaram a prece como sua própria mitsvá, rezando com integridade, atentas ao poder da prece que brota do coração com kavaná (intenção) descompromissada.
É verdade que vivemos numa época em que quanto mais alto melhor e que chamar a atenção é uma virtude.
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